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Ok, vamos começar com o capítulo 9 e o Nosso Senhor Jesus continua a ser apresentado como aquele operador de milagres que já no capítulo 8 foi sendo introduzido. É conhecido o capítulo 5, 6 e 7 e o foco fosse em seus ensinos. Já os capítulos a seguir, até 10 pelo menos, vamos ter sobretudo Jesus como aquele que faz milagres, como aquele grande curandeiro, como aquele que tem uma autoridade superior a qualquer uma que algum profeta do Velho Testamento poderá ter apresentado. Vamos aqui lemos, vamos lembrar que ele foi expulso de Gadara, onde ele expulsou os demônios dos dois gadarenos. Então ele volta, em versículo 1, E entrando no barco, expulso, no caso, passou para o outro lado e chegou a sua cidade, Galileia. E eis que lhe trouxeram um paralítico, e eis que lhe trouxeram um paralítico deitado numa cama. E Jesus, vendo a fé deles, disse ao paralítico, Filho, tem bom ânimo? Perdoados que são os teus pecados. O nosso subtítulo de hoje é Jesus Cristo, o Rei que perdoa pecados. Então, é do jeito semelhante, ele chega em Gadara e aparecem logo os endemoniados, e agora ele volta para Galileia e lhe trazem este paralítico. Há um paralelo nessa história, porque os evangelhos têm algumas histórias que vão ser contadas por quase que todos eles, seja Mateus, seja Marcos, seja João, seja Lucas. E em Lucas, nós vamos ter a mesma história contada de um jeito diferente. Lucas 5, 18 a 19. E eis que uns homens transportaram numa cama um homem que estava paralítico, e procuravam fazê-lo entrar e pô-lo diante dele. Creio que em Marcos vão falar que esse homem foi transportado por quatro pessoas. No versículo 19. E não achando por onde o pudessem levar, por causa da multidão, subiram ao telhado, e por entre as telhas o baixaram com a cama até ao meio diante de Jesus. Algo bem interessante. Então esses homens, se nós fazermos recurso ao testemunho de Lucas, trazem este homem paralítico, e não encontram forma de fazer-o chegar a Jesus, e eles sobem e lhe fazem descer do telhado. Então é uma determinação especial. Daí que, ainda que Mateus não tenha contado essa parte que Lucas conta, Mateus ainda assim passa essa ideia quando ele diz que, Jesus vendo a fé deles, e por causa desse vê-lo havia uma dedicação especial, eles estavam certos, não, se esse paralítico se encontrar com Jesus, Jesus fará alguma coisa em relação à sua situação. E aí temos as palavras que vão causar controvérsia. Tem bom ânimo. Perdoados que são os seus pecados. Um ponto aqui seria, peraí, essa pessoa que trouxeram a Jesus paralítico, o problema que lhe trouxeram a Jesus foram os seus pecados ou foi a paralisia dEle? Acredito eu que a questão era a paralisia dEle. Mas o Nosso Senhor Jesus olha para este homem e diz-lhe, os teus pecados são perdoados. É porque o que lhe paralisava diante de Deus não eram os seus pés, não eram o seu corpo, era a sua condição da alma, era o seu pecado. Então muitas das vezes nós vemos pessoas saudáveis aparentemente aos nossos olhos, mas aos olhos de Deus são pessoas doentes. Muitas das vezes as pessoas não percebem, estão à procura de uma intervenção sobrenatural por parte de Deus para curar uma enfermidade, para resolver um problema na carne, quando Deus está a olhar para essas pessoas e está a dizer assim, há um problema superior do que aquilo, é um pecado que está na tua vida, é um desvio do teu coração. E eu acho que essa resposta do Nosso Senhor Jesus nos ensina isso, que por vezes o nosso maior problema, nem vou dizer por vezes, a condição especial que Deus quer ver resolvida em nós é aquilo que tem a ver com a nossa alma, com o estado do nosso espírito, só depois é com o estado do nosso corpo. E há outra coisa que, embora