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JOÃO BATISTA (vendedor)

JOÃO BATISTA (vendedor)

Julia Lima

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João Batista Estêvão Bezerra, a farmer at the Benfica market, sells various organic products such as tomatoes, carrots, and beans. He and his colleagues bring products from other farmers to sell at the market, taking a 30% commission to cover transportation costs. They start their day at 2am and sell products every 15 days. João has been involved in agroecology for 13 years and has seen a significant increase in demand for organic products. However, there is no government support for farmers like him. He believes that large-scale producers use harmful pesticides and that the lack of support for organic farming is due to their influence. João is part of a community church that only uses natural products and does not allow smoking. He hopes to see more incentives for organic farming in the future. Aí primeiro o senhor pode só se identificar, falar seu nome completo e a sua idade. João Batista Estêvão Bezerra, 46 anos. Pronto, e aqui na feira do Benfica que tipo de produtos você vende? Aqui nós vendemos tomate, cenoura, beterraba, o milho verde né, quando chega na época. Vendemos também o feijão, feijão verde, macaxeira. Quando está na época da fruta, manga, laranja, todo tipo de fruta. Nós só não trabalhamos com maçã porque a gente sabe que aqui no Ceará a gente não produz maçã, né. E em termos de folhais, nós temos o alface crespo americano, a salsinha, o salsão, a rúcula, o espinafre, o alho poró, tudo isso a gente traz. E é tudo produzido por vocês? Isso, além de nós que trazemos, nós temos outros companheiros que produzem, né, e a gente traz os produtos deles e a gente trazendo esses produtos deles, que a gente faz, como eles não vêm, sai o custo muito alto, a gente tira 30% do produto dele que é vendido, né, que é já para ajuda de custo, né, o transporte que a gente paga, né, e a nossa diária. E o restante a gente entrega ele, maciço, batonete. Então, no caso, eles não saem de lá e você vem para cá para passar o dia? Isso, isso, a gente sai de lá, né, para vir para cá, a gente sai de lá 2 horas da manhã, né, e aí vem, quando chega aqui, às vezes 5 horas, 5 meias, né, para a gente poder fazer todo esse processo aí. E você já participa da Sirga aqui há quanto tempo? 13 anos. Ah, bastante tempo, né? É, nós somos um dos fundadores, juntamente com os outros companheiros, né, e a gente acompanha, só que antes já tinha outros, né, e eu vim entrar bem depois. Você percebeu uma diferença na movimentação no passado para hoje? Mudou muita coisa? Grande, mudou o mundo, entendeu? Tanto a clientela, né, como a produção também mudou o mundo. Porque antes, há 13 anos atrás, praticamente só era nós, né, que trabalhava com produtos orgânicos. E hoje, como eu falei no início, nós já temos em vários cantos, né, a feira orgânico, ou seja, a agroecológica, né. Aí hoje, quer dizer, movimenta muita gente, né. Tem gente que vai para outra feira lá no Parque do Cocó, aí não tem lá o que eles querem, eles vêm para cá. Aí quando não tem o que eles querem aqui, eles pegam para lá. Quer dizer, eles têm opção, e antes não tinha. Ou era aqui, ou não, né. Quer dizer, melhorou muito, porque hoje o consumidor tem opção, né, e nós aqui só vendemos 15 em 15 dias. E eles lá agora estão fazendo toda semana, né, semanalmente. E assim, o que que fez você entrar nesse mundo da agroecologia? Por que que você começou a vender nesse tipo de feira, produzir esses tipos de produtos? Olha, eu, desde quando eu me entendi por gente, que eu trabalho na agricultura juntamente com a minha família. E antes, a gente era morador, né, e a gente trabalhava com o patrão da gente, tudo com veneno. Tudo era veneno, veneno, veneno, tipo de veneno. Às vezes a gente passava o dia todo com um pulverizador de 20 litros nas costas. Quando