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História das RII e o Rush Febril

História das RII e o Rush Febril

Manuela D'Avila

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Nesse podcast abordaremos o tema “o Rush Febril e a Exploração que construiu um Império: o solo Latino-Americano e Caribenho”, através de uma construção fictícia de personagens, cenários e instituição; pautado em uma pesquisa que segue o período de 1914 até a atualidade. O objetivo é expor e criticar, de forma acessível e divertida, o capitalismo norte-americano, as relações de poder e a exploração do subsolo latino-americano.

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Transcription

Valdez and Lima, investigators at DLACI, discuss cases involving the exploitation of natural resources in Latin America and the Caribbean by the United States. They uncover plans for mining in Brazil and Haiti, as well as copper exploration in Chile. They discuss the historical context of resource exploitation and the negative impact on local communities. They conclude that understanding our history is crucial in order to change the course of exploitation in the region. As investigadoras, Valdez e Lima, se encontram no ano de 2023, na capital do Haiti, Porto Príncipe, na sede da DLACI, agência latino-americana e caribenha de investigação, instituição internacional responsável pela investigação jurídica dos crimes de lés-humanidade. Se estrutura em mais de 200 agências federais espalhadas por 35 países latino-americanos. Elas só tinham um café e um sonho, quebrar o silêncio em relação a América Latina e Caribe. A sala, composta por cortinas blackouts para impedir a exposição dos fortes raios solares do litoral, e apenas algumas luminárias para clarear os papéis e pensamentos nessa longa jornada de trabalho, que revelaria os interesses ocultos nos minerais estrangeiros e estratégicos considerados de valor crítico para o potencial de guerra dos Estados Unidos. Bom dia Lima, já pega um cafezinho que hoje o dia vai ser longo. Aproveita que eu acabei de passar e está bem forte. Hum, bom dia, hoje é dia de caso novo. Finalmente solucionamos a Operação Brother Sam. Tudo mesmo, agora vamos ver o que a Central tem para a gente. Bom dia, colaborador X234, pronto para informar com quem eu falo. Bom dia, é a investigadora Lima da Sessão 2D, Departamento de Investigação Histórica. Quero saber qual o próximo caso a ser solucionado. Ah, Lima, é você? Ligo na hora certa. A questão de espionagem acabou de se acertar com uma ligação entre um oficial norte-americano, falando de uma exploração de inúbio no Brasil e ouro no Haiti. Vou enviar para sua caixa de mensagem. Esses caras não cansam de mexer com a gente, hein? Nem me fale. Ok, Central, já recebi o áudio. Aliás, estou com a Valdez aqui. Mas enfim, o que precisamente querem de nós? Se formos investigar tudo o que os Estados Unidos já fizeram por aqui, eu me aposento nesse caso e a Valdez compra uma farmácia de calmantes. Vocês precisam investigar como se imite o interesse dos Estados Unidos pelo solo de nosso território latino-americano. Podem fazer um recorte histórico, sabem? Procurem eventos datados de 1789 até 1945. Eu sei que não é uma tarefa fácil, mas as pessoas que podem fazê-la são vocês, Lima e Valdez. Obrigada pela confiança, X234. Até a próxima. Hasta la victoria, hoy y siempre. Adoro esse cara, sempre tão bem-humorado. Vamos conferir a mensagem do estadunidense. Bom dia, parceiro. Você está animado? Porque eu estou super animado para compartilhar com você hoje os planos de exploração da subsuperfície da Terra pela nossa mega empresa. Nosso objetivo é acessar os vastos recursos que se encontram abaixo da superfície da Terra e utilizá-los para criar um futuro mais sustentável e próspero para a nossa grande América. Nossos especialistas estão analisando algumas regiões para que possamos começar nossa jornada. A primeira região que analisamos foi o estado de Minas Gerais, no Brasil. Lá se encontra o maior depósito de mióbio. As condições para extrair são muito atraentes. A mão de obra é barata e o valor deste mineral é desconhecido no Brasil, o que torna muito fácil para nós extraí-lo sem muito custo e comprá-lo do governo brasileiro por um preço muito baixo. Além disso, nossa grande empresa, a Neumann Mining Corporation, está pronta para embarcar em uma nova jornada no Haiti. Devemos nos preparar para trabalhar duro, não podemos perder esta excelente oportunidade de investimento. Viajaremos mais de 1591 quilômetros indo do noroeste até o norte, nordeste até o centro. Este projeto é um dos maiores que já projetamos. Acreditamos que o Haiti tem um grande potencial para produzir ouro de alta qualidade e estamos seriamente comprometidos em investir na construção de ferrovias e portos para transportar o material para nossas indústrias em seu país. Sabemos que há desafios a serem enfrentados, mas temos confiança em nossa capacidade de superá-los e contribuir para o desenvolvimento de nosso futuro, aumentando as reservas deste mineral altamente valorizado. E ainda não acabou, também temos uma parceria com a vocês Mining Inc., que dedicará mais esforços no norte do país, concentrando-se na área de Morne Bota, perto da cidade de Cap-Haiti. Nossas reservas de ouro vão explodir, não há dúvida sobre isso. O pessoal da espionagem vai ter trabalho para resolver essa, hein? Eu é que não