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Inteligência Artificial.

Inteligência Artificial.

Que Nome Damos a Isto?Que Nome Damos a Isto?

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A Inteligência Artificial é algo tão banal que não percebemos que ela controla as nossas vidas. Ela escolhe o caminho que leva o menor tempo possível para percorrer do ponto A ao ponto B, ela preenche automáticamente os nossos dados para o IRS, ela faz a nossa matricula a um curso e inunda-nos com anúncios inocentes relacionados às nossas últimas pesquisas. Um olhar de Hugo Rufino Marques Em parceria com o jornal Postal do Algarve e com o centro Europe Direct Algarve

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AI Mastering

Transcription

The transcription discusses the use of artificial intelligence-generated photos that went viral, causing concerns about the spread of misinformation. The CEO of Mid Journey decided to start charging users for the service to prevent misuse. The lack of regulation for AI raises risks, as seen in cases of discrimination in recruitment processes and biased algorithms in predicting criminal behavior. The story of a father whose Google accounts were blocked due to a false accusation of child pornography highlights the unintended consequences of AI. Policymakers are working on regulations to address these issues. The importance of civic education in preparing future generations for a future dominated by AI is emphasized. The episode concludes with a statement about the need for human connection and caring for one another. Olá, Ora Viva, bem-vindos ao nosso primeiro episódio, que nome damos a isto? Todos vimos recentemente fotografias do Papa Francisco num casaco desportivo e de Donald Trump a ser detido. Essas fotografias tornaram-se virais e muitas pessoas acharam que eram verdadeiras, mas adivinhem, não eram. E não, nós estamos a falar de uma criação do bom e velho Photoshop, mas sim de fotografias geradas por inteligência artificial. Tal uso abusivo pela plataforma que gerava estas imagens levou o CEO da Mid Journey a encerrar o serviço gratuito da mesma passando a cobrar 10 dólares mensais por utilizador. Como é óbvio, este valor não irá parar ninguém que tem convicções políticas ao ser de vingança de utilizar tal ferramenta. E isto não passa de uma jogada de marting do próprio CEO. Este caso fez aumentar as preocupações dos especialistas sobre o risco do uso desta tecnologia para ampliar a desinformação na internet. Olhando para o caso de Portugal, nós podemos ver bem essa preocupação. Nos últimos meses temos assistido a uma greve dos professores sem precedentes que já levou alguns especialistas a afirmarem que esta nova geração de jovens vai ser a mais mal formada de sempre. Não tenho dados que possam confirmar nem desmentir esses comentários, mas posso garantir que não tenho dúvidas absolutamente nenhumas da má qualidade do ensino em Portugal e da falta que faz uma reforma no mesmo para poder preparar os jovens a serem cidadãos informados e estarem prontos para o mercado de trabalho numa era em que a inteligência artificial já é algo tão banal que não nos apercebemos que ela controla a nossa vida. A inteligência artificial escolhe o trajeto que demora o menor tempo possível para ocorrer do ponto A ao ponto B. É a inteligência artificial que faz o preenchimento automático dos dados para o IRS. É a inteligência artificial que nos inscreve automaticamente num curso ou nos inunda de inocentes anúncios relacionados com as nossas últimas pesquisas, anúncios esses que vamos ser sinceros, todos nós sabemos que são tudo menos inocentes. Tudo depende de uma palavra que se tornou muito famosa devido à pandemia do Covid-19, o algoritmo. A palavra é essa que se traduz numa sequência infinita de ações executáveis que visam obter uma solução para um determinado tipo de problema e essa solução depende dos dados que nós adicionamos a toda esta mecânica. De uma forma simples de explicar, as nossas vidas estão nas mãos dos computadores e como estes decidem classificar-nos consoante os dados que fornecemos. E para piorar a situação, a inteligência artificial não possui nenhuma regulamentação que estabeleça o seu uso de forma organizada e justa. Atualmente apenas existem formas indiretas de regular a inteligência artificial como é o caso do Regulamento Geral da Proteção de Dados que obriga as entidades públicas e privadas a um conjunto de regras na recolha, uso e manutenção dos nossos dados pessoais que, por sua vez, pode afetar o resultado do algoritmo. Os riscos do uso da inteligência artificial são enormes e o erro da aplicação dos dados pode levar à discriminação de pessoas como foi verificado em testes realizados em empresas no âmbito do recrutamento. O objetivo da introdução da inteligência artificial era uma redução das tarefas dos recursos humanos, permitindo os funcionários focarem-se no contacto de candidatos previamente selecionados por inteligência artificial a uma