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Esse é um trabalho da Escola Estadual Cesídio Ambrogi de Taubaté com os alunos ensino médio da eletiva de Jornalismo.
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Esse é um trabalho da Escola Estadual Cesídio Ambrogi de Taubaté com os alunos ensino médio da eletiva de Jornalismo.
The interview is with journalist Talinda Pranta from Rede Vanguarda. She discusses her career path, her love for journalism, and some challenging situations she has faced as a reporter. Talinda also talks about her interest in print journalism and her passion for telling stories of women's empowerment. She emphasizes the importance of experience and learning from mistakes in developing the skills necessary for the fast-paced nature of journalism. Talinda expresses gratitude for the opportunity to discuss her profession and offers support and advice to aspiring journalists. Vai começar o primeiro episódio do podcast Tesídio News. Quem não se comunica, de fora fica. Hoje, a entrevista é com a jornalista Talinda Pranta, da Rede Vanguarda. Apresentadora, as alunas da Escola Estadual Tesídio Ambroge de Salvafé. Victoria Albieri e Tabatha Carolin. Estamos aqui com a Talitha Pranta, nascida na cidade de Guaratinguetá, formada em Comunicação Social e de Jornalismo na Universidade de Salvaté. Nas redes sociais, se define da seguinte forma. Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante. A jornalista é apresentadora do Link Vanguarda e do Vanguarda Comunidade. Já trabalhou na Rádio Metropolitana e é editora do texto, tanto de São José dos Crancos, quanto de Salvaté. Já é jornalista? Sempre foi seu objetivo? Primeiro, eu estou achando muito chique isso, gente. Eu amo podcast, sabe? Eu amo podcast. O meu pai, ele é médico. Então, na minha cabeça, eu achava que eu tinha que fazer medicina também. Mas lá na minha casa, eu sempre tive liberdade para escolher o que eu quisesse. Eu sempre fiquei muito em dúvida entre medicina e alguma coisa na área da comunicação. E aí, eu falei, vou começar a fazer testes vocacionais. E aí, eu acho que eu cheguei a fazer uns três testes vocacionais em todo o ensino médio. E todos davam para a área de comunicação. Aí, no terceiro colegial, eu falei, vou fazer jornalismo. Me veio isso, porque o meu pai, também meu pai, ele sempre gostou muito de jornalismo. E ele assistia Jornal Nacional e ele obrigava eu a assistir Jornal Nacional. Imagina, eu era uma criança, eu não queria ver Jornal Nacional. Ele ia fazer eu ver documentário. Então, eu cresci com isso. Meu pai assinava Folha de São Paulo, então eu cresci lendo Folha também. Então, jornalismo sempre foi muito presente na minha vida. Quando eu decidi fazer comunicação, eu falei, vai ser jornalismo. E aí, para o meu pai, foi super feliz também. Ele adorou, né, que ele sempre amou. E aí, quando eu entrei na faculdade, eu falei, era isso que eu queria, porque eu me apaixonei. Foi amor à primeira vista. Hoje, eu sempre penso, o que eu seria se eu não fosse jornalista? Eu não consigo, não me vem nada a cabeça. Sabe, talvez eu tentaria montar algum negócio, não sei. Mas é essa área que eu gosto, porque eu realmente tenho um paixão pelo jornalismo, sabe. Então, eu estou bem feliz. Qual foi a situação mais bizarra que já lhe aconteceu durante esse tempo de profissão? Ai, que difícil, tanta coisa. Ah, já, assim, já aconteceu perrengue, né. Por exemplo, eu já fui repórter de rua e quando a gente é repórter, não tem essa de que uma coisa está no estúdio, então se acontece, né, eu estou ali, trabalhando na redação, é bem corrido. Mas, assim, eu tenho toda uma estrutura. Na rua, é assim, é chuva, você não está esperando chuva. Começa a tomar chuva, é pé na lama. Já aconteceu de ter dor de barriga, sabe. Você está gravando e eu, ai, meu Deus, tem crise de cólica, eu estou lá no meio do litoral. E aí, o cinegrafista tem que correr atrás de um banheiro comigo, sabe, umas coisas assim. Já aconteceu de eu estar, eu lembro, era um plantão de feriado, então acho que eram quatro dias de plantão. Estava terminando o meu plantão, eu ia para casa descansar, para folgar. E aí, estava indo embora, depois de quatro dias de doze horas seguidas, o meu chefe me liga, falando que teve uma ocorrência