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O futuro de Abril... Que Nome Damos a Isto

O futuro de Abril... Que Nome Damos a Isto

Que Nome Damos a Isto?Que Nome Damos a Isto?

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Hoje, 25 de abril de 2023, um grupo de jovens amigos, ex-colegas de faculdade, juntam-se para debater uma panoplia de questiúnculas e inquietações. São 4 vozes e 4 visões diferentes que, em parceria com o respeitável Postal do Algarve e o Centro Europe Direct Algarve, cumprem e fazem jus ao seu lema, liberdade para informar. 49 anos de 25 de abril, qual o balanço do mesmo? Opinião de Hugo Rufino Marques, Pedro Coito e Tiago Campos. Moderação de Pedro Moleiro

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Transcription

Eu sou latino, sem a mania da briga, por mais que os poderes não diga, joro um bocado a cantar, e o destino, a manicar-me assim, tive um amor por seguir, que me ensinou a falar, sou latino, e quando alguém me pertence... Grândola, vila morena, terra da fraternidade, o povo é quem mais ordena dentro de ti, ó cidade. 25 de abril de 1974, Rua Ivans, emissora católica portuguesa, Rádio Rumascença. Foi à meia-noite e vinte minutos, pela voz de Paulo Coelho, no seu programa Limite, que a contra-senha que mostraria a liberdade e o fim de uma guerra fratricida com as províncias ultramarinas, se espalhou pelo hétero. Era a libertação de um grito de revolta que estava entranhado nas gargantas do povo português durante quarenta e oito anos de ditadura nacionalista autoritária. Hoje, 25 de abril de 2023, um grupo de jovens amigos, antigos colegas de faculdade, juntam-se para debater uma panopla de desquestiúnculas e inquietações. São quatro vozes. São quatro visões diferentes que, em parceria com o respeitável postal do Algarve, cumprem e fazem jus ao seu lema. Liberdade para informar. Liberdade essa que só é possível graças àqueles que lutam para que não deixemos de viver em abril de 1974. É caso para dizer que não mudamos a isto. Sejam bem-vindos ao que não mudamos a isto mesa redonda. Doravante, em parceria com o postal do Algarve, este grupo de jovens inquietos e requietos irá reunir-se, às vezes em modo de conspiração, para debater os assuntos do cotidiano que lhes assolam a alma. Eles são o Corfino Marques, Pedro Coito, Tiago Campos e eu, Pedro Moleiro, que nesta sessão cabe-me ter o papel de moderador. Meus senhores, cumpre-se hoje o 49º aniversário do 25 de abril, em que centenas de militares, liderados pelo Movimento das Forças Armadas, foram termo a uma ditadura que tivera sido militar, depois salazarista e por fim marxista, e que durava desde maio de 1926. As palavras de ordem eram o fim da guerra do ultramar, a liberdade e o poder popular. Dessa revolução, a Revolução dos Escravos, nasceu o Estado Democrático Parlamentarista, que perdura até aos dias de hoje. O país modernizou-se, a taxa de analfabetismo é praticamente inexistente, criou-se o Serviço Nacional de Saúde, que permitiu que os cuidados médicos chegassem de forma universal e tendencialmente gratuita a todos, o divórcio e mais tarde o aborto foram legalizados e a liberdade de expressão e de eleição dos nossos representantes políticos foram instaurada. Mais tarde, em 1986, com a entrada de Portugal na comunidade económica europeia, milhões de contos foram canalizados para a construção de infraestruturas e vias de comunicação que revolucionaram tecnologicamente o país. Portugal deixaria de ser um império presente nos quatro cantos do mundo, abrindo as fronteiras para a entrada do comboio da Europa. Posto isto, meus senhores, nesta altura em que vivemos mais tempo a democracia que a ditadura, que balanço dão sobre estes últimos 49 anos? Quem quer começar? Bem, eu posso começar. Olá a todos. Olá a todos os que nos estão a ouvir também. De facto, aquilo que nós temos aqui são quatro jovens que nunca viveram outro regime sem ser o regime democrático. E eu sempre ouço falar os valores de Abril, os