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RainbowCast

RainbowCast

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The Rainbow Catch podcast discusses LGBTphobia in football. The guests, Roberta, Lia, and Ricardo, share their experiences. They address stereotypes and prejudices faced by women in football, including assumptions about their sexuality. Lia emphasizes that playing football does not define one's sexuality. They also discuss the impact of societal prejudice on girls' participation in the sport and how examples like theirs can inspire others. Ricardo, as a coach, condemns homophobic behavior by fans and is working with his club to implement strict punishments. Roberta talks about the challenges she faces as a trans woman in the football community. The episode concludes with gratitude to the guests and a reminder to listeners about the podcast's schedule. Oi gente, estamos começando mais um Rainbow Catch. Meu nome é Kévia. Eu sou Bia. E eu sou Marinha. E hoje nós vamos falar sobre LGBTfobia no futebol. E para falar desse assunto nós trouxemos nossos convidados especiais. Roberta Coutinho, Lia Santana e Ricardo Soares. Ricardo, ele é técnico de futebol e Lia e Roberta são jogadoras. E eles vão falar sobre suas vivências e acontecimentos. Em relação a LGBTfobia no futebol. Então né, a gente sabe que por muito tempo o futebol foi visto como um esporte dominantemente masculino. E que aos poucos as mulheres foram conseguindo seu espaço de voz e também de lugar nesse tipo de esporte. Só que a gente vê muito hoje em dia né, Lia, que as mulheres que jogam futebol muitas vezes são vistas como lésbicas né. Popularmente conhecidas como sapatão. Eu queria saber como é que você vê esse tipo de estereótipo que as pessoas impõem, a maioria das pessoas pelo menos, impõem que todas as mulheres que jogam se identificam sem essa sexualidade né. Cara, eu acho uma babaquice, porque realmente não é isso, tá ligado. O fato de eu jogar futebol não define a minha sexualidade, não define o que eu gosto de ter. Então eu acho que as pessoas deveriam ter mais consciência sobre isso. Não é porque eu jogo futebol, porque eu sou sapatão. Não é porque eu tenho umas pernonas e eu uso um rabo de cavalo, que eu sou sapatão. É um corpo mais masculino. É isso, é uma babaquice, a pessoa tem que tomar vergonha na cara. E como você acha que esse preconceito que a sociedade coloca, influencia a entrada de meninas nesse esporte? Fora o machismo também, é uma coisa que também implica muito no ingresso de outras garotas pra jogar futebol e não terem interesse. Mas eu penso que essa questão da sexualidade também seja um ponto contra que elas devem pesar assim. E também como é que, tanto a família delas, mas a sua família encarou esse fato. Como é que exemplos como você podem influenciar garotas a jogarem futebol e terem mais interesse a realizarem seus sonhos? Eu vejo muitas meninas que querem jogar futebol, que gostam do esporte, mas se sentem presas a dar em estereótipos estabelecidos pela sociedade. Como eu falei, o esporte que você joga não define a sua sexualidade. E também como a sua família encarou a sua entrada, tanto como uma pessoa que gosta de outras mulheres, mas também uma pessoa que joga futebol. No início a minha família foi bem resistente em me deixar jogar futebol e tal, porque eu já era meio a molecona, ficava jogando nas ruas com os moleques. Mas depois que eles foram vendo que eu gostava e que eu poderia me tornar algo, poderia trazer dinheiro pra mim, não tanto né, porque é a realidade do Brasil. Eu acho que eles ficaram mais abertos em relação a isso. Mas as outras meninas que se veem em mim, que eu tenho esse poder de influência sobre as outras, deveriam não deixar esse fator influenciar na decisão delas. Que se você quer jogar, se você quer fazer qualquer esporte, não seja só futebol, um esporte predominantemente masculino, você pode ir longe, você pode revolucionar, influenciar as meninas que querem também jogar. Cara, é muito lindo como as tuas palavras