em Ubatuba. Eu estava em Palmatera, tipo assim, sexta-noite, sabe. Aí, eu, ai, não acredito. Então, fui direto, eu trabalhei nesse dia, acho que foram, assim, foram vinte horas seguidas, sabe. Então, tem muita coisa, o bom do jornalismo é isso, porque parece que, ai, todo ano sempre as mesmas matérias, mas não, acontecem muitos imprevistos, muitas coisas que a gente não está esperando, né. Então, não ter uma rotina, eu acho que o que eu mais gosto no jornalismo, até os perrengues que a gente passa, sabe. Uma vez, eu estava gravando em Jacareí e estava muito sol, muito calor, eu estava fazendo uma entrada ao vivo e minha pressão caiu, porque eu fiquei muito tempo no sol. E eu ameacei desmaiar, assim, eu, nossa, não estou legal. E, ai, sentei, um senhorzinho me viu, ele saiu da casa dele com uma bandeja, com uma jardeia, água, gelo, Coca-Cola, um monte de coisa e foi lá. Então, assim, tem muito carinho, sabe. A gente passa o perrengue, né, essa questão, dependendo da empresa que a gente trabalha, tem muita gente que ataca a gente, porque o jornalista, ele não agrada as pessoas, ele tem que relatar fatos, né. E, ai, muita gente acaba atacando, mas, ao mesmo tempo, tem muita gente que gosta e respeita do nosso trabalho, tem carinho, então, a gente também recebe muito carinho. Enfim, mas, alguma coisa, assim, muito bizarra, extraordinária, eu ainda não passei, quero não passar. Eu peguei e turbulenciei em helicóptero, gravando, a gente estava indo para o litoral e estava tudo fechado, e o piloto não conseguia descer e nem conseguir assumir. E, ai, começou a tremer o helicóptero e eu falei, ai, eu vou morrer assim, desse jeito, na terra do mar, sabe. Tinha acabado de chegar ali na Batuva, e, ai, o piloto nervoso, falando com a torre, e, ai, ele conseguiu uma área de céu, assim, a gente subiu e voltou para São José, mas já foram vários perrengues desse tipo, de, ai, carro quebrou no meio da gravação, sabe. O microfone que deu pau, tudo que a gente perdeu, sabe. Então, são dias e dias. Existe alguma outra área dentro do jornalismo, pela qual você se interessa e ainda não explorou? O jornal impresso é uma coisa que ainda me fascina, porque eu gosto muito de jornal impresso, e não só da coisa física mesmo, de abrir o jornal, que hoje em dia está cada vez mais difícil, né, mas eu gosto do cheiro do jornal, de parar na banca e comprar, mas do jornal impresso mesmo para o site, assim, né, também, por exemplo, a Folha de São Paulo, por exemplo, que era o meu sonho quando eu fiz jornalismo, era trabalhar na Folha. Hoje eu percebo que eu gosto muito mais dessa área de rádio e TV, principalmente de TV, vejo que eu estou aprendendo muita coisa, ainda tenho muita coisa para aprender, mas foi onde eu me firmei, mas é uma coisa que eu posso pensar, de repente, não sei, né, no futuro, quanto tempo eu vou ficar na TV, como vai ser, é difícil a gente gravar alguma coisa, mas talvez o jornal impresso seja uma área interessante, tenho vontade, quem sabe, de escrever um livro um dia também, mais para frente, mas aí eu vou avisar para vocês comprarem, tá? Você já passou por algum caso que tenha mexido muito com você, seja de uma forma negativa ou positiva? Ah, não, sem dúvida, nossa, a gente... o jornalismo, o telejornalismo, principalmente, a gente tem um programa que chama-se Jornalista, e o jornalismo, o telejornalismo, principalmente, dá muita maturidade para a gente, né, porque a gente sai da nossa bolha e a gente conhece outras realidades, outras pessoas, outras histórias, então a gente abre a nossa mente, aqueles pré-conceitos que a gente tem sobre alguma coisa, a gente vai quebrando, né, então a gente se emociona muito com as matérias, a gente gosta e faz questão de dar matérias de superação, de bons exemplos, de coisas bacanas, para motivar, porque a gente sabe que no dia a dia as notícias são muito pesadas, né, e infelizmente acontece violência, aí a gente tem que falar de violência, porque tem que chamar a atenção daquele assunto, tem que cobrar autoridade, então para mesclar, para dar leveza, a gente gosta de mostrar um cara que se superou no esporte, alguém que criou e inventou alguma coisa diferente, então já tiveram várias matérias emocionantes, de gente que perdeu um filho, por exemplo, por causa