valores de Abril, defender os valores de Abril, defender os valores de Abril, mas muito sinceramente, para mim, os valores de Abril não me dizem nada, nada de concreto. E não me dizem nada porque os valores de Abril eram ter uma habitação, eu não tive em Portugal, ter acesso a uma educação gratuita, eu paguei propinas caras na faculdade, ter acesso à saúde. Muitas vezes eu tive que contratar um seguro de saúde porque não tinha acesso ao Serviço Nacional de Saúde. Por isso, há muitas medidas que vêm explícitas na Constituição que são os tais valores de Abril que ainda hoje as pessoas reclamam e dizem que cada vez estão piores, cada vez estão piores. Por isso, de facto, aquilo que eu acabo por dizer às pessoas que falam sobre os valores de Abril e que antigamente era pior, bem, de facto, antigamente podia ser pior, houve uma melhoria, mas não é pelo facto de ter havido uma melhoria que a nossa geração vai ter que viver exatamente só com essa melhoria que foi feita e não pensar no futuro. Vive-se muito preso ao passado. E em vez de estarmos a falar se os valores de Abril, que eram os valores de 1974, ainda continuam e estamos a protegê-los, por que é que nós não começamos a falar os valores de 2023? E os valores que nós queremos para 2043? E os valores que nós queremos para 2063? Porque é o futuro que nós temos que pensar. Vejamos uma coisa. Tivemos hoje, no dia que nós estamos a gravar, dia 25 de abril de 2023, tivemos Lula da Silva na Assembleia da República. Tivemos um circo enorme. E aquilo que eu vi ali foi um presidente que veio a Portugal, um presidente da República do Brasil que veio a Portugal, que não se reuniu com quase nenhum ministro, cantou de norte a sul a tirar algumas fotografias e a imprensa internacional apenas começou a relatar o que é que aconteceu com a manifestação a favor e a manifestação contra Lula da Silva no discurso dele do 25 de abril, que não era já 25 de abril, mas passou a ser e que não era e há ali uma parte confusa, mas começou a falar basicamente da visita de Lula da Silva à Espanha, ao Reino de Espanha. E o que é que isto tem? O Reino de Espanha vai ter a presidência do Conselho Europeu. Está a tratar de tudo para assinar o acordo com o Mercosul, que é a redução de taxas alfandegárias para um mercado gigantesco que é toda a América Latina. Neste caso, Brasil, Argentina, Uruguai, Peru, etc. Faz com que os produtos possam chegar à Europa de uma forma mais barata. Espanha já é o quarto maior investidor no Brasil, investidor direto. E Lula da Silva em Espanha, reunido com o Ministro da Indústria, o Ministro da Economia, reuniu-se com vários ministros, reuniu-se com empresas, e começaram a discutir o futuro em conjunto. E eu agora pergunto, e Portugal, onde é que fica? É que o acordo com o Mercosul começou no ano 2000. Em 2019 parou, e parou por questões ambientais e dúvidas de vários Estados-membros para com políticas internas, políticas domésticas do governo brasileiro. Na altura já era Bolsonaro. E agora voltou, e é possível ser assinado, mas onde é que Portugal fica aqui no meio disto tudo? A única coisa que eu vi foi a imprensa portuguesa estar com medo de que tipo de manifestações é que poderiam haver. António Costa a ir de norte a sul a dizer que nós somos bons, nós somos bons, nós somos bons amigos, nós somos bons vizinhos, há quem me dera falar com o português do Brasil. E depois, falar do futuro, não. É continuar prestes ao passado, falar de um 25 de abril que só se fala daquilo que se quer ouvir. Olha, eu gostava de ouvir um 25 de abril a falar do 25 de abril daqueles que abril abandonou. E quando eu digo aqueles que abril abandonou, estou a referir-me aos soldados portugueses africanos, das antigas colónias portuguesas, que não puderam vir para Portugal porque eram nativos, eram africanos, mas também nos países deles foram considerados traidores porque eram do exército português. E a forma como o 25 de abril os abandonou. Há muita coisa que nós, de facto, tínhamos que