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Falando de Longe #01

Falando de Longe #01

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Teste criticando nenéns

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The podcast host, Daenara, talks about feeling isolated and missing her friends since moving to France in 2021. She attributes her difficulties in socializing to the impact of the COVID-19 pandemic on her mental health. Daenara admits to becoming more grumpy and difficult to handle but embraces this aspect of her personality. She decides to start a podcast to have conversations with herself and reconnect with friends. She shares her experience staying in Barcelona, where she avoids interacting with a baby who dislikes her. Daenara discusses the challenges of interacting with the baby and expresses relief when the baby and its family leave for a funeral. She enjoys her time in Barcelona and appreciates the apartment's location near the beach. Olá, esse é o podcast Falando de Longe e eu sou a Daenara, sua host. Nesse podcast você vai encontrar muitas inutilidades, muitos pensamentos, aleatoriedades e coisas que eu gostaria de comentar com os meus amigos, mas eu não tenho mais oportunidade, porque desde 2021 eu moro fora do Brasil, eu moro na França, em Lyon, e eu sinto muita falta de jogar conversa fora com os meus amigos, e eu não tenho mais oportunidade, porque todo mundo tem mais vida para viver, exceto eu. E, ah, mas Daenara, é só você fazer novos amigos. Isso seria fácil se eu fosse uma pessoa que faz novos. Eu tive muitas dificuldades desde que eu cheguei para conseguir socializar normalmente e eu acho que talvez eu nunca consiga socializar normalmente. Eu sinto que a covid-19 foi um grande marco na minha trajetória de saúde mental e eu sinto que eu fiquei a bluberzinha das ideias durante esse período todo de 2020 até final de 2021. E foi muito difícil para mim sair dessa experiência toda sendo a mesma pessoa. Eu sinto que eu perdi muito da minha capacidade de socialização, eu perdi muito do meu carisma, perdi muito da minha sociabilidade, perdi muito do meu interesse pela vida das pessoas, perdi muito da minha habilidade de comunicação, perdi também o meu saco. Mas, em contrapartida, me tornei uma pessoa muito mais rabugenta, mais reclamona, mais difícil de lidar. Mas eu acho que isso tudo faz parte de quem eu sou, eu preciso abraçar esse lado, esse lado daenarinha de ser legalzinha, mas chata. E aí eu sou muito essa pessoa e me tornei ainda mais, tipo, sou insuportável, mas eu vou te fazer uma risadinha. Parece... a daenarinha é muito chata. Pois é, é sobre isso. E por isso que eu sinto falta dos meus amigos também, eu acho que eles entendem muito desse meu lado rabugentinha, mais legal. E eu sinto que para as pessoas hoje em dia eu passo mais o rabugentinha do que o legal, eu passo muita rabugice antes de mostrar, eu fecho de legal, aí isso afasta um pouco as pessoas. Aí quando não é isso que afasta as pessoas, sou eu mesma que afasta as pessoas, porque eu não quero conhecer as pessoas, não quero estar tão perto, não quero gostar tanto das pessoas, e às vezes as pessoas também são difíceis de gostar. Então, melhor do que sair pra rua e fazer amigos? Fazer um podcast onde eu posso falar com a minha melhor amiga, que sou eu mesma. É a melhor opção. Eu pensei, ah, vou sair na rua pra fazer amigo? Não. Eu sinto falta de falar português? Sinto. Vai fazer mais amigos? Lusofones? Não. Eu vou fazer o quê? Um podcast onde eu vou falar sozinha. Eu acho que é bom. Enfim, nesse podcast eu pretendo conversar com amigos meus, né, porque é uma das coisas que eu sinto muita falta desde o lockdown, desde que