podem impactar outras meninas, não somente as que querem jogar futebol, qualquer tipo de esporte, qualquer outra coisa na vida delas, a serem o que elas querem e não se prenderem a ideias que a sociedade impõe, tanto antigamente como ainda hoje, que ainda persiste. Bom, Ricardo, você é técnico de um time e por conta disso nós queríamos saber o seu posicionamento em relação a algumas condutas que acontecem nas torcidas e dentro do time também. Por exemplo, você como um técnico que está ali convivendo com a organização e os jogadores, como é que vocês reagem a episódios de homofobias das torcidas, dos pátricos, como ocorreu Flamengo vs Grêmio no dia 15 de novembro de 2021? As organizações em geral publicamente repudiam esse tipo de ato, mas não tem leis e punições severas contra esse tipo de ato. Os jogadores, a grande maioria, respeitam seu companheiro de clube como qualquer outro. O respeito é essencial para um time sair vitorioso. O clube que eu participo está elaborando punições severas para esse tipo de ato que deve ser reprimido, já que o estádio é um ambiente familiar e as crianças não devem se unir com esse tipo de ato de respeito próximo. Como exemplo disso, no nosso clube, tem um jogador homossexual e todos os companheiros de clube o respeitam. Teve uma leve repressão da torcida, mas a gente conseguiu conscientizar essas pessoas. Então, Roberta, como os outros jogadores reagem ao saber que você é uma mulher trans? E como eles lidam com sua presença ativa no vestiário? Eu me sinto excluída e desconfortável com os olhares e comentários preconceituosos direcionados a mim. Tenho medo do que pode acontecer comigo nesse lugar, dentro desse ambiente. Me pergunto como uma ferramenta de inclusão social pode ser tão agressiva e preconceituosa. Nós da comunidade LGBT há anos lutamos pelo nosso direito de poder torcer, de poder competir, de ter acesso às vantagens da prática, mesmo que sejam amadoras. O debate sobre a participação da pessoa trans no futebol é importantíssimo. Poxa, para eu poder disputar em algum campeonato na região onde eu vou jogar, eu preciso ter um registro feminino, ou então uma aparência feminina. E uma das minhas maiores inspirações é a jogadora Sheila Souza, que tem uma história incrível no futebol. Nessa história, ela dizia que odiava jogar bola e, por ter um irmão homem hétero, o seu pai a forçava a jogar futebol, apesar dela não gostar. Ela disse que, na cabeça do seu pai, ela ia virar mais homem se ela jogasse futebol. Mas, com o passar do tempo, ela começou a gostar do futebol, mas não se enxergava no meio de vários homens. Aí ela conheceu algumas meninas e começaram a jogar juntas. Elas começaram a treinar juntas, mas, quando chegavam nos torneios, ela não podia jogar por não ter um registro feminino e nenhuma aparência feminina. Ela sofria preconceito e as pessoas diziam que a sua força corporal era diferente das mulheres. Depois, quando ela passou por um período de transição com o tratamento hormonal, que a fez abaixar a dose de testosterona, e depois que conseguiu mudar o seu registro no cartório, inclusive ela foi a primeira trans a conseguir o registro no cartório e o título de eleitora lá na cidade dela, na Bahia, depois de todo esse processo, ela começou a participar dos torneios. Quando foi oficializado a primeira mulher transexual a jogar futebol profissional feminino no Brasil, a notícia ganhou repercussão na internet e a jogadora foi alvo de preconceito e instigamento. E pra finalizar o episódio, eu queria agradecer, em nome tanto do meu quanto do Maria e da Técia, a pessoas como vocês, né, Roberta, Lia, Ricardo, por terem se disponibilizado pra achar a gente hoje, por ter esse tema, né, que foi a egiptefobia no futebol e a você, ouvinte, que escutou esse episódio. E não esquece, se gostou, nós temos episódios novos todas as quartas-feiras e terças, às 7 horas da noite. E é isso, gente. Até o próximo. Não esquece de me seguir nas redes sociais. Um beijo e tchau! Tchau!

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