pensar. O 25 de abril é ainda muito recente na história, por isso eu tenho a certeza que só daqui a 50 anos é que vamos começar a desenterrar alguns fecheiros e a começar a pensar o 25 de abril de uma forma diferente. Mas Portugal, eu suspeito, não tem mais 50 anos para perder à espera de se os valores de abril são ou não os adequados para os dias de hoje. Pedro Coito, abocando aqui nas palavras do Rufino Marques, as conquistas de abril foram conquistadas ou foram cumpridas? E se achas também que Lula se levou aqui de férias antes de se reunir com o rei de Espanha para assuntos que realmente interessam ao Estado brasileiro? Olá a todos, muito obrigado. Sim, a primeira questão, e seguindo a intervenção do Hugo, os valores de abril, se nós observarmos, quando falamos de valores de abril, vamos aqui dissecar um bocadinho o que é que queremos dizer com valores de abril. Valores de abril são os valores conquistados após a revolução de abril, não os valores de abril da própria revolução, essa fez e foi um período controlado. E todo esse momento da história política portuguesa. Mas, quando nós falamos de valores de abril, falamos de valores que estão claramente ligados a um desenvolvimento da melhoria da qualidade de vida e das liberdades e deveres dos cidadãos. E quando falamos da habitação, da saúde, da educação, da ciência, da cultura, não nos esqueçamos que a ditadura, o que mais afetou foi a educação e a cultura, pela censura, e que sem esse campo não podemos crescer a mais nenhum. E quando falamos de valores de abril, os valores de abril são... Abril, o 25 de abril, não é só a revolução, é tudo aquilo que simboliza, como os símbolos da nação, são o hino, são a bandeira, são o nome do país, é a sua legislação, mas a simbologia, o 25 de abril, vai ainda mais além da simbologia. E foi fundamental na mudança do período. Claro que depois, quando vemos, perante a intervenção também do Hugo e aquilo que ele disse sobre a vinda do Lula a Portugal, eu tenho que discordar por completo, porque o Lula passou cinco dias em Portugal e foi almoçar na tarde do 25 de abril a Madrid, depois de reunir em Portugal. Claro que as conversações que são encetadas são à porta fechada, provavelmente nunca serão públicas, talvez daqui a 100 anos saberemos alguma coisa, mas aquilo que foi, em termos até de importância de peso da duração, claro que quantidade não é qualidade, nem importância, mas a agenda que o trouxe cá trouxe o primeiro a Portugal e trouxe que estivesse em Portugal no 25 de abril e nas celebrações do 25 de abril. Claro que os acordos bilaterais que tem a desenvolver com Espanha é outro tema, portanto é algo que tem a ver também com a presidência de Espanha, a presidência da União Europeia, que se segue e não propriamente com Espanha diretamente. Aqueles números que o Refino referiu são fundamentais, mas eu preocupo-me mais com outro ponto, e aqui falando do futuro, preocupo-me mais com o ponto daquilo que o Brasil e todos os BRICS estão a fazer e estão a posicionar na geopolítica mundial e monetária com a criação, isto é público e não é discutido em Portugal, não tem sido discutido em Portugal de forma séria e profunda, a criação de uma moeda que faça oposição, concorrência ao dólar como reserva de valor mundial e também ao euro com a segunda posição. Isto é poder, a gestão da moeda, a gestão do meio de trocas de valor e de comércio mundial é fundamental e certamente que isso foi debatido e que foi tema de conversa tanto na visita a Portugal como na visita a Espanha como nas visitas anteriores à China e, portanto, temos que nos focar no posicionamento dos BRICS e a nossa relação com o Brasil é estratégica, histórica, simbólica e realmente também fundamental para a liberdade de ambos os povos. Agora, aquilo que nós temos que ver é o futuro e o futuro não é muito risonho. O número de democracias no mundo tem estado a diminuir, o número de muros que separam fronteiras tem estado a disparar e para valores... Não tenho números em