do câncer, e fez disso, sabe, uma luta aí que ajuda outras pessoas, então vira e mexe, a gente chora no estúdio, e toda matéria que eu sei que eu vou chorar, eu não presto atenção mesmo, eu não assisto, porque eu sei que eu vou chorar, então eu prefiro não ver, é o jeito que eu criei para conseguir estar ali como uma jornalista firme, mas é só de lembrar da vontade de chorar, as tragédias tem dúvidas, né, o sofrimento das pessoas, e aí existem vários tipos de sofrimento, quando eu falo de crime que envolve criança, até a gente está aqui num momento que, essa semana a gente teve ontem o caso da creche em Blumenau, não tem como, porque assim, a gente é jornalista, a gente tem que relatar os fatos com impartialidade, mas antes de ser jornalista, eu sou uma pessoa de carne e outra, eu sou um ser humano antes de ser jornalista, então a gente se incomoda muito com as pessoas. Lá no Litoral, na tragédia em São Sebastião que teve no carnaval, foram 65 mortos, eu fui para lá na cobertura, eu fui, uma das primeiras que a minha chefinha mandou, eu cheguei lá no domingo, né, foi de sábado para domingo temporal, no domingo eu cheguei lá e fiquei até terça-feira, e assim, eu vi muita tristeza, muitos relatos, tinha acabado de acontecer a tragédia, né, pessoas morrendo, ainda existiam pessoas soterradas, pessoas desaparecidas, então é muito pesado. Depois da cobertura eu chegava no motel, porque a TV deixou a gente no motel, eu tomava banho, chorava e deitava na cama e não queria falar com ninguém, então essas coisas mexem muito com a gente, a gente fica abalado por alguns dias, porque a gente não pode se envolver muito, né, a gente tem que estar lá relatando os fatos e mostrar para as pessoas o que está acontecendo, tanto que graças ao jornalismo, o Brasil inteiro se comoveu, mandou doações para São Sebastião, então o nosso trabalho é essencial, né, de avisar as autoridades, onde tem gente, onde está faltando água, onde tem gente soterrada, então as pessoas iam nos procurar também, pedindo ajuda, depois que eu entrava, a cada entrada ao vivo minha, para Globo, o meu Instagram e as redes sociais, todo mundo mandando mensagem, está ali, eu sou de São Paulo, acabei de ver você na TV, eu tenho um filho, ele nem é da região, mas meu filho foi passar o carnaval com os amigos aí, eu não consigo contato com ele, me ajuda a achar, o nome dele é tal, então, né, não tem como a gente ficar alheio a isso, a dor das pessoas é a nossa dor também, então a gente tente aquilo, a gente não pode transparecer na TV, porque a gente tem que ser profissional, mas é difícil, então essas tragédias, principalmente envolvendo chuva e crime com criança, mexem muito comigo, são bem pesados, eu acho. A gente procurou um pouquinho e a gente viu que você apresentou, comandou um especial do Jornal Vanguarda sobre o combate à violência contra a mulher. E vendo isso, a gente queria perguntar, você já passou por alguma situação mais delicada envolvendo exatamente isso, por conta de você sofrer alguma coisa por conta de você ser mulher? Eu não, diretamente não, mas eu já vi muita coisa acontecer, de ser colega, de ser cortada por algum entrevistado, ou ver que, assim, sentir que não estavam levando a sério por ser uma jornalista mulher. Eu lembro no comecinho da minha carreira, na Rádio Metropolitana, eu fiz uma pergunta para um entrevistado, era um homem, e eu fui falar qual era a palavra, e eu, ah, era trácego, ele era envolvido com o trânsito, e eu falei, ah, sei lá, não sei o que do trácego, só que eu falei rápido, eu sei a diferença entre trácego e tráfico, óbvio, né gente, não precisa nem ser jornalista para saber a diferença. Aí ele parou a entrevista, porque era uma entrevista que eu estava cobrando um posicionamento na prefeitura, aí ele riu e falou assim, ah, primeiro aprende a falar, é trácego, não é trácego. Eu falei, não, o senhor me ouviu errado, eu não disse trácego, eu não disse trácego, eu disse trácego, né, então vai continuando. E aí ele ficou debochando, e eu fiquei pensando naquilo depois, refletindo, será que se eu fosse um homem, ele teria falado daquele jeito? Será que ele não tentou, de certa forma, me intimidar por eu ser mulher? Mas é que eu era muito nova, eu era inexperiente, então, à medida que a gente