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Resultado das Eleições do Paraguai

Resultado das Eleições do Paraguai

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The podcast discusses the recent presidential elections in Paraguay and the surprising victory of Santiago Pena from the Partido Colorado. The podcast explores the dominance of the Partido Colorado in Paraguayan politics and the historical context of the country, including the long dictatorship of Alfredo Stroessner. It also highlights the lack of a strong opposition and the challenges faced by the Paraguayan people in terms of civil, political, and social rights. The podcast concludes by acknowledging that democracy in Paraguay is still a work in progress, as many rights are not fully guaranteed and there is a lack of power alternation. Fala, galera. Bem-vindo mais uma vez ao podcast Politicando. Eu sou o Marlon, estudante de Ciências Políticas da ONU. Esse podcast é feito pra você que, assim como nós, se interessa por política e está em busca de aprender. No último podcast falamos um pouco sobre eleições presidenciais da Argentina e do Paraguai. Hoje vamos analisar o resultado das eleições do Paraguai. No dia 30 de abril, o Paraguai elegeu o novo presidente da República. Contrariando as pesquisas que apontavam Efraim Alegre na frente, com 38,1% dos votos. Santiago Pena, que estava em segundo lugar, com 36,4% das intenções de votos, foi eleito com 42,74%, segundo o site Reuno. Santiago Pena Penha é do Partido Colorado e assumirá o cargo no dia 15 de agosto de 2023, em um mandato de cinco anos. O Partido Colorado domina a política paraguaia desde a década de 1950. E nessas eleições, em meio aos escândalos de corrupção, o partido parecia ter sua popularidade embaixo, como mostravam as pesquisas. Mas não foi o que mostrou o resultado das eleições. Diante desses resultados, vamos analisar o sufragio, a democracia e os principais partidos políticos do Paraguai. E também como eles contribuem para os direitos civis, políticos e sociais no país. E pra me ajudar nessa análise, foram convidadas duas aspirantes a cientistas políticas, estudantes do curso de graduação e relações internacionais da ONU-EMORES. Mas antes de apresentá-las, roda a vinheta. Para algumas pessoas, foi surpreendente o resultado das eleições do Paraguai, que elegeu Santiago Penha, o novo presidente. Já que as pesquisas apontavam seu adversário Hefaim Alegre, do PL, à frente. Alguns especialistas consideram a derrota de Santi Pena era provável, devido aos escândalos e corrupções envolvendo o Partido Colorado. Para analisar o contexto político do Paraguai, convidamos a Kellen para trazer uma luz para podermos entender o porquê do Partido Colorado ser tão forte no Paraguai. Além de contar um pouco sobre a história da democracia no Paraguai. Ei Marmo, obrigada pelo convite. Bom, o que aconteceu no Paraguai, apesar da surpresa do resultado ter contrariado as pesquisas, do meu ponto de vista, na verdade, não tem nada de muito novo, não. O Partido Colorado domina o cenário político há décadas. Como você bem citou na sua introdução, algumas pessoas acreditavam que o partido estivesse enfraquecido pelos escândalos de corrupção e principalmente diante das sanções que os Estados Unidos aplicaram contra o ex-presidente e principal financiador do Partido Colorado, Horácio Castro. Mas o que se vê é que essas sanções trouxeram um clima de plebiscito entre opositores e apoiadores de Horácio. Porque trouxe o assunto a público, trouxe o assunto à tona, em momentos de campanha e em tempos de internet, o debate pode tomar proporções maiores do que a gente imagina. E eu acho que, nesse caso, acabou influenciando no resultado das eleições. E qual é a história da democracia do Paraguai? E por que o Partido Colorado é tão forte? Marmo, a democracia no Paraguai é uma das mais recentes, tendo somente 30 anos. Antes de ser uma democracia, o Paraguai viveu um período mais longevo de uma ditadura com o ditador Alfredo Stroessner, 1945 a 1979. E quem foi Stroessner? Uma breve história para os nossos ouvintes. Foi parte ativa na Revolução Pinandí, que foi uma guerra civil de 1947, que é considerado um massacre da classe trabalhadora no Paraguai. Quando assume o poder, o general retira direitos e garantias constitucionais e aí começa um período de dura repressão contra opositores, controle de partidos políticos que não era alinhado com o seu governo. E ele esteve no poder durante oito legislaturas, em processos extremamente fraudulentos, fraudes escancaradas. Por exemplo, em 1967, o general fez uma modificação na Constituição que permitia apenas uma reeleição para presidente. E aí foi modificado em 1977 para permitir a reeleição indefinitivamente. Ele foi líder de uma ditadura extremamente opressora e violenta. Estima-se que entre 3 a 4 mil pessoas tenha sido assassinadas em seu governo por perseguição política, marcada por tortura, sequestro e assassinatos políticos. Mesmo depois da sua queda, seu partido seguiu no governo durante 35 anos e continua até nos dias de hoje. Não houve, assim, uma oposição forte capaz de romper sua hegemonia. É curioso que, mesmo com a transição da ditadura de Stroussner para a democracia, diante de tantos absurdos, o Partido Colorado continua democraticamente sendo eleito para presidente do país. Qual a sua análise, Kenneth? Sim, parece absurdo, Marlon. Acredito que parte disso dá ao fato que, antes da implementação da ditadura, o Paraguai vinha de governos muito instáveis, com um sistema de partido único durante anos, o que gerou a falta de partidos fortes para fazerem a oposição. Além disso, o Partido Colorado é definido como partido