quilómetros, mas em artigos recentes publicados em vários jornais internacionais, esses números já superam aquilo que foi no período da Segunda Guerra Mundial ou anterior e posterior também estamos a voltar a ver o reerguer de muros físicos. Isto é muito grave e quando estamos aqui a criar uma parceria com o Brasil também tem a ver com a forma como Portugal se vai posicionar geopoliticamente, geostrategicamente para o futuro e num futuro que não se vê risonho antes pelo contrário, vê-se com uma perda de liberdades e de direitos e também dos deveres associados. É aqui que Portugal, é aqui que os valores de Abril têm que ser defendidos e também esta simbologia, mesmo que seja só mesmo isso simbólico, a presença do Lula em parte nas comemorações do 25 de Abril pode significar algo ou pode querer passar uma mensagem de que há uma urgência em defender valores de liberdades no mundo que está a atender novamente, ciclicamente para as ditaduras. Eu agora gostaria de referir que o dia 25 de Abril não é apenas uma data comemorativa do fim do salazarismo e do marxismo em Portugal mas também uma data de comemoração do final do fascismo em Itália. Em Itália houve a revolução com o final do mandato de Mussolini com o fim da Segunda Guerra Mundial em Itália que aconteceu no dia 25 de Abril de 1945 quando as tropas italianas da República Social italiana fascista de Benito Mussolini perdeu o controle do país e tanto que ele depois acabou por ser fusilado. Foi nesse dia que ficou tudo decidido e esta data é importante porque sendo um feriado em Portugal também é um feriado em Itália e a maior parte das pessoas não está ocorrendo desse facto histórico e eu acho engraçado entrelinhar as duas revoluções que aconteceram em ambos os países que aconteceram com certas similaridades que nós nem paramos de pensar que foram anos distintos mas a consequência foi mais ou menos a mesma mas sim, acabando e terminando esta primeira intervenção eu considero que o país português tem desafios pela frente bastante elevados, com bastante risco também gostaria de afirmar que certos partidos políticos não se comportaram muito bem na manifestação que fizeram na Assembleia da República neste caso o Chega também considero que aquela batalha que houve entre várias facções, ou seja, entre a maior parte do Parlamento, dominado por forças à esquerda do Chega, que começaram a bater palmas e a outra parte minoritária do Chega que começou a fazer barulho e a apresentar cartazes não foi um momento bonito não dignificou o 25 de Abril aquilo que nós temos como significado histórico e espero que não se falte a repetir nos próximos 25 de Abril sobretudo no ano do 50 aniversário posso passar a ver os meus colegas muito obrigado Tiago meus senhores, mas Portugal tem sido um país um pouco à margem do que tem sido as outras democracias ao longo do mundo ocidental tendo a extrema-direita ganhando poder de forma muito tardia o que é que acham que faz com que Portugal seja um país diferente ou que seja um país mais atrasado em relação às outras demais democracias ocidentais eu não acho que Portugal seja um país atrasado o que eu acho é que Portugal vamos lá ver no ano de 1920 houve a Segunda Guerra Mundial que abrangeu quase todo o território europeu com exceção do território português e essa paz, essa calmia que Portugal acabou por ter no período da Segunda Guerra Mundial faz com que o regime do Estado Novo se solidifique na realidade e todo o resto da Europa quando termina a guerra, entra na sua reconstrução e isso faz com que as pessoas também mudem as suas mentalidades aliás, Paris cresceu e foi toda ela construída pelos portugueses que foram de assalto por isso, uma das coisas que acontece é quando se dá o 25 de Abril nós tínhamos uma população altamente analfabeta que não sabia ler nem escrever hoje nós temos uma população que só sabe ler e escrever não sabe interpretar aquilo que escreve isso é um outro tipo de problema nós passamos, da mesma forma que a economia