eu me mudei do Brasil, no final de 2021. Eu sinto muita falta de conversar com os meus amigos, de saber a opinião deles sobre nenhum assunto e eu não tenho mais essa oportunidade. Então, é sobre isso. E tá tudo bem. Hoje tá sendo um dia muito legal, porque apesar de morar na França atualmente hoje, dia 2 de novembro de 2023, eu estou em Barcelona, na casa de um amigo do meu atual conge. E esse amigo tem uma esposa e um neném, e também tem um outro amigo do meu conge, que também estava em Barcelona, e ele tem uma esposa e duas crianças. Uma de 5 e uma de 7. Duas meninas. Que são fofíssimas. E tem o dono do apartamento que eu tô, tem esse neném que me odeia. O neném simplesmente não vai comer a cara. E toda vez que olha pra mim a cara, o neném chora. E assim, eu não consigo lidar com isso, porque, um, que eu não gosto de neném. Eu não sou essa pessoa do neném. Ai, meu Deus, o neném. Ai, que neném, neném. Ah, não ligo pra neném. E salvo os nenéns que eu tenho intimidade. Mas os nenéns que eu tinha intimidade, hoje em dia eles são todos adultos. Então, não tem mais neném pra mim. Na face da terra. Ai, eu vejo o neném e eu fico meio sem reação. Ai, eu não sei se o neném chora, porque ele percebe o meu desespero pela pressão de interagir com ele, né. Interagir com neném em português já é esquisito pra mim. Em francês, eu não sei nem o que que eu falo. Talvez o neném, ele sinta o meu desespero, ai ele fica desesperado também. Ele chora, né. Ou talvez o neném seja um grande pão no cu, né. Porque, paus no cu, também são nenéns. Também foram nenéns. Pessoas escrotas também foram nenéns um dia. Você não pode falar que todo neném vai ser uma boa pessoa. Toda uma pessoa foi um neném. Resumindo, enfim. O neném não gosta de mim e ele chora muito, né. Quando ele não tá chorando por algum motivo aleatório, ele tá chorando porque eu tô olhando pra ele. Ai, é só quem é de neném desagradável. Ai, não, mas são apenas nenéns. Nenéns choram. Não, eu sei, gente. Nenéns vão ser nenéns. Tá tudo certo. Mas eu sinto que eu tenho o meu direito de não querer me aproximar desse neném especificamente. Porque é muito constrangedor, gente. Ontem aconteceu do menino estar brincando. Ai, ele fez, sei lá, um gol. Ai, todo mundo começou a aplaudir. Ai, eu comecei a aplaudir também, né. Bateu palmas pro neném. Ei, neném, parabéns. Ele todo felizinho, olhando pra todo mundo. Ele pousou o olhar no meu rosto. Ele começou a chorar como se eu tivesse dado um soco na cara dele. Nossa, mas como que o neném chorou? Nossa, mas o neném, nossa. Acabou com o dia dele ali. E eu fiquei, gente, que? Eu não sei reagir. Ai, além da reação do neném ser exagerado, né. Porque, assim, não gostou de mim. Beleza, meu irmão. Ah, porra. Não te bati. Tem os adultos que ficam sem entender. Tipo, olhando pra mim, olhando pro neném. Gente, por que que você tá chorando? Não chora, não chora. Nossa, minha vontade era de pular num buraco. Enfim, desde aquele momento, eu desisti de interagir com esse neném. E eu fingi que ele não existe, apesar de eu estar hospedada na casa dele. Aí eu ficava naquela, né. O neném ia pra caixa de manhã, graças a Deus, vou sair do quarto. Aí o neném tava em casa, fazia força pra não ter nenhum contato visual com aquele neném. Aí o neném ia dormir, opa, vou jantar. Aí, enfim. Só que, infelizmente para muitos, mas felizmente para mim, o dono do apartamento teve uma emergência de família, porque uma pessoa faleceu. Triste, cara. Morte, né. A morte é dessa. Como um ladrão, ela chega e ela leva as pessoas que estão vivas. Pessoas que tão quase com 100 anos, né, porque a pessoa falecida tinha 98. Então, para a tristeza de muitos, essa senhora faleceu. E para a alegria