conservador de direita. E na oposição do professor da Flasco em Assunção, o Paraguai é um país majoritariamente conservador. E há falta de alternância no poder e, muito menos, uma guinada de oposição, como aconteceu no Brasil, Colômbia e Honduras. Gostaria de trazer a análise de um sociólogo paraguaio, José Carlos Rodrigues. Ele analisa que a oposição é desunida, o que acaba contribuindo para a manutenção do Partido Colorado, que, pelo contrário, se faz sempre de muita união. Na minha análise, para além desses pontos que eu trouxe desses pensadores, a estrutura política do país também beneficia o partido dominante, por exemplo, a eleição de primeiro turno, pois dificulta ainda mais a união fragmentada da oposição em torno de um único candidato. Há um dado que eu considero importante também de trazer, é que cerca de 4,8 milhões de votantes não são do Partido Colorado. Mas os que votaram nos colorados ou são fiéis ou dependem financeiramente da legenda. Existem cerca de 350 mil empregados políticos, e na sua grande maioria é do Colorado, e seus familiares acabam votando no Partido Colorado. O emprego é precário no país, e os que pagam melhor é o Estado. Manter o partido no poder é uma forma de garantir seus empregos. E, ao mesmo tempo, os fornecedores dos setores privados, que fazem negócios com o Estado, formam um círculo de apoio ao partido dominante. Não por ideologia, mas por interesse pessoal. E, como eu citei antes, tem um sentimento pela instabilidade dos governos anteriores à ditadura, que pode ter causado na população uma sensação de progresso com a chegada do Partido Colorado no poder. No cenário internacional, além disso, a gente tem líderes de outros países que ignoram todos os crimes políticos, civis e sociais praticados por estrofa, e enaltece sua figura como um grande líder do Paraguai. No Brasil, o então presidente Jair Bolsonaro prestou homenagens ao ditador, dizendo, abre aspas, um homem de visão estadista, que sabia perfeitamente que seu país, Paraguai, só poderia prosseguir, progredir, se tivesse energia. Fica aqui a minha homenagem. Fecha aspas. E vale lembrar que Paraguai é o segundo país com o maior número de brasileiros naturalizados. Então, um número considerável de eleitores que talvez tenham essa identificação com o partido, pela visão de Jair Bolsonaro e por ser um partido conservador de direita. Um dos benefícios da democracia é justamente a alternância de poder. Mas, pela análise da Kellen, esse poder não está somente no voto. Há falta de uma oposição forte também. Mas e o povo paraguaio? Como a democracia e os partidos políticos têm contribuído para garantir os direitos civis, políticos e sociais no país? Para nos ajudar nessa análise, eu gostaria de convidar também a aspirante a cientista política, Glenda. Olá, Marlo. Obrigada pelo convite. Então, para fazer essa análise, vamos relembrar um pouco da história política do Paraguai. Bom, a final da desastrosa Guerra da Tripse Aliança, uma assembleia constituinte aprovou uma nova constituição em setembro de 1870, com modificações, se manteve em vigor durante 87 anos. A constituição se baseava em princípios de soberania popular, união dos poderes e um legislativo bicameral, composto por um Senado e a Câmara dos Representantes. Porém, ao longo da história, a constituição foi alterada para atender os interesses políticos, como citado pela Kellen, durante a ditadura de Stroessner. Os direitos civis, políticos e sociais foram suprimidos com respaldo da constituição de 1954, que concede poder amplo ao poder executivo, o que deu direito ao general de mudar qualquer lei que favorecesse seu partido e seus aliados. Nos dias atuais, a constituição vigente no Paraguai foi promulgada em 20 de junho de 1992, na tentativa de resgate da democracia, tem fundamentalmente a dignidade humana e como objetivo assegurar a liberdade, a igualdade e a justiça dentro dos princípios da democracia republicana, representativa, participativa e polarista. Porém, a minha análise é que, na prática, grande parte do governo do Paraguai não goza dos seus direitos constitucionais. Embora o Paraguai seja uma das economias que mais crescem na América Latina, previsão de 4,5% para o PIB de 2003, segundo o Fundo Monetário Internacional, a pobreza atinge 24,7% da população que sofre com enormes desigualdades. Segundo uma matéria publicada pela Veja, o povo paraguaio enfrenta vários problemas sociais. Alta taxa de desemprego, a subnutrição atinge 11% da população, os serviços de saneamento ambiental são destinados a menos da metade das residências, resultando a uma alta taxa de mortalidade infantil. O Paraguai possui o segundo pior índice de desenvolvimento humano, IDH, na América do Sul, apresentando média de 0,640. Essa desigualdade contrasta com uma economia considerada atraente para os investidores. No momento se destaca por sua estabilidade econômica e condições favoráveis para os negócios. É importante também ressaltar que 20% mais pobres da população recebem só 5% da renda acumulada, enquanto 20% da mais rica recebe 51% da renda. Ou seja, crescimento e desenvolvimento não andam de mãos dadas. Não mesmo, Glenda. E parafraseando a nossa querida professora de ciências políticas, Daniela, democracia é um processo inacabado em aperfeiçoamento. E podemos ver que o Paraguai, mesmo sendo uma democracia, não podemos dizer que todos os direitos estão sendo garantidos a seu povo. E mesmo sendo uma democracia, a alternância de poder não é garantida. Bom, esse foi o nosso segundo episódio do nosso podcast Politicamo. Ficamos por aqui. Espero que goste e até a próxima. Legendas pela comunidade Amara.org

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