portuguesa passou da agricultura para os serviços nós passamos da ditadura para a democracia mas sem dar às populações as informações necessárias só a ensinar-lhes que democracia que estávamos a ter que modelo democrático é que estávamos a ter ainda hoje as pessoas pensam quando vão votar que vão votar no Primeiro-Ministro ninguém em Portugal vota no Primeiro-Ministro só votam em deputados é depois os deputados do partido que é mais votado o partido que é mais votado é chamado para formar governo e que até pode acontecer que a cabeça nem venha a ser Primeiro-Ministro pode acontecer o caso de ser o número 2 ou o número 3 ou ser uma outra pessoa, é quem é que é o partido escolheu para ser governo e as pessoas não sabem disso não imaginam isso, as pessoas nem sabem quem são os deputados da sua área de residência não sabem quais são os deputados do seu distrito e esta falta de noção cívica faz com que de facto a democracia em Portugal esteja em risco Portugal recebe tudo o que os outros países recebem mesmo que esteja com alguns anos de atraso mas tudo chega, nós estamos num mundo global tudo chega a ir, neste caso em Portugal também por isso, de facto aquilo que falta é mesmo uma boa intervenção nas escolas para uma boa formação cívica e quando eu digo uma boa formação cívica não estou a dizer ensinar aos alunos a igualdade de género ou esses tipos de temas a ensinar aos alunos o que é a Constituição o que é que diz a Constituição, quais são os poderes do Presidente da República porque é visível também nos debates presidenciais que nós tivemos na última eleição todos os candidatos discutiam questões que não eram da órbita do Presidente da República eles somente discutiam questões que eram da órbita do governo não sabiam as diferenças entre uma coisa e outra é que apenas tindo de rãs é que acabou por ter dos únicos um discurso que era o mais próximo de um Presidente da República por isso é ensinar às pessoas e as democracias são de facto dos sistemas políticos mais frágeis que existe à face da Terra isto porquê? Porque aceitam qualquer tipo de ideias e aceitar qualquer tipo de ideias significa que até aceita as ideias de elas serem destruídas ou de serem condicionadas a um grupo de pessoas por isso, sem uma boa formação cívica dada desde pequeno ensinando quais são os direitos e os deveres e quais são as posições de cada de cada entidade pública neste caso, o que é que faz o governo, o que é que faz o Parlamento o que é que faz o Presidente da República, o que é que faz uma Câmara Municipal o que é que faz uma Junta de Freguesia e agora mais recente que nem é de voto direto e devia ser, o que faz uma CCDR que as pessoas nem sabem o que é uma CCDR e são elas que geram os fundos europeus para serem alocados nas suas regiões as pessoas deveriam saber e intervir porque a única coisa, a única intervenção que grande parte dos portugueses fazem é em greves e manifestações e abaixo assinados ou mais recentemente partilhas de comentários menos agradáveis ou mais revoltosos em redes sociais e isso não é democracia, isso é uma demoniocracia Obrigado Hugo, mas pegando aqui nas palavras que foram ditas mas senhores, mas desde 1934 nem tudo foi mal, não é? Não, claro que não nem tudo foi mal obviamente que não, teve as suas coisas positivas teve as suas coisas negativas como seria natural em tantos anos da existência da democracia Sim, aliás, não há nenhum sistema, nenhum sistema é perfeito mas o facto de nem tudo ter sido mal não significa que nós para o futuro não queiramos algo melhor, eu lembro-me há uns meses atrás estarmos a falar sobre o investimento da União Europeia e o desenvolvimento que esse investimento teve na região do Algarve e houve uma pessoa que me disse pois Hugo, mas tu até que não concordas muito com esta União Europeia, mas se não fosse a União Europeia não havia grande parte do investimento que houve aqui no Algarve e o crescimento de melhores condições de vida, etc e eu disse a essa pessoa, tudo bem, eu