aqui o texto não fale, mas em algum outro texto veremos, parece que por vezes há um relacionamento entre a doença do corpo e a doença do espírito. Por vezes era necessário mesmo primeiro se perdoar os pecados para que Jesus pudesse depois curar o corpo. Há esse relacionamento, mas não é esse o texto que nós veremos. Aqui podemos ter um pouquinho dessa sombra. Então esse é o primeiro ponto. O segundo ponto é quando Jesus diz, perdoados são os seus pecados, a pergunta mais óbvia seria, aos olhos daqueles que estavam ao seu lado, quem é esse homem que perdoa pecados? Quando o Nosso Senhor Jesus repreendeu os ventos e a tempestade, a pergunta que ficou para nós, que os discípulos fizeram é, quem é esse homem que até os ventos e a tempestade se levem? Aqui o mesmo Mateus vai nos lançar de forma muito sutil essa pergunta. Quem é esse homem que até pecados perdoa? Que tipo de rei é esse? E é o que nós vamos ver aqui a ser apresentado nos versículos a seguir. Mas antes de nós irmos nestes versículos, lembremos agora de algo que pode nos escapar. Se nós tomarmos em conta o testemunho de Lucas, que este homem foi levado pelos seus amigos até Jesus, uma das coisas que nós não podemos escapar e nos perguntar é, que tipo de amigos são esses? Porque é fácil nós vermos amigos do copo, amigos dos namoros, amigos do desporto, mas amigos que levam alguém para a vida são raros. É algo que nós precisamos nos perguntar. Que tipo de amigo eu sou com as pessoas que eu chamo de amigos? Sou amigo do copo? Sou amigo da conversa? Sou amigo da piada? Ou sou amigo que leva o amigo para a vida? Porque quem não tem Jesus está morto, está paralisado. E se nós somos verdadeiros amigos, a coisa mais básica que nos vai surgir ao coração é levar os nossos amigos para Jesus, para que as suas almas sejam salvas. E vejam que o texto nos diz que, segundo Lucas, que eles subiram ao telhado. E eu queria dizer que o amor verdadeiro nos faz subir. O amor falso é que não nos faz subir. Eles subiram ao telhado pela força do amor que eles tinham para com o amigo, e pela fé que eles tinham que, subindo, conseguiriam fazer descer o amigo para Jesus. E o que o Nosso Senhor Jesus fez por amor? Subiu até o Calvário e lá foi crucificado. Esse subir não deixa de ser a imagem do sacrifício. O amor nos leva a nos sacrificarmos. Todo amor verdadeiro traz consigo uma cruz, traz consigo sacrifício. Se não é sacrifício, não é amor. É emoção, é aquele amor das telenovelas, dos beijos bonitos e tudo mais, mas não é o amor verdadeiro, o amor puro. Então a pergunta que fica para nós é, estamos a subir a algum telhado? Será que estamos a nos sacrificar pelos nossos familiares, pelos nossos amigos, pelas pessoas que nós amamos, por amor a elas e, acima de tudo, por amor a Deus? É uma pergunta que não podemos deixar passar. Temos que olhar, por exemplo, destes homens que levaram o amigo deles. Então, no versículo 3 a 8 nós lemos, E eis que alguns dos escribas diziam entre si, El blasfema. Por quê? Porque Jesus disse, Perdoados são os teus pecados. Isso é blasfêmia. É aquela coisa, na mente destes escribas, dos leitores que conheciam a lei supostamente, eles não conseguiam imaginar que fosse possível um homem perdoar pecados. Mas como é que um homem vai perdoar pecados? O único que perdoa pecados é Deus. Essa autoridade não é dada aos homens. Então eles começam a dizer entre si, Isto aqui é blasfêmia. Isto é heresia. Isto é mensagem de demônio. Isto não faz parte daquilo que Deus deu aos seres humanos. E o que é que isto nos introduz? É nada mais do que a repetição do mesmo tema que já vimos desde o início, que no livro de Mateus os escribas, os fariseus, os saduceus, são apresentados numa visão fundamentalmente negativa, como