vai amadurecendo, a gente vai percebendo algumas coisas. Então, assim, diretamente a mim, nunca tive problema com isso, até porque também, assim, eu sinto que sou uma pessoa firme, eu já deixo claro o que eu quero e, sabe, eu vou bem direcionada, mas eu já vi isso acontecer muito com vários colegas, né, com entrevistados, com pessoas na externa, não dentro da emissora. E é bem cruel, né, mas a gente tá lutando e fazendo de tudo pra que isso mude. E essa série foi fundamental na minha vida, foi muito bacana, eu conheci muitas mulheres fortes, mulheres que foram vítimas, inclusive uma moça aqui de Sabaté, que é bem conhecida, chama Aline, ela levou muitas facadas e ela sobreviveu, a história dela é incrível, eu acompanho o caso desde o começo, fiz questão de colocá-la na minha série e foi bem bacana pra gente jogar a luz nesse problema mesmo, sabe, pra que isso não seja um tabu, pra que a gente fale abertamente sobre esse assunto, que eu acho importante. Uma coisa que eu queria perguntar, você falou que tem que ter muita rapidez, tem que ter muito jogo de cintura nessa profissão, porque as coisas acontecem muito rápido. Qual foi o maior desafio nisso? Porque no começo você não estava preparada, né, como você foi criando esse jogo de cintura, de ter uma rapidez para agir nessas situações? É só com a experiência, é só apanhando muito. É muito difícil você falar, não, vai, é a primeira vez da pessoa, ai, que ela vai ser brilhante e maravilhosa. Não, gente, isso é só com o tempo, é um processo mesmo. Por isso que todo mundo que está começando, e eu faço questão de falar isso até para os estagiários, não se cobrem, não se sintam menos jornalistas que ninguém por causa disso. Todo mundo tem um começo. Hoje, as jornalistas que eu admiro, por exemplo, Sônia Bride, Andréa Sadi, ela foi alguém no começo que estava aprendendo, a gente precisa disso. Todo ser humano, em qualquer profissão, para a gente se tornar bom naquilo que a gente faz, é lógico, vai, alguém tem um dom, alguma coisa, mas a gente precisa de experiência. Então, assim, é só ir para a rua, é só errando, é só, ai, puxa vida, essa entrevista ficou horrível, não perguntei tal coisa, não perguntei tal coisa, que bom que a gente pode errar, porque é errando que a gente aprende, né. Então, não existe uma fórmula. Foi com o tempo mesmo, com o tempo eu comecei a perceber, não, eu tenho que ser mais rápida nas entrevistas, né, x. Ai, esse assunto aqui me pega, é um assunto que eu não sei muito, então eu vou estudar melhor antes da entrevista. No carro ali, o cinegrafista dirigindo, a gente indo para a entrevista, puta, eu não sei nada sobre isso, peraí, deixa eu ler, deixa eu ver, eu fui pesquisando, fui lendo. Então, assim, é se preparar para aquilo, pensar em tudo que pode acontecer e tentar agir da forma mais natural possível. E, por exemplo, em muitas entrevistas, eu não estava entendendo o que o entrevistado estava falando, e eu fazia questão de falar, desculpa, secretário, com todo respeito, eu não tenho entendido o que o senhor está falando, vamos tentar explicar de outra forma, o senhor está me falando tal coisa, tal coisa, é isso? Eu entendi bem? Então, é sempre mostrar para a pessoa que você não está entendendo, seja sincero, seja transparente, sabe, não finge que você está entendendo aquilo, daí você chega na redação e, mas cadê? Não está, não respondeu, entendeu? Eu acho que, sendo sincero, sendo natural, as coisas ficam muito melhores, sabe. Então, não tem segredo. Para finalizar agora, a gente queria muito te agradecer pela presença e pela honra em conceder essa entrevista em nome do CNN News, que é a letiva aqui, a gente agradece muito. E a gente queria deixar uma frase para você. O ser jornalista é ter o dom de ligar as pessoas ao mundo. Então, meus parabéns por esse dom. Que linda, vocês são maravilhosos, vocês todos. Obrigada, viu, gente, pelo convite. Eu adorei. Eu adoro falar sobre a minha produção, porque eu realmente amo jornalismo. E eu fico, assim, tão feliz quando eu vejo jovens que gostam do jornalismo e que têm curiosidade e querem aprender um pouco mais. Então, é isso, viu? Quem quiser fazer jornalismo, se precisar de ajuda, se quiser tirar dúvidas, contem sempre comigo. Obrigada. Obrigada a você. Foi um prazer.