concordo que os investimentos foram muito vantajosos mas a minha questão é, foram vantajosos no passado e a quantidade de trabalho que há agora para os jovens é que se nós formos também fazer as contas do meu avô que vive em Vila Real de Santo António eu lembro-me de ele dizer, antes de virem os investimentos da União Europeia, aquilo era só fábricas de peixe e havia trabalho para toda a gente, hoje em dia não há trabalho quase nenhum na região do Algarve por isso, tudo bem que foi muito bom na melhoria da qualidade de vida mas a qualidade de vida também não é apenas ter uma casa com água, é também ter um trabalho ou não mas ter condições para que a pessoa possa viver, a pessoa tenha comida na mesa, a pessoa tenha acesso à educação, a pessoa tenha acesso à saúde, não é apenas dizer nós agora temos aqui canalização e temos aqui uma bela área para turismo Eu aqui tenho de discordar contigo que se eu disser que houve uma transição do primeiro setor da agricultura e da pecuária e das pescas, para os serviços e da indústria também ou seja, do primeiro e do segundo setor, pode ser dos serviços. Hoje em dia não temos mais as pessoas a trabalhar nas fábricas de pesca no Algarve mas temos elas a trabalhar em cafés, a trabalhar nas áreas turísticas e a trabalhar em hotéis em restaurantes Podemos argumentar que isso acaba por ser um outro tipo de desenvolvimento diferente daquele que podia ser o ideal. É verdade que Portugal hoje cada vez tem menos indústria em relação à porcentagem que poderia ter que teve noutros tempos É verdade que estamos cada vez mais dependentes de serviços e que eles tornam-se cada vez mais preponderantes em Portugal o que torna um bocado asfixiante e dependente Portugal da União Europeia Agora a questão é, como é que nós podemos manter o desenvolvimento do terceiro setor ao inserçado também no desenvolvimento dos dois primeiros setores, da indústria e da agricultura e derivados? O que é que nós podemos fazer para que haja um equilíbrio que leve a um desenvolvimento proporcional que transforme Portugal numa economia desenvolvida? Pegando aqui nas palavras do nosso colega Tiago Campos e parafraseando o Fernando Pessoa Pedro Coito, falta-te cumprir isto de Portugal Falta cumprir-se Portugal? Isso é uma questão muito profunda cumprir-se Portugal isso já remete para o campo da poesia se bem que não vou por aí agora mas aquilo que falta a Portugal e do que foi a intervenção dos carros colegas antes eu penso que o que falta a Portugal se eu pudesse resumir numa única coisa e na realidade acho que é é falta de capital no fundo o que falta em Portugal é capital capital para crescer capital para os seus projetos e acima de tudo falta capital interno mas eu já lavo essa questão o capital reflete-se naquilo que nós vemos nos portugueses os portugueses quando saem de Portugal são os melhores, são sempre os melhores isto também está um pouco ligado não está ligado aliás, não está ligado à nossa ideia de promoção é na realidade até bastante demasiado honesta devíamos ainda promover mais porque os feitos que os portugueses que emigraram antes e hoje muito mais são extraordinários mas a par dos que ficam em Portugal a maior parte não vemos esses feitos realizados ou feitos sequer equiparáveis salvo raras exceções e porquê? A questão é o porquê qual a raiz do problema e o capital é aquilo que permite investir e fazer os projetos andarem para a frente e quando falo de projetos falo também de projetos das instituições públicas e do associativismo do cooperativismo de movimentos independentes, de movimentos partidários propriamente ditos, do seu desenvolvimento das suas campanhas, de explorar e desenvolver programas políticos porque é um pouco aquilo que nós vemos hoje nos partidos ditos centrão mas nomeadamente no partido da oposição o principal partido da oposição é uma falta de ideias é uma falta de projetos e é incrível pensar dizer que há uma falta de ideias quando o país está cheio de potencial está cheio de