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cover of A VIDA DURA MUITO POUCO: The José Pinhal Post-Mortem Experience
A VIDA DURA MUITO POUCO: The José Pinhal Post-Mortem Experience

A VIDA DURA MUITO POUCO: The José Pinhal Post-Mortem Experience

Que Nome Damos a Isto?Que Nome Damos a Isto?

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Como uma mera ida ao perfil pessoal no Instagram se torna num meio para alargar os nossos horizontes culturais? Foi o que aconteceu ao Pedro Moleiro! Nesta edição, o autor explica a vida e obra de um cantor de música popular de Santa Cruz do Bispo (Matosinhos) que tivera o seu reconhecimento a nível nacional e internacional, 30 anos após a sua morte. Um olhar de Pedro Moleiro, com o forte apoio do jornal Postal do Algarve e do Centro Europe Direct Algarve.

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Transcription

José Pinhal, a mysterious and talented artist, gained popularity after his music was discovered on a cassette found in a studio trash. Little was known about his life, but his unique music captivated listeners. The story of José Pinhal remained a mystery until his cassettes were digitally released and a video of him performing surfaced. A tribute band called the José Pinhal Post Mortem Experience was formed, and his music gained international recognition. A documentary film titled "A Vida Dura Muito Pouco" was produced about his life. The podcast aims to honor José Pinhal and other underappreciated artists. Descoberto em casa de uns amigos, José Pinhal é um ilustre famoso e desconhecido. A cópia que gentilmente me ofereceram vinha acompanhada de uma informação. Isto era uma cassete que foi encontrada num lixo de um estúdio. Mito urbano? Não sei. O que é isto? Quem é que é este gajo? O que é que está aqui a passar? Era o volume 1 e o volume 3, o guionetal de José Pinhal. Sentes mesmo ali uma genuinidade imensa. E ficávamos encantados a pensar o que é que seria aquilo. E aos poucos começou-se a criar um rumorinho e a música de José Pinhal começou a ser passada em várias festas. Uma grande incógnita, que era quem era o José Pinhal e porquê que não sabia muito sobre ele. O que é, na verdade, a vida artística para o José Pinhal? É vantajoso ser-se artista no nosso país ou não? Ora, viva! Sejam muito bem-vindos a mais um Penome Damos a Isto. Como têm passado? Têm cumprido o favor a vós próprios de se divertirem? De serem os tais poetas à solta? Espero bem que sim. Bom, o áudio que acabaram de escutar foi tirido da promoção à curta-metragem documental A Vida Dura Muito Pouco, mas já lá vamos. Esta semana, num puro momento de ócio e relaxos, caí na tentação de ir vasculhar o que se passava na minha conta de Instagram. Estava longe de imaginar que esse ato quase mecanizado e que muitos de nós cometemos, viria a alargar os meus horizontes culturais. A sério, pá! Tudo isto graças a um real satírico publicado na conta Frases de Merda, o qual brincava com aquela situação aborrecida em que vamos muito cedo para a porta de um banco não assim de nos despacharmos mais rápido e, sem estarmos à espera, nos deparamos com uma bicha indeterminal de velhos que se levantaram às sete da manhã só para receberem prontamente as suas reformas. Esse real era musicado por uma canção popular, mas sem ser pimba, que contava a história de um homem que pedia à sua patroa para não prender o cabelo. Essa canção era de um tal José Pinhal. Mas quem é esse tal José Pinhal? Deverão estar vocês a perguntar. José Pinhal é um homem igual a muitos outros da sua geração. Muito pouco se sabe sobre a sua vida, tornando-o uma figura quase mitológica. Mas aqui vai aquilo que sei. Oriundo da pacata Santa Cruz do Bispo, José Pinhal nasceu em 1952 para brilhar e divertir quem o rodeava. Mas a sua vida nem sempre foi um mar de rosas. Aos 20 anos foi obrigada a combater na Guerra do Ultramar, mais concretamente em Angola, onde aconteceu algo que o marcaria para sempre. Ao limpar a sua G3, ouvidou-se certificar se esta estava descarregada ou trancada, alvejando a sua perna e sendo obrigada a amputar parte dela, voltando a usar uma prótese de madeira para o resto da sua vida. Mas pensam que se este acontecimento triste o marcou para sempre ao ponto de o deitar abaixo e obrigá-lo a ir para o ostracismo e para a tristeza eterna? Estão muito enganados. José Pinhal, com a sua prótese de madeira com muita materirice, gostava de pregar partidas a desconhecidos, virando o seu pé postiço para trás. Era a sua forma divertida de viver a vida. Da sua carreira musical, restou três cassetes editadas artesanalmente, em três volumes pela modesta Nova Força de São João da Madeira, bem como uma Betamax com o cheiro de um espetáculo que deu no segundo aniversário da Dispoteca Penelope do Porto. Nesse registro videográfico podemos ver Pinhal todo vestido de branco e embragando um farfalhudo bigode como um verdadeiro macho latino romântico dos anos 80. Ao seu lado estava um garçom, despejando com gestil uma garrafa de espumante para uma taça gigante. É o único registro audiovisual desse grande artista que, em 1993, perdeu a