não era eu, era meu pai, era meus irmãos, trabalhando em horta, né, tomate, pimentão, a mesma coisa de hoje. E aí surgiu um dia um cidadão lá de Barreiro, chamado Irã, lá no nosso município de Capistrano, ele disse que estava fazendo, dando uns cursos de agroecológico, né, de produtos orgânicos, como trabalhar, né. E aí eu me interessei, juntamente com o meu companheiro ali, Pelé, e outros mais lá. E aí a gente foi fazer esse curso e a gente gostou muito, né, como trabalhar, né, como produzir os produtos para combater os insetos sem precisar de usar o veneno, né. E aí foi a partir daí que a gente foi gostando e, graças a Deus, estamos até hoje. E aí, na produção, vocês recebem algum tipo de auxílio? Existe uma política pública voltada para ajudar vocês? Feito pelo Estado, pela presidência? Não, não, isso a gente não tem. Isso a gente não tem. A gente trabalha por conta própria. Nós trabalhamos por conta própria. Nós não temos essa ajuda, né, que é o que deixa muito a desejar para quem trabalha na parte da agroecologia, na parte do orgânico, né. Agora que está iniciando aí um programa para a gente se certificar, né, e a gente, graças a Deus, a gente está tentando conseguir se certificar, né, através desse grupo que hoje coloca lá no Parque do Cocó. Qual é o nome do programa? É, é o... qual é o nome do programa? Estou lembrado aqui, não sei se tem a mapa. Eu sei que tem a mapa, que é o Ministério da Agricultura do Governo Federal, mas eu não sei se é... Não, pois é. Não, rapaz, eu pergunto para o outro colega ali. E assim, essa questão da agroecologia, da agricultura familiar que você tinha citado, também é uma questão política, né, porque na questão dos desmatamentos, os grandes produtores desmatam muito, né. E como que você percebe essa questão? Rapaz, eu acho que é por isso que nós pequenos, que trabalhamos com a agroecologia, trabalhamos com o orgânico, eu acho que é por isso que a gente não tem tanto apoio, né, porque aí se a gente der continuidade, e tem muita gente fazendo isso, a gente sabe que está enganando, está incomodando o grande, né, e o grande ele só quer produzir cada vez mais, porque eu tenho certeza que o que ele produz com tanto veneno ele não bota na mesa dele para comer, né, ele não bota na mesa dele para comer. Agora o restante da população que vai morrendo pela boca igual o peixe, que ele primeiro só morria pela boca do peixe, mas hoje o ser humano está morrendo mais do que o peixe. É, porque é a realidade. E a gente vê que a gente incomoda muito, né, esse pessoal, por causa do natural, né. Inclusive nós temos no nosso município, lá em minha comunidade, a igreja que eu também participo, a igreja Messiane, lá só é produto natural. Lá nós temos um polo que são 5 hectares, que se trabalha lá. Lá não coloca-se produto de nada, nem esterco é colocado, é só levantou a terra e produziu o produto. Colocou a semente ali e cuida dela. Temos dois funcionários que trabalham lá. É o chamado produto natural. Para melhor dizer, lá nem fumar, a pessoa não tem direito de fumar. O espaço lá é grande, todo coberto, nós temos as fronteiras e tudo, mas tudo natural. Essa igreja, Messiane, ela não aceita o uso do agrotóxico, tudo é natural, tudo é natural. E fica onde? Não é em Porto Alegre, né? Não, é no Marfim de Baturiteca, abstrato. Então você tem bastante iniciativas, né? Tem a igreja. Isso. Nós temos, eu acho que somos em torno de 10 produtores, que estão trabalhando no produto orgânico. Aos poucos, a gente está desenvolvendo, sem precisar de usar o veneno. Diga assim, por que não temos tanto incentivo? Você sabe que uma coisa que vai lhe fazer bem, que vai fazer bem o próduto, era para você ter 100% de incentivo, né? E você não tem. Por isso que eu digo que a gente não tem tanto incentivo como era para a gente ter. Pronto. Mas então, era só isso mesmo, viu? Rendeu muito.

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