ideias quando é que as ideias se perdem pelos interlocutores para chegar à oposição mesmo que seja só para fazer para a oposição e depois passarem para o governo os executarem como é tradição de ambas as partes o que é que falta para executar isto? Falta o combustível e esse combustível historicamente Portugal é um país descapitalizado Portugal é um país que foi muito tardio no desenvolvimento da máquina a vapor da ferrovia, de toda a indústria da eletricidade, dos sistemas elétricos em Portugal ou rede nacional só nos anos 50 é que se começou a desenvolver e era quase uma rede local regional se é que tanto e isso se reflete a longo prazo e também é em si uma consequência e é em si uma causa. Depois houve aqui um ponto muito interessante sobre a questão da indústria pesqueira no Algarve e toda a queda da indústria pesqueira no Algarve e isto vem com a União Europeia e isto também a União Europeia com qualquer projeto político supranacional não é só o mar de rosas traz por vezes problemas que a nível de determinadas regiões como no caso do Algarve vila geral de Santo António podem ter ou terão sido mais prejudiciais no combo de geral do que benéficas para a qualidade de vida e para a riqueza e para a acumulação de capital das populações locais e isto também destrói uma elite de empresários que não se souberam renovar também é certo isto é um problema que é tudo menos que simples é altamente complexo, mas falta o óleo e o petróleo da máquina mas acima de tudo um combustível que fosse renovável para o futuro e depois há aqui um ponto também muito interessante para além da destruição das indústrias e não foi só a indústria pesqueira, foi a agricultura a agroindústria também foi completamente arrasada e isto fica aqui o registro para um tema de um próximo podcast porque se entrarmos por aqui vamos mudar toda a temática mas há um ponto também muito interessante para além das imposições diretamente políticas há uma imposição monetária que subscrevemos, o euro e até havia um famoso político que apareceu nos painéis da televisão Medina Carrera que falava e empunhava cartazes e papel, gráficos projetados a dizer que havia uma correlação direta entre o momento que entrámos no euro e o empobrecimento e a perda de capital, já o pouco que tínhamos em Portugal e isto há que pensar porque o que é o euro, mais uma vez e que forma o teve de impacto ao perdermos a soberania monetária sobre Portugal e aqui volta a tocar na importância de haver aqui os briques estar a falar num novo standard monetário global uma nova moeda base para fazer concorrência ao dólar e ao euro e lá está Portugal, também tem que pensar nisto perdeu soberania monetária se surgir aqui uma nova moeda concorrencial seria isso interessante ou relevante para Portugal para a expressão que é Portugal, para vir investimento para vir capital estrangeiro do Brasil investir em Portugal já há o bem, já há bastante, mas até que ponto é que isso é benéfico é que depois também o retorno de investimento nesse capital volta para o país ou volta para os seus investidores dos países de onde provee esse capital e Portugal tem aqui investir em si próprio mas muitas das vezes aquilo que se menciona e bem é que o primeiro ponto é investir na educação e nós fizemos e investimos na educação e o que é que aconteceu temos jovens que estão preparados bem demais para o país e para a estrutura económica do país que temos e isto agora recentemente, sei um artigo que foi publicado até pela Euronews salvo erro, que a Índia está a enfrentar aliás, o artigo foi publicado na Euronews mas a origem é da Bloomberg e que a Índia está a enfrentar um grave problema por ter também já neste momento um excesso de oferta, de mão de obra extremamente qualificada, universitária diferenciada, mas que não tem sequer uma estrutura empresarial, nem de capital, nem de financiamento de projetos, de ideias para que isso traga verdadeiro valor e depois o que é que acontece há uma fuga também desses recursos humanos