aqueles que não estavam a interpretar bem a lei, a Torá. E o Nosso Senhor Jesus é aquele ensinador que tem a doutrina correta e verdadeira. Lembramos do início que nós falávamos que esta carta de Mateus é endereçada a uma comunidade que estava a viver essa guerra, se assim podemos falar, com os outros movimentos religiosos daquele tempo, como os saduceus, como os fariseus, como os eféreos, enfim. E tudo que Mateus está aqui a tentar apresentar é uma consciência da identidade do verdadeiro discípulo de Cristo. Então é normal nós vermos esse tema a ser repetido, que é nada mais do que como a comunidade de Cristo, dos discípulos, tem a verdadeira doutrina, tem a verdadeira interpretação da lei e como os outros estão equivocados. Então aqui temos esse ponto de novo. Os escribas vão, de alguma forma, memorar esse blasfema. Versículo 4. Mas Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse. Mas, desculpem, disse. Porque pensais mal em vossos corações. Vocês pensam mal, o vosso coração tem maus pensamentos. Por quê? Ele diz. Pois, qual é mais fácil? Dizer, perdoados que são os seus pecados, ou dizer, levanta-te e anda? O que vocês acham que é mais fácil? Eu dizer, perdoados que são os seus pecados, ou dizer ao paralítico, levanta e anda? Perguntou-lhe isso. É uma forma do Nosso Senhor Jesus a manifestar a sua honra perante os seus detratores. Lembram daquele quesito que nós já falamos no início e voltaremos a falar várias vezes na medida que nós lermos o Novo Testamento? Essa questão cultural de honra e deshonra. Uma das coisas que acontece é o desafio. Esse pensamento que estavam a ter os escribas é uma forma de afrontar a honra e o respeito de Jesus. E Jesus, então, lhes responde para lhes mostrar quem Ele, na verdade, é. A sua honra e seu valor em Deus. Não na carne. Então, eles lançam essa pergunta. É claro que eles não conseguem responder. Uma dica ao interpretarmos as Escrituras. Quando encontrarmos uma parte na Bíblia onde encontramos uma situação em que está uma pergunta e não tem resposta, tipicamente é para nos mostrar que as pessoas que lhes fizeram a pergunta não estavam capacitadas para responder. Então, nesse caso, quando Jesus pergunta, não temos a resposta dos escribas. Aqueles que concederam estavam sem palavras. Então, no verso 6. Ora, Jesus continua. Em outras palavras, já que vocês não conseguem me responder, escutem. Para que saibais que o Filho do Homem tem na Terra autoridade para perdoar pecados, disse então ao paralítico. Levanta-te, toma a tua cama e vai para a tua casa. Verso 7. E levantando-se foi para a sua casa. O paralítico. Você vê que foi curado. E a multidão vendo isto maravilhou-se e glorificou a Deus que dera tal poder aos homens. Vejam como é que esta história contada, em outras palavras, enquanto Jesus estava a responder os escribas, a multidão estava lá assistindo quem ia ganhar. É como se tivéssemos aí o combate e tivéssemos uma multidão de telespectadores. Como é que isso fica? E no final, então, apresentamos a avaliação dos telespectadores desse combate. E eles ficam maravilhados e glorificam a Deus. Em outras palavras, vêem Jesus a manifestação de Deus. E a maravilha, aqui o texto nos diz, era porque eles estavam a pensar que coisa é essa que Deus vai dar esse tipo de poder ao homem. E a pergunta aqui é exatamente qual o poder que eles estão a falar. Poder de perdoar ou poder de curar? Me parece que as duas coisas, sim. Mas, talvez, de forma particular, essa nova fase da manifestação do poder de Deus em Jesus que é exatamente essa questão de poder perdoar pecados. Mas, notem uma coisa aqui. E vamos falar disso daqui a pouco. No capítulo anterior, nós já falamos de uma terminologia que o Senhor Jesus usou para si mesmo, mas