queria estar na pele deles agora, apesar de também termos muito trabalho pela frente. Mãos à obra! Encontrei algo bom aqui. Exploração de cobre no Chile. Quer dizer, você me entendeu? Sim, eu entendi. Também enchei uma declaração dos representantes da BATL em Steel Corporation. Vou traduzir para você. Gostaríamos de compartilhar com vocês nossos planos para a exploração do minério de ferro no Brasil. Acreditamos que o país tem um grande potencial para a exploração de minérios de ferro. Sabemos que existem desafios a serem enfrentados, mas estamos confiantes em nossa capacidade de superá-los e contribuir para o desenvolvimento da indústria seterúrgica americana, como um dos principais produtores de minérios de ferro do mundo. Esse tom de herói da pátria estadunidense me irrita profundamente. O Brasil é um país que tem um grande potencial para a exploração de minérios de ferro. O Brasil é um país que tem um grande potencial para a exploração de minérios de ferro. Esse tom de herói da pátria estadunidense me irrita profundamente. Vou te falar em ima. Acho que essa arrogância é característica desses capitalistas, porque localiza em outra empresa deles, no caso do Chile. Dá só uma olhada. Prezados investidores e colaboradores. É com grande entusiasmo que estamos aqui hoje para falar sobre nossos planos de exploração de cobre no Chile. Como vocês sabem, a The Guggenheim Exploration Company é uma empresa comprometida em criar valor para nossos acionistas e maximizar o retorno sobre investimentos. Nós acreditamos que a exploração de cobre é uma grande oportunidade de negócio, com um enorme potencial de crescimento e lucratividade. Nossas estimativas mostram que a região de Atacama tem alguma das maiores reservas de cobre do mundo. E estamos confiantes de que podemos extrair esse recurso de maneira eficiente e rentável, objetivando a levar benefícios a todos. Nunca se esqueçam do lema-chave da nossa empresa. Aumentar a produção, reduzir os custos e maximizar os lucros. Benefício a todos? Como se eles conservassem seus próprios interesses por motivos sentimentais. Na realidade do business world, os motivos econômicos sempre irão prevalecer. Eles pensam que nascemos ontem. Só pode ser brincadeira. Enquanto eles brincam de dominação, a vida dos moradores em Xucupicamata não está nada fácil. Suas rotinas têm sido invadidas por uma quantidade maciça de fumaça, advinda das explosões das minas, localizadas a menos de 3 quilômetros da cidade. Isso está impedindo tanto a respiração dos moradores locais quanto da nossa própria América Latina. Revoltante? Isso só me faz lembrar a célebre frase do Eduardo Galeano. A economia norte-americana precisa dos minerais latino-americanos. Como os pulmões precisam de ar. A contemporaneidade desse escritor é assustadora. Abrende todas as nossas análises históricas. Nunca é fácil desvendar tal invasão estrangeira. Nióbio, ouro, cobre... São tantos nossos tesouros naturais. Mas ainda temos que retornar ao caso do solo brasileiro, né? Sim, é impossível deixar de lado. Tal empreendimento nos leva direto para o período entre guerras. Precisamos lembrar que qualquer guerra entre nações só é possível através do uso de grandes recursos naturais. Os anos entre 1918 a 1939 são anos marcados por uma verdadeira corrida subterrânea. Valdez, você encontrou alguma coisa nessa pesquisa? Por onde começar? Se aproveitaram da recém-nascida indústria e república brasileira. Introduzindo seu capital em troca de desenvolvimento. Compraram jazidas de ferro a preço de terra. Não cumpriram a legislação. Promovendo desinteresse em desenvolver as perústicas nacionais para que o Brasil não se beneficiasse de sua própria riqueza. E só degradaram o país de todas as formas. Quando o Brasil se deu conta e caducou os contratos com as empresas estadunidenses, vieram-nos de papo de acordos de paz e desenvolvimento. Acordos de Washington. A verdadeira questão é, paz e desenvolvimento para quem? Esse pretexto de paz é tudo lorota. É assim que os Estados Unidos se metem onde não foram chamados. Claro que para conseguir la plata. Espera, teve exploração de prata também? Não. Quero dizer que é no discurso de que eles podem resolver nossos problemas em prova da paz. Que conseguem se desenvolver no sistema capitalista. Então, la plata é no sentido da grana, Valdez. É na exploração do nosso solo e da nossa gente. Exploração. Verdade. Resolvemos mais um caso histórico que não ficou tão no passado assim, né Lima? É, isso mesmo. Mas finalmente podemos dizer. Caso encerrado com sucesso. Agora, até que horas fica aberto o Barack Barr mesmo? Depois dessa longa jornada investigativa, as detetives Lima e Valdez concursam sobre a exploração dos Estados Unidos e as relações iguais sobre os minérios. Evidenciando um sistema mundo em um período de industrialização, guerra e até os dias de hoje. Recolhem a térmica de café, que já se encontrava vazia. Abriram as cortinas e o vidro da janela. Era amanhã, já estava na hora da luz do sol e do ar fresco circular pela sala. Porque o trabalho estava cumprido e não havia seção melhor do que a de sair da caverna e de entender nossa própria história. Afinal, só assim poderemos mudar o percurso, conhecendo as nossas veias abertas latino-americanas. Trago então a seguinte reflexão de Eduardo Galeano. O passado é mudo ou continuamos sendo surdos?

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