da população que é obrigada até mesmo a sair do país e outras vezes quando não o é também enfrenta desafios muito mais complexos deixo aqui esta questão também para os meus colegas do que é que acham desta questão da imigração e da ligação à falta de capital no nosso país Muito obrigado Pedro Coito infelizmente o nosso tempo está a acabar Há espaço ainda para considerações finais Tiago Campos, quer ir começar por favor? Muito bem, irei começar. Eu gostaria de dar a minha consideração final falando do seguinte. Hoje vivemos um momento em que Portugal vive uma ameaça crescente na sua democracia, naquilo que os ideólogos e os revolucionários do 25 de Abril idealizaram para Portugal. Daí eu pergunto através de ameaças que existem dos partidos populistas como o Chega se esses partidos tornarem-se mais preponderantes no futuro, podendo ameaçar os alicerces democráticos da nossa terceira república. Para terminar, gostaria só de dizer que o Chega a meu ver não deve ser legalizado porque se fosse para legalizar ou não permitir a sua existência já teria sido feito no passado. E existem outros exemplos históricos como o ERCT e até de certo modo o MRPP que tratam ideias igualmente ou até mais radicais e que nunca foram legalizadas ou foram impedidos de participar nas eleições. E pronto, é isto que tenho a dizer. Um resto de uma boa noite a todos aos meus colegas e aos ouvidos. Obrigado. Muito obrigado, Tiago. Hugo Refino Martes, por favor. Bem, o que eu queria deixar aqui mais no fim é lembrar que nós não podemos fazer uma democracia sem consequências. A consequência da democracia é podermos ouvir coisas que não gostamos e temos que as aceitar, mas também temos que deixar algumas linhas do que é e do que não é aceitável. Porém, temos que começar a olhar para o futuro, exigir mais daqueles que nos representam e exigir também que o Parlamento não seja a Casa da Democracia e não o Círculo da Democracia, onde até o Presidente da Assembleia da República perde as estribeiras, o que nunca deveria ter acontecido. E, basicamente, aquilo que eu vou dizer a todos os que nos estão a ouvir é aproveitem estes períodos de reflexão e vão ao cinema, vão ao teatro, vão ler livros, vejam as atividades que existem organizadas pelas câmaras municipais, participem, sejam ativos porque vocês não precisam de um partido político para serem cidadãos ativos. Aliás, um partido político a única coisa que faz é amordaçar a vossa liberdade de cidadãos. Muito obrigado, Hugo. E, por fim, Pedro Coito. Muito obrigado. Eu queria assinalar que este foi o primeiro 25 de Abril, desde que me lembro, nos meus 28 anos, não nos 28, mas talvez em 20, 25, que não deu na televisão o filme Capitães de Abril. Em nenhum canal. Nenhum canal de cabo. Tem o mau trabalho de verificar e contraverificar que não se encontrava nas grelhas de nenhum destes canais. É um bom filme, não é nenhum filme genial para aquilo que é o cinema português e que até teve que integrar atores de estrangeiros e dobrar, fazer dobragens, deveria, no mínimo, ser criticado, mas não deixa aqui ser uma simbologia de como passámos a ter os programas de toda a tarde dos canais públicos a tocar música pimba, nada contra, em detrimento de um filme que já toda a gente provavelmente viu e reviu várias vezes, como eu, mas que é um filme que simboliza também esta data e relembra o 25 de Abril. E, mais uma vez, aqui a cultura, a importância da cultura, a importância da simbologia desta data e resta-me apenas dizer, 25 de Abril sempre, machismo nunca mais. Está fechada a primeira edição do Que Nome Damos a Isto de Mesa Redonda, o Rufino Marques, Pedro Coit, Tiago Campos, com Pedro Moleiro e, para finalizar, deixo o tema de 1999, Don't Look Back in Anger, dos Britannics Oasis, como sugestão musical. Por fim, agradecemos encarecidamente o apoio do postado Algarve a este podcast e muito obrigado meus amigos e até à próxima. Legendas pela comunidade Amara.org

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