determinada vaga. O problema foi que, na realização do processo, o sistema gerava situações discriminatórias na seleção do candidato devido a um conjunto de características que não deviam ser consideradas para a vaga como, por exemplo, a idade do candidato, o local de residência, a nacionalidade do candidato, entre outras. Igualmente grave foram testes realizados nos Estados Unidos da América, onde se pretendia utilizar inteligência artificial para ajudar os tribunais a realizarem estudos sobre a probabilidade de uma determinada pessoa reincidir num determinado crime. O problema é que o algoritmo usado indicava que a reincidência de uma pessoa era maior por questões raciais e ou de etnia e não pelo seu registro criminal. As empresas que criam estas ferramentas alegam que o sistema não é criado para gerar uma segregação na sociedade nem para ir contra os direitos base dos cidadãos. Porém, a evolução do tal algoritmo, com a quantidade de dados introduzidos ao longo dos anos, acaba por gerar resultados, digamos, indesejados. Um desses resultados indesejados ocorreu em fevereiro de 2021 em São Francisco, Estados Unidos da América. Um médico do Parque verificou que o pênis do seu filho, ainda menor de idade, parecia inchado e estava a incomodar a criança. Preocupado e em plena pandemia, contactou o Centro de Saúde e marcou uma consulta online com o médico. Na consulta, o pediatra solicitou fotografias da área em causa que foram prontamente enviadas e após uma análise da imagem, concluiu que se tratava de uma pequena infecção, prescrevendo os antibióticos necessários para esta situação. Porém, o Serviço de Inteligência Artificial da Google considerou a imagem como pornografia infantil e bloqueou todo o acesso de Mark às suas contas Google. Citando o jornal The New York Times, ele, Mark, preencheu um formulário solicitando a decisão da revisão da Google explicando a infecção do filho. Ao mesmo tempo, descobriu o efeito dominó da rejeição do Google. Ele não perdeu apenas o e-mail, informações de contato de amigos, de ex-colegas de trabalho e documentação dos primeiros anos de vida do seu filho, como também a sua conta Google Fi foi encerrada, o que obrigou-o a obter um novo número de telemóvel numa outra operadora. Sem acesso ao seu antigo número de telefone e endereço de e-mail, ele não conseguiu os códigos de segurança necessários para acessar outras contas na internet, impedindo de grande parte da sua vida digital. Fim de citação. Em dezembro de 2021, dez meses após o incidente, Mark recebeu um envelope da Polícia de São Francisco que o informava que este tinha sido investigado devido a vídeos de exploração infantil. Contactado um inspetor em carregue do caso e explicado toda a situação, o mesmo alivou Mark do crime em causa por não reunir os elementos necessários para ser considerado um crime. Contudo, o relatório da polícia não serviu para a Google, que eliminou definitivamente todas as contas e respectivos dados que Mark tinha sido privado. Estes casos despertaram alertas nos decisores políticos e, neste momento, há membros do Parlamento Europeu a trabalharem numa regulamentação do uso da inteligência artificial, tendo por base o cuidado com a utilização e construção de algoritmos, bem como a necessidade de fiscalizar as empresas que usam e produzem estes dados. Seja como for, a maioria das pessoas não têm a noção que estão a dar os seus dados pessoais e a contribuir para estas super máquinas decisoras do nosso futuro. A educação cívica que é dada nas escolas, isto quando os professores se dão ao trabalho de cumprir o seu dever de formar os alunos e não de serem meros babysitters de adolescentes ou simplesmente estarem em greve, não deveria servir para neutralizar o género das pessoas, mas sim para formar as futuras gerações de cidadãos a estarem preparadas para um futuro muito, muito diferente da atualidade em que vivemos, onde plataformas como o chat GPT já têm a capacidade de realizar testes completos. Porém, no que toca à inteligência artificial, o mais longe que Portugal chegou foi aqui. O que apetece, eu digo-lhe o que é que me apetece. Vem já. Eu tenho a fama de baixar. Mas é verdade. Desculpe-me por exagerar. E se há-lhe falta, vem já. Manhã, à tarde, à noite. E no outro dia aconteceu uma cena incrível, que ainda bem que não foi apanhada pela televisão, só era o fim do mundo. Quando pude, vem já, de língua, até que enfim, duro. Mas entretanto, eu tentarei isso agora, com certeza. A coisa mais importante da vida é, vem já, como, de língua de pé, vamos doar. Com a da natureza, dando carinho uns aos outros. O que apetece, não das altas e os pequenos, passa a ser enorme. Enorme. Duro. Vocês tiveram a mais importante aula da vossa vida. Vem já. Não se esqueçam disso. É caso para dizer que não me damos a isto. Envie-nos a sua opinião para quenomedamosaisto.com e não percam os nossos próximos episódios, todas as quartas-feiras. Tenha uma boa semana.

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