de certas pessoas, os donos da casa e o neném tiveram que viajar. Viajaram, tiveram que viajar. Foram para a França, acompanhar o enterro de uma senhora que eu não conheço. Mas eu já sou muito grata pela sua morte. Ai, Danara, que maldade. Não, gente, eu espero que ela faça uma ótima passagem. Eu desejo tudo de bom para essa senhora. Desejo tudo de bom para esse neném. Desejo tudo de bom para sua família. Assim, muita força para eles. Força e muita força. Eles são os nossos representantes. Mas a experiência aqui em Barcelona, nossa, tá 200% agora que não tem eles nem esse neném. Nossa, olha, eu posso sair para sentar em bar e beber na beira da praia tranquilo. Eu não preciso fazer programa de criança. Ai, mas não dá para ter criança aqui nesse botiquinho. Poxa, que pena, hein. Mas eu posso ir porque eu não tenho criança mais. Assim, não que eu odeie neném, gente. Não odeio neném. Inclusive, se eu odiasse neném, eu ia estar forçando esse neném a conviver comigo. Porque é o que o Arthur quer que eu faça. Ele estava falando mais cedo que eu tinha que me esforçar para interagir mais com o neném. Falei, Arthur, estou um pouco me fudendo. Mentira, não foi isso. Falei, Arthur, eu entendi que o neném não gosta de mim. E eu também, infelizmente, não tive a oportunidade de conhecê-lo o suficiente para gostar dele também. Eu acho que cada um tem que viver a sua vida, cada um para um canto. E eu não vou ficar me forçando a jogar bola com essa criança. Não quero jogar bola. Não tem interesse nenhum, não vejo vontade. Ele não, mas tem que tentar interagir com essa criança. Porque, tadinho, o filho do amigo dele gosta da criança. A criança aí para ele é um neném, para ele até é um neném. Para mim, é um neném. Para mim, é um algo. Não é um algo, não. Algo é novo, algo é forte. Para mim, esse neném é só mais um neném que não é meu, não faz parte do meu círculo social, não me identifica com ele. Ele não me identifica comigo. Ele vive a vida dele de um canto. Eu vivo a minha vida no outro canto. E está tudo certo, não tem isso de, ah, vamos ser amigos. Eu não quero amizade com nenhum. Inclusive, o neném é francês. Que não tem interesse nenhum em fazer amizade com gente da França. A única pessoa da França que eu fiz amizade é o meu atual conge. E acabou o resto. Infelizmente, eu só convivo porque eu sou obrigada. Ah, não, as palavras duras, pois é. Mentira, Arthur, se você ouvir mentira, nem estou brincando. Eu amo a sua família. Sim, eu amo, amo todos eles. Enfim, agora que o neném foi embora, minha experiência aqui está sendo maravilhosa. E o apartamento é incrível, Barcelona é uma cidade ótima. Nossa, deve ser tudo morar aqui. Eu ia amar, amar, amar. E é bem de frente para a praia. E, inclusive, ele mora num apartamento que faz parte, fazia parte da cidade olímpica. Da época que as Olimpíadas foram aqui em Barcelona. Foi aqui em 2004, sei lá. Enfim, são apartamentos muito funcionais, muito fofos. Tipo, de frente para a praia. Eu amei, amei, amei, amei. Inclusive, aproveitar a experiência, né? Porque, infelizmente, o velório vai durar só um dia. Eles foram hoje, vão enterrar a senhorinha amanhã. E no sábado, talvez, eles estão vindo embora de novo. Aí vai ter mais neném. Mas vamos torcer, né? Pra eles não voltarem esse final de semana. Aí a gente vai embora. E ele não volta, mentira. Não, é sacanagem. É isso. Caramba, gente boa. O problema é que o que acontece muito comigo é isso. Eu acho uma pessoa gente boa, legal, pá, não, não, não. Mas, assim, eu não quero passar o dia inteiro com você. Eu não quero passar o dia inteiro jogando conversa fora com você. Eu não quero ficar brincando com o seu neném. Eu não quero ouvir suas histórias