sua vida num mortal acidente de aviação enquanto regressava à casa de um convidado. A história de José Pinhal tinha todos os rendimentos para se manter para sempre sobre uma nuvem de mistério e ignorância. José Pinhal, importante! Quero ouvir! José Pinhal, importante! Fantástico! MÚSICA No ano 2000, o irmão do colecionador de música popular Pau Cunha Martins comprou um apartamento que tinha sido um escritório do agente musical Cipriano Costa. Ele ainda estava voltado ao abandono de muito material que pertencia ao agente. Cartazes, contratos, fotografias e cassetes, dentre as quais estavam o volume 1 e o volume 3 do nosso artista em destaque. Foi o toque da varinha que espalhou a magia que se sentia. Pau Cunha Martins, ainda adolescente, achou tatapeada esta sonoridade que se encarregou de fazer cópias das cassetes e distribuí-las pelos amigos, inundando os seus autorádios com as canções de José Pinhal. Mais tarde, tais cassetes foram digitalizadas e com o avento dos serviços de internet de banda larga, a obra do nosso artista foi disseminada, passando a ser presença a sídola nos alinhamentos musicais dos circuitos festivos mais alternativos do Grande Porto. Mas a pergunta subsistia. Quem era esse tal José Pinhal? As cassetes não tinham a fotografia do artista, nem haviam informações na net sobre o seu paradeiro. Mas mais uma vez, a varinha mágica fez o seu trabalho. Graças ao canal do Youtube Joaquim Gomes Música do Baile, as três cassetes, incluindo o perdido volume 2, foram finalmente publicadas para todos. E ainda se lembram de eu ter falado da Betamax gravada na discoteca? Também acabaria por ser publicada. Agora o acesso às canções era livre e finalmente estaria associado a uma cara. A partir daqui, chegar aos circuitos mais alternativos da Grande Lisboa passou a ser um passo de pé bem. Em 2015, um grupo de jovens músicos compostos por Bruno Martins, David Machado, João Sarnata, José Cordeiro, José Pedro Santos, Nuno Oliveira e Tito Santos, fundaram o José Pinhal Post Mortem Experience. Acho que o nome diz tudo. Nem nos mais remotos sonhos dos familiares admiradores poderiam estes, ao fim de mais de 20 anos do seu desaparecimento físico, imaginar assistir a uma banda de tributo à sua curta, mas intensa obra. O José Pinhal Post Mortem Experience encarnaram no espírito do artista Santa Cruz do Bispo e, mesmo sabendo muito pouco sobre ele, formaram um grupo de baile de cultos, tendo já tocado em palcos tão importantes como o Paredes de Cora e o Bons Sonhos em Sem Soltos. Mas pensam que esta aventura ficou por aqui. Estou muito enganado. José Pinhal também se tornou uma figura brutal em Fronteiras. O tema Tu és a que eu quero, tu não me prendas o cabelo foi parte da banda sonora de um vídeo publicado no canal de humor político Brasileirinhos, ficando o nosso artista com mais seguidores no continental Brasil. Também a redação do prestigiado periódico britânico The Guardian não ficou indiferente a esta negativa. Aconselho-vos vivamente a ler o artigo que o jornalista Miguel Rocha escreveu para este jornal de terras de sua mansão. E ainda se lembram do áudio que iniciou esta amena cavaqueira? Pois é, todo este enredo e muito mais pode ser visionado na curta-metragem A Vida Dura Muito Pouco, realizada por David Loyal Machado, produzida pela PankPankBank e que já foi laureada em certames muito importantes no meio cinematográfico independente como o Indie Lisboa, o Cortes Vila do Fonte, o Porto Postdocs e o Caminhos do Cinema Português. Podem e devem assistir a este comentário através da plataforma Infilmed e façam-lhe o favor de ajudar o cinema independente em Portugal. Enfim, até ao Bruno Guerra te conto o que tem saído na TSF ao José Pinhal. Enquanto ao José Pinhal Postmortem Experience, poderão vê-los ao vivo no Festival Team Ilha. Realizará no fim de semana de 21 a 23 de julho no Parque Merendas da Ilha, no município de Combal. Eu lá estarei! Por fim, digo-vos que o nome damos a isto conta com o forte apoio do jornal Postal do Algarve e do Europe Direct Algarve a quem agradecemos. Este podcast é uma tentativa de homenagear a memória do José Pinhal e todos os Josés Pinhais que continuam a divertir o povo português. É uma tentativa de homenagear as suas famílias e amigos as rádios piratas e boatos dos anos 80 bem como as editoras, rádios locais, feiras e cafés dos anos 90 e 2000 que passavam e vendiam os registros fonográficos destes artistas. Também é uma tentativa de homenagear as gerações mais novas deste país que, sem dogmas, continuam a prestar tributo aos símbolos das gerações anteriores combatendo os velhos do Restelo que, por inveja, nos deitou abaixo e que ignoraram e maltrataram os símbolos das suas gerações. Não sei se a tentativa foi boa ou não mas se querem escutar perspectivas diferentes subscrevam o nosso canal no Youtube e ativem o sininho das notificações. Sigam-nos também nas nossas redes sociais. Foi uma edição diferente, mas tão diferente que é caso para dizer que o nome damos a isto. E não se esqueçam... A vida dura muito pouco... Nibiru! Nibiru!

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