não falamos muito sobre aquilo. Aqui no verso 6, o Nosso Senhor Jesus vai dizer, Ora, para que saibas que o Filho do Homem tem na terra autoridade para perdoar pecados. Por que é que o Nosso Senhor Jesus se chama Filho do Homem? É uma questão muito importante. É um dos termos que o Nosso Senhor Jesus mais vai usar para se referir a si próprio. Filho do Homem. Em João 20, de 19 a 23, nós vamos ler algo bem interessante que casa com isso que acabou de acontecer aqui, que é Jesus perdoar pecados. Veja o que é que nós lemos. Chegada, pois, à tarde daquele dia, depois do Nosso Senhor ter ressuscitado, nós lemos o primeiro dia da semana e, cerradas as portas, onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus e pôs-se no meio e disse-lhes, Paz, seja convosco. Dizendo isto, mostrou-lhes as suas mãos de um lado. De sorte que os discípulos se alegraram vendo o Senhor. Disse-lhes depois Jesus outra vez, Paz, seja convosco. Assim como o Pai me enviou, atenção, também eu vos envio a vós. E, havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes, Recebei o Espírito Santo. Agora aqui, no verso 23, nós lemos, Aqueles a quem perdoardes os pecados, lhes serão perdoados. E aqueles a quem os retiverdes, lhes são retidos. Em outras palavras, nosso Senhor Jesus disse, Eu vos envio, tal como o meu Pai me enviou, e, inclusive, o poder que o meu Pai pôs em mim, também estará em vocês. Do mesmo jeito que eu tenho a autoridade de perdoar, vocês agora também têm a autoridade de perdoar. Em outras palavras, quando, aqui no verso 23, aliás, no verso 8 de Mateus 9, quando eles ficam maravilhados porque Deus deu a tal poder aos homens, fica aí essa mensagem, que como é possível? Aquilo que inicialmente soubemos em Jesus, afinal ele deu a todos os homens que lhe abraçam, que lhe seguem. É essa visão aí. E é talvez algo que nós, no nosso dia a dia, temos pouco falado sobre isso. Que o Senhor Jesus deu aos seus discípulos a autoridade de perdoar pecados. Algo bem profundo. Em Mateus 18, de 15 a 19, nós vamos ler algo que cai na mesma linha e na mesma mensagem. Nós lemos, Ora, se teu irmão pecar contra ti, o Senhor Jesus vai ensinar, vai e repreende-o entre ti e ele só. E se te ouvir, ganhaste o teu irmão. Mas se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas, toda a palavra seja confirmada. E se não a escutar, diz-o à igreja, à Assembleia dos Santos, à comunhão dos irmãos. E se também não escutar a igreja, considera-o como um gentil e publicano, alguém que não conhece a Deus. Versículo 18 Em verdade vos digo, que tudo o que ligarde na terra, será ligado no céu. E tudo o que desligarde na terra, será desligado no céu. Então essa capacidade, essa autoridade que o Senhor Jesus dá aos discípulos de perdoar, é em consonância com o coração de Deus. A vossa misericórdia será a misericórdia do Pai. O vosso perdão será o perdão do Pai. É assim que nós nos tornamos, como corpo, ligados a Deus. Eu acho que o mesmo pensamento está aplicado nas palavras que encontramos de Tiago. Tiago 5, de 13 a 15. Ele vai dizer assim, Se está alguém entre vós aflito, ore. Está alguém contente, cante louvores. Está alguém entre vós doente, chame os presbíteros da igreja e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor. E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará. E se houver cometido pecado, seriam perdoados. É o mesmo pensamento que Tiago tem, não é? Então é esse o poder que aqui está em jogo. Como que maravilha Deus ter dado tal poder aos homens. Nunca tínhamos nós entendido que isso fosse possível. Não lemos isso na Torá, no Velho Testamento. Não lemos isso. É algo especial. Embora, eu acho que a lei aponta para isso. E eu tenho em mente o caso de Jó. Quando os seus amigos