de trabalho o dia inteiro, sabe? Daí eu tenho muitos limites com relação à intensidade de interação. Porque passar três dias inteiros com pessoas que eu, sei lá, nem amo. Nossa, é um grande exercício, né? É um grande exercício. Acho muito complicado. Não gosto. Mas são coisas que a gente precisa fazer quando a gente tá em pequena amizade. Pequena amizade é uma palavra que eu inventei, que saiu da palavra francesa petit ami, que é tipo namorado ou namorada. E, assim, introduzindo pro português, petit ami é amiguinha ou amiguinho. Aí tem isso, né? O seu namorado é um amiguinho. Aí, às vezes, eu chamo meu conge de amiguinho porque ele é meu amiguinho. E eu falo que a gente tá em petit ami-ti, que a gente tá em pequena amizade. E é isso. Enfim, a pequena amizade demanda alguns esforços da nossa parte, né? O preço que a gente paga de se relaxar. A pequena amizade demanda um esforço da nossa parte, né? O preço que a gente paga pra estar em um relacionamento. E o preço que eu pago, geralmente, é conviver com pessoas que não têm vontade de conviver. Porque, pra além do meu chuchu, eu não quero passar tempo com mais ninguém, sabe? Não quero conhecer os amigos dele. Não quero conhecer as esposas dos amigos. Não quero brincar com as crianças. Eu não quero conversar com o tio dele. Não quero saber o que a tia dele faz no final de semana. Eu não quero. Eu não quero. Eu só não quero. Mas aí, se eu falar assim, ah, fulano, eu acho muito triste que você tenha amigos de família. Se eu não falar assim ainda, você é muito tóxica. E, realmente, estarei sendo muito tóxica. Então, para não ser tóxica, eu me esforço nessas atividades. Mas eu sempre deixo claro que eu tô fazendo esse esforço, que não tá sendo fácil pra mim. E que ele tem que lembrar disso todos os dias. Cada gota de suor metafórico, né? Cada suor mental que eu... Cada gota de suor metafórico que eu derrubar, ele tem que estar consciente que eu tô fazendo esse esforço. É isso, né? Lutas e lutas. Sou muito guerreirinha, muito guerreirinha. Tenho muito medo desse podcast não dar certo e ninguém escutar. E se ninguém ouvir... Será que ele existiu? Existiu, né? O que eu tô fazendo aí. Mas eu queria fazer ele de um jeito muito low profile pra ninguém saber. Até porque eu pretendo me expor de certa forma, né? Até porque eu pretendo me expor de certa forma, né? Eu tava falando mal de um neném. Daí eu acho que eu gostaria de deixar minha identidade um pouquinho assim. Quem será essa pessoa? Quem será? Quem será? Gosto desse chá. Talvez eu precise de uma cervecinha. Adoro. Enfim, esse podcast surgiu do meu desejo de conversar em português com as pessoas. E surgiu da minha vontade de fazer um projeto assim. Onde eu pudesse conversar com as minhas pessoas favoritas. Onde eu pudesse me expressar de certa forma. Porque eu sinto muita falta de poder conversar em português com as pessoas que eu amo. E eu passo dias e dias, às vezes, sem falar português com ninguém. Eu só falo sozinha, né? Sozinha. Sozinha. Surgiu também das minhas sessões de terapia com a Dona Roseane. Um beijo, Dona Roseane. Em que esse assunto surgiu sobre eu falar sozinha por causa de uma situação em que eu acabei falando sozinha. Sem saber que ela estava me ouvindo. Então, eu achei que a ligação tinha caído, né? Eu vou contar a história. A minha psicóloga, ela mudou a plataforma de atendimento, né? Na verdade, ela fazia as sessões pelo Bonit. E ela começou a usar uma plataforma específica para os atendimentos dela. Então, no início, eu não entendia que essa plataforma não era compatível com o Opera que eu usava no meu celular. Eu sou, sim, eu sou aquariana. Eu sou diferentona. Eu uso Opera. Eu sou esse tipo de pessoa. Enfim, o Opera não era compatível e toda vez que eu entrava na sessão online pela plataforma, eu ficava alguns segundos na chamada, mas depois a ligação caía. Mas isso de a ligação cair era uma percepção que eu tinha. Porque, na verdade, eu não caía da ligação. Então, a minha psicóloga continuava me vendo, me ouvindo, mas eu não conseguia ver nem ouvir a minha psicóloga. Então, a primeira vez que isso aconteceu, eu comecei a contar uma situação que me deixou muito triste. Assim, eu entrei na sessão e eu ainda estava lá nos segundos de funcionamento. E eu comecei a contar da situação que estava me deixando muito triste. Então, eu abri a boca para contar a situação e o meu olho já encheu de água, porque eu sempre choro muito. Chorei contando, contando. Aí passaram uns 20 segundos, eu já estava chorando no áudio do meu desespero. Aí a ligação caiu, entre aspas, porque ela não tinha caído. Aí eu pensei, putz, a Dona Rosiane caiu. Eu vou aproveitar, pegar um chazinho ali para mim, colocar mais água para esquentar enquanto ela volta. Porque essa era a sensação que eu tinha, a percepção que eu tinha de que ela tinha caído. Só que nesse período em que eu decidi levantar para esquentar a água para fazer mais um chá, eu continuei contando o que eu estava contando para ela, só que eu estava contando para mim mesma. Daí eu contei, contei o que estava acontecendo. Chorei enquanto eu estava fazendo o chá. Aí a água esquentou, não sei o que. Voltei, sentei na cadeira. A Dona Rosiane ainda não tinha voltado. Aí eu saí da plataforma, mandei mensagem para ela no WhatsApp e ela, aí, mas onde você está? Ah, não sei o que, enfim, a plataforma não funcionou. Então, ela abriu uma chamada no Google Meets. A gente foi falar no Google Meets. Aí, enfim, começou. A gente foi continuar a nossa sessão. São uns 10, 15 minutos depois de início. Aí ela falou, então, Daymara, eu estava te ouvindo. E naquela hora, gente, o mundo caiu para mim. Nossa, eu acho que eu fiquei congelada assim, igual aquela cena de Avenida Brasil, eu congelei, porque ela ouviu tudo que eu falei e ela me ouviu falando sozinha. Aí eu fiquei, meu Deus, eu falo sozinha. Porque, assim, faz um tempo que eu falo sozinha. E desde o Covid mesmo, desde 2020, que eu comecei com esses furtos, assim, de ouvir podcast de mesa de bar e me incluir nas mesas de bar e ficar ali falando sozinha, como se eu estivesse participando, como se tivesse alguém me ouvindo. Só que, como ninguém sabia disso, porque eu só falava sozinha quando eu estava realmente sozinha, o problema não existia, mas na hora que ela me contou que ela me assistiu falando sozinha e chorando sozinha, enquanto eu preparava o meu chá, nossa, aquilo ali caiu como uma bomba na minha cabeça. Foi uma grande... Aí foi um Deus indacuda, né? Foi um grande Deus indacuda. Aí eu comecei a pensar sobre isso, tipo, nossa, realmente, eu falo sozinha desde muito tempo. Aí a gente conversou sobre isso e fiquei com isso na cabeça. Daí, chegamos a algumas conclusões? Chegamos, mas, assim, resumindo, a minha saúde não estava mental, mas, assim, para além disso, sentia muita falta de falar português, sentia falta de conversar em português. E nas sessões que a gente fazia, eram momentos, assim, muito... Gente, tem fogo pegando ali na rua. Gente, botaram fogo no lixo. Ó, botaram fogo no lixo. E tá ventando muito. Por que botaram fogo no lixo, né? Foi aquele cara ali que eu tô olhando ainda. Enfim, né? Você quer ter imagens desse lixo pegando fogo? Me siga no Instagram. Porque eu vou colocar, inclusive, ó, deixa eu filmar. Pra filmar eu tenho que achar meu celular, né? Mó cheirão de plástico. Mó cheirão de plástico. E os bombeiros estão chegando, ó. Olha a velocidade. A tranquilidade mesmo. A tranquilidade mesmo. Bom, simplesmente colocaram fogo no lixo, chamaram os bombeiros, os bombeiros apagaram o fogo no lixo. Não tava tendo manifestação, não tava tendo nada. Alguém só foi ali e tacou fogo. Eita. Ai, eu andei põendo alto sem querer aqui. Ai, enfim. Perdi até aqui a linha de raciocínio, eu tava falando de tudo. Ai, enfim. Daí eu sinto muita falta de conversar em português porque eu sinto que eu só consigo me expressar da melhor forma possível quando eu tô falando em português. E eu sou uma pessoa que tem muita dificuldade de se expressar. Então, eu digo que em português é melhor, mas no geral eu sou horrível em me expressar. Daí eu tento me expressar de algumas outras formas, né. Tipo, tentando aprender a costurar, tentando escrever sobre como eu me sinto. E é todo um grande processo de descoberta, de auto-descoberta e de auto-cuidado. E é isso, é sobre isso. Ai, choveu gostoso mesmo. Gosto de casa sem neném. Mas assim, não odeio neném, tá. Eu não odeio crianças, eu não odeio crianças. Eu gosto de crianças. Mas eu sinto que eu gosto de me comunicar. Eu sinto que eu gosto, bom. Eu gosto de me comunicar com as crianças de uma forma... Eu tento me conectar com a criança através da comunicação, mas eu me comunico com a criança assim. Eu vou virar uma criança e vou conversar com ela desse jeito. Eu vou falar, oi, Valentina. Você quer jogar bola? Então vamos jogar bola. E é isso. Eu não sou, ai, meu neném. Ai, que delícia. Ai, vai, vai. Ai, que gostinho. Ai, eu não consigo. Vamos ver. Eu não consigo fazer isso com neném. Eu só faço isso com as pessoas que me relacionam afetivamente. Mas com crianças, no geral, eu gosto de me comunicar. De me comunicar de uma forma mais natural. Tô aqui. Crianças francesas, no geral, eu não sei se são todas ou se são só as crianças que eu convivo. Elas são um pouquinho imadas, eu tenho a impressão. Um pouquinho menos simpáticas, eu tenho a impressão. E a barreira de linguagem com crianças é muito mais desenhada, é muito mais pronunciada. Então, às vezes, eu não consigo me comunicar bem. E poucas das crianças que eu conheço, tipo, sei lá, duas gostam de língua, eu acho. E isso também não é um problema, porque eu também não gosto delas. É isso. Talvez eu precise, sim, amadurecer a minha relação com as crianças. Ou talvez não, né, porque eu não tenho criança nenhuma. Talvez a criança dos outros seja problema dos outros. Talvez não, talvez eu faça parte dessa vila que é necessária para a criação de um ser humano. Ou talvez não, né. Talvez eu só tô ali na vila mesmo, sabe, vivendo a minha vida, enquanto a criança tá sendo educada. Tipo, se vier algum bicho pra matar a criança, eu posso até fazer um negócio. Tipo, se vier algum bicho pra matar a criança, eu posso até fazer um negócio ali. Vou chutar, se ela vier um cachorro, vou chutar o cachorro. Pô, não vai matar a criança não, sabe. Mas assim, a proximidade, assim, de estar ali lado a lado com a criança, eu gosto de deixar pra outras pessoas. Aí, tipo, quando eu tiver a minha criança, eu não vou esperar que outras pessoas cheguem junto ali na minha criança, entendeu? Então, eu não vou chegar junto na criança de ninguém. A não ser que... não, não vou chegar não. Não tem, não existe, a não ser que nada. Isso não vai acontecer. E esse podcast também, na verdade, é meio que uma mistura de todos os podcasts que eu gosto. Então, vai ter jogação de conversa fora, vai ter joguinho, vai ter comentários, vai ter entrevista. Vai ter vírgula sonora, vai ter de tudo. Tudo que eu vou copiar dos podcasts que eu escuto. E é sobre isso, é sobre isso mesmo. E aí, eu tô muito feliz de estar dando esse passo. E tô muito nervosa, com medo de tudo dar errado e eu virar uma grande chacota. Tomara que não, né? Mas assim, também, quem nunca foi uma grande chacota? Quem não foi uma grande chacota é que atira a primeira pedra. Conheço muita gente aí que já fez coisas muito piores do que eu. E tá aí vivendo a vida sem se considerar uma chacota. E é sobre, né? Acho que as vezes a gente tem essa necessidade de estar sempre muito consciente do que a gente é. E a gente nunca tá consciente, porque o que a gente acha é só uma percepção. E a nossa percepção nunca é suficientemente rica, né? E as vezes a percepção das outras pessoas é muito mais acurada do que a nossa própria. Ou a percepção das outras pessoas não tem verdade nenhuma. Isso é subjetivo, subjetivo, subjetividades. É um podcast sobre isso. Comentários, pensamentos, aleatoriedades, subjetividades de uma menina, de uma mulher. De uma pessoa natural de Volta Redonda, sul-fluminense. Não, não carioca. Eu sou sul-fluminense. De Volta Redonda. Volta Redonda é a cidade das flores, de todas as cidades vivendas em cores. Nossa, eu não sei por que eu tô puxando esse x no final. Eu acho que é porque eu tenho uma amiga, Aline. Não é assim que ela fala, Aline. Não, não é assim que ela fala, Aline. Eita, não sei mais imitar. E ela é carioca, né? Ela é carioca. Fala com x arrastado. Aí sempre que eu escuto algum áudio dela, no final eu fico falando meio assim com x arrastado. X, x arrastado. Sou carioca do Rio. De Janeiro. Mas esse não é o meu sotaque, tá? O meu sotaque é de Volta Redonda. E o sotaque de Volta Redonda é uma coisa meio... Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo. É uma mescla, Aline. Mas eu sinto que a minha referência, a minha influência de sotaque é mais mineira. Por causa da minha família. Mas existem outras pessoas de Volta Redonda que têm outro sotaque. E é isso. História da cidade, né? Volta Redonda é a cidade das flores. De todas as cidades da Minas Gerais. Eu lembro muito dessa música porque ela sempre tocava quando eu tava indo pra escola. Eu ia de carona com o meu vizinho, né? Um abraço, Sidney. Um abraço na Moçambique. Um abraço... Ouviu muito Daris Paula, Sidney, e virou bolsonarista. Será? Será que é? É, é, com certeza. Prente, machistinha. Grande abraço, mulheres. Eles odeiam todas. Não, lembro muito dessa música porque quando eu ia pra escola de carona com o meu vizinho... Abraço, vizinho. Abraço não, né? Deve ser bolsonarista hoje. Eu retiro meu abraço e insiro um cuspe na sua cara. Mas... Sempre que tocava essa música no rádio, eu me memorizava. E, tipo assim, aquilo fazia parte da minha rotina. A gente ia pra escola ouvindo Daris Paula. Aí, no intervalo, tocava essa música. Eu sentia que, tipo... O mundo era um lugar perfeito. Que as coisas estavam acontecendo na hora que elas tinham que acontecer. E que estava tudo bem. E que tudo ia ficar bem. E as minhas lágrimas iam secar. Eu sabia que tudo ia ficar bem. E essas feridas iam se curar. É, é legal, tá? Eu era uma criança muito emotiva. Eu gostava muito dessa música, né? Mas eu vou procurar. Porque eu acho que ninguém mais conhece. Será que eu inventei? Será? Pergunta aí. Será que essa música nunca existiu? Vou anotar aqui pra eu lembrar de pesquisar se essa música realmente existiu. Como é que existiu? Nossa senhora, como é que a música existiu? Doida. Enfim, né, Daenara? É isso, gente. A apresentação. Beijão, Daenara. Nois. Fechou. Até a próxima conversa. Espero que... Espero que tudo dê certo. Um grande beijo para você. Grande beijos, beijos, beijos, beijos e abraços. Da sua. Da minha. Da nossa. Daenara. Beijão, gato. Beijão. Ai, que lindo. Beijo.

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