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3. O Impulso Clarice Lispector

3. O Impulso Clarice Lispector

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The speaker describes themselves as impulsive, acting immediately on ideas or feelings without reflection. Sometimes their impulses prove to be accurate, while other times they are simply childish. They are unsure whether to continue acting on their impulses or to try to control them. They mention that sometimes their impulses have positive impacts on others, but other times they hurt them. The speaker reflects on the origins of their impulses, which can come from anger or kindness. They debate whether to continue accepting the results of their impulsive actions or to strive to become a more mature person. They also express a fear of losing the joy and pleasure of childish games by becoming too adult. They conclude by saying they will think about the matter and that the result will likely come in the form of another impulse. Clarice Bispector. O impulso. Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que é assim. Dei-me uma ideia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio. Às vezes acontece que ajo sob uma intuição dessas que não falham. Às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade. Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos e até que ponto posso controlá-los. Há um perigo. Se reflita demais, deixo de agir. E muitas vezes prova-se depois que eu deveria ter agido. Estou num impasse. Quero melhorar e não sei como. Sobre o impacto de um impulso, já fiz bem em algumas pessoas. E às vezes eu sido impulsiva me machuca muito. E mais, nem sempre meus impulsos são de boa origem. Vem por exemplo da cólera. Essa cólera às vezes deveria ser desprezada. Outras, como me disse uma amiga a meu respeito, são cólera sagrada. Às vezes minha bondade é fraqueza. Às vezes ela é benéfica a alguém ou a mim mesmo. Às vezes restringir o impulso me anula e me deprime. Às vezes se estrangi-lo dá-me uma sensação de força interna. Que farei então? Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais. Eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil. Do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda, ou nunca serei. Clarice Bispector.

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