falaram algumas besteiras e no final o Senhor diz, olha, peguem ovelhas, vão para o meu servo Jó para que ore por vocês. Se ele orar por vocês, eu vou perdoar. É como se o perdão de Deus tivesse condicionado ao perdão que viesse de Jó. É mais ou menos o mesmo princípio. É aqui em sombra, mas o Velho Testamento já apontava para isso. Então, aqui estamos a ver essa questão do poder que foi dado aos homens. Mas como fica? O que é que Jesus quer dizer com filho do homem? E eu acho essa parte bem interessante. Em Mateus 8, versículo 20, que nós falamos anteriormente, nós lemos, e disse Jesus, as raposas têm covis, as aves do céu têm ninhos, mas o filho do homem não tem onde reclinar a cabeça. Então, esse filho do homem, quem é? Ao longo da nossa leitura, agora já temos duas citações, vamos encontrar várias repetições desse termo. Em Lucas, em Marcos, vai repetir. Então, quais são as ideias à volta desse título ou termo? Os estudiosos bíblicos vão degladeando em torno disso e têm várias teorias. Vamos aqui ver algumas, que eu acho que, bíblicamente, poderá nos facilitar a ter uma ideia do que o Nosso Senhor está a tratar, sem termos que entrar em muitos detalhes, não é? Mas, lembramos em Filipenses, nós temos, já lemos essa passagem, de como o Nosso Senhor Jesus, ainda que subsistindo em forma de Deus, não teve por desopação ser igual a Deus, antes se humilhou, já lemos aquela passagem várias vezes. O verso 7 de Filipenses 2 diz, mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. Em outras palavras, o verbo Cristo se fez humano, como nós. Então, uma forma de nós entendermos o termo Filho do Homem, é ser humano. Até porque, mesmo quando nós, no nosso contexto aqui do texto, no versículo 8, o que é que nós temos? E a multidão, vendo isto, maravilhou-se e glorificou a Deus, que dera tal poder aos homens. Não é isso que está aqui escrito? Esse poder é que eles viram o Filho do Homem. Então, Filho do Homem e os homens são apresentados aqui como sinônimos. É ser humano. E essa humanidade de Jesus passa, se nós levarmos filipenses em conta, essa ideia de serviço, de humildade, de simplicidade, de se rebaixar. É aí onde está a imagem de Filho do Homem, um servo de Deus. É aí. Mas não para por ali. Essa linguagem, no grego, vai ser a mesma que vamos encontrar em Gênesis 6, onde nós lemos, Viram os filhos de Deus, que as filhas dos homens eram formosas. Lembram-se dessa história, não é? Aqui a única diferença com filhas dos homens é que o gênero é feminino. Filhas dos homens. Aqui, no caso, Nosso Senhor Jesus está a dizer Filho do Homem. Num hebraico, é Filhas de Adão. Filho de Homem seria mais ou menos Filho de Adão. Então, Nosso Senhor Jesus está a se apresentar como descendência de Adão. Humano. Aquele que foi criado do pó. É essa a ideia principal. Mas há uma outra dimensão deste Filho de Homem, que eu acho o mais provável que Nosso Senhor Jesus está a se referir. Vamos em Daniel 7. Em Daniel 7, de 1 a 14, vamos encontrar aquela imagem profética de uma visão que Daniel teve, viu quatro bichos, e cada um desses bichos tinha o seu significado, que o texto vai mesmo explicar. Mas no versículo 13 a 14, da visão que Daniel teve, é que vamos encontrar uma alusão clara a este outro Filho do Homem, quer dizer, outro no sentido do Velho Testamento, da palavra Filho de Homem. Nós vamos ler assim. Eu estava olhando nas minhas visões da noite, Daniel 13 a 14, e eis que vinha nas nuvens do céu um como o Filho do Homem, e isso no hebraico é Filho de Enoch, Enoch também é uma forma de homem, ok? É a palavra Enoch. Um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele. O ancião de Dias nessa visão é claramente referência de Deus, Pai. Versículo 14. E foi-lhe dado o domínio e a honra e o reino para que todos os povos, nações e línguas, o servissem. O seu domínio é um domínio eterno que não passará, e o seu reino tal que não será destruído. Quem recebeu esse domínio? O Filho do Homem. Daniel 7. Então, na mente do hebreu, do judeu, do escriba que conhecia a lei, o Messias era naturalmente ligado a essa imagem do Filho do Homem, de Enoch. Agora, há algumas diferenças que o Nosso Senhor Jesus apresenta na sua forma de fazer as coisas que não encaixavam na forma como esses escribas entendiam que o Messias devia ser. Esse Messias expulsa demônios, esse Messias perdoa pecados, esse Messias cura enfermidades, essas coisas todas não estavam claras que seriam atributos do Messias que o judeu tinha em mente. E é isso que vai fazer confusão e alguns grupos não vão aceitar a Jesus. Veja em Mateus 26, de 62 a 65, para entendermos como é que esse Filho do Homem que Jesus está aqui a dizer se associa ao caso de Daniel 7. Antes do Nosso Senhor Jesus ser crucificado, ele está encarcerado, está preso e o cenário vai surgir em que vão lhe confrontar pelo sumo sacerdote. Nós lemos assim no verso 62 de Mateus 26. E levantando-se o sumo sacerdote, disse-lhe a Jesus não respondes coisa alguma ao que estes depõem contra ti? Versículo 63, Jesus porém guardava silêncio. E insistindo o sumo sacerdote disse-lhe Conjure-te pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus. Versículo 64, disse-lhe Jesus Tu disseste, digo-vos porém que vereis em breve o Filho do Homem assentado à direita do poder e vindo sobre as nuvens do céu. 65. Então o sumo sacerdote rasgou as suas vestes, dizendo, blasfemou. Para que precisamos ainda testemunhas, eis que bem ouvistes agora a sua blasfêmia. E a pergunta é óbvia, né? Se o sumo sacerdote considerou blasfémia as palavras de Jesus é porque entendeu a implicação do que Jesus acabava de falar. Ele entendeu que isso não é palavra de um homem. Ele está a falar coisas que ao nosso ver são coisas de Deus. Ele não pode ser esse Filho do Homem que ele está a dizer. Vejam quando ele diz que daqui em diante vereis em breve o Filho do Homem assentado à direita do trono ou melhor, à direita do poder e vindo sobre as nuvens do céu. Ele está a dizer que vereis o Filho do Homem à direita do Pai, à direita de Deus. É isso que Jesus está a dizer. Olhem para Salmos 110. Versículo 1. Salmos 110, versículo 1. Salmo de Davi. E é um Salmo que o livro de Hebreu vai citar sobre Jesus. Ele diz. É uma referência messiânica. Mas não somente isso, porque aquilo que nós acabamos de ler em Daniel 13 versículo 13, aliás, Daniel 7, versículo 13 junta-se a essa ideia. Vejam o verso 13. E o que é que acontece? Versículo 14. Foi-lhe dado o domínio e a honra e o reino. Foi posto na mão direita de Deus. Estar na mão direita de Deus significa isso. Não é posição geográfica. Ok? O braço, o teu braço direito é a pessoa que você confia. Não é isso que nós falamos? O meu braço direito é nesse sentido. Então, quando o Nosso Senhor Jesus diz que me vereis em breve assentado à direita do poder, é isso. E isso entendeu o escriba, o sumo sacerdote, e ele considerou de blasfêmia. Então, o Filho do Homem tem a ver com isso. E uma das coisas que podemos ainda acrescentar a isso é que mesmo naquele tempo, ainda que o sumo sacerdote e os principais fariseus não abraçassem essa visão que Jesus pudesse ser esse Filho do Homem, no seio judaico existiam grupos que pensavam sobre o Filho do Homem como algo parecido a isso que Jesus acaba de falar mesmo. No livro apócrifo de 1ª Enoca, que é datado por aí uns 200 anos antes de Cristo, há uma figura também de Filho de Homem nesse livro. E as características são parecidas. Nós não precisamos falar que Enoca estava a falar mesmo de Jesus. Falamos de Enoca como o escritor desse livro, não que seja mesmo o Enoca, o pseudo-Enoca melhor. Mas podemos, ao ler esse texto, dizer que existia na mente judaica uma concessão teológica de um suposto Filho do Homem muito parecido com o Filho do Homem que Jesus se apresenta. E vamos ler um trecho para vermos algumas semelhanças, embora acho que já terei lido alguma coisa no início dos nossos estudos. Então, 1ª Enoca, 48, versículo 2 a 10. Nós lemos, E naquela hora, aquele Filho do Homem foi nomeado na presença do Senhor dos Espíritos. No livro de Enoca, Deus é chamado Senhor dos Espíritos. E seu nome perante aquele a quem pertence o tempo antes do tempo. Sim, antes que o Sol e os sinais fossem criados, antes que as estrelas do céu fossem feitas, seu nome foi nomeado perante o Senhor dos Espíritos. Ele será um apoio para os justos, sobre o qual se sustentar e não cair, e Ele será a luz dos gentios e as esperanças daqueles que estão aflitos de coração. Todos os que habitam a terra cairão e adorarão diante dele. Está a ver Filipenses, né? O Filipenses 2, aquela passagem onde diz, e todos os joelhos se dobrarão diante de si e toda a língua confessará. Está a ver a semelhança? Todos os que habitam a terra cairão e adorarão diante dele, e louvarão e abençoarão e celebrarão com cântico o Senhor dos Espíritos. Por esta razão Ele foi escolhido e escondido diante dele, do Senhor de Deus, antes da criação do mundo e para sempre mais. A sabedoria do Senhor dos Espíritos o revelou aos santos e justos, pois Ele tem preservado a sorte dos justos, porque eles odiaram e desprezaram este mundo de injustiça. E odiaram todas as suas obras e caminhos em nome do Senhor dos Espíritos, pois em seu nome são salvos, e de acordo com o seu bom prazer tem sido em relação à sua vida. Vamos ver aqui que esta figura de filho do homem no livro de Noque é muito semelhante a Jesus, como apresentado no Novo Testamento. Então acredito eu que quando o Senhor Jesus está a falar, está a chamar de filho do homem, temos tudo isso junto. Está a se apresentar como este servo, este humano verdadeiro filho do homem, e nesse filho do homem também este filho do homem de Daniel 7. Aquele que virá, aquele que estará nessa altura ao braço, é o braço direito de Deus Todo-Poderoso. Então de 9 a 13 nós lemos E Jesus passando adiante dali, passamos esta parte que ele curou o paralítico, respondeu aos tribas. Jesus passando adiante dali viu assentado na recebedoria um homem chamado Mateus, e disse-lhe, segue-me. E ele levantando-se o seguiu. Coisa muito linda. Essa palavra, como é que é, recebedoria, trata-se do balcão onde se recebiam as taxas. Quer dizer que Mateus era um publicano, ele era um oficial que recebia taxas, um cobrador de taxas. Nosso Senhor Jesus a passar e ver este cobrador de impostos, lhe chama, vem e segue-me. E ele levanta e segue. Fica assim uma coisa bem interessante, se é a palavra do Senhor Jesus que tinha um poder com a autoridade que ele tinha, que os discípulos ao ouvirem não tinham como resistir. Se Mateus está simplesmente a simplificar a forma como Jesus alcançou Mateus, acho que fica assim meio que aberto à nossa imaginação. Embora, a mim pelo menos, vem essa tendência de olhar para Gênesis. Quando Deus está a criar e diz, haja luz, e há luz, e é tudo pela palavra as coisas vão acontecendo, é como se Nosso Senhor Jesus também tivesse a fazer algo desse tipo. Ele diz, segue-me, vem e segue-me, e a pessoa ouve e segue. Tem aí um pouquinho disso também. Mas não vamos esquecer que quem está a ser chamado aqui é um publicano, é um cobrador de impostos. E o cobrador de impostos era visto como um traidor, ele era tomado como o pior dos pecadores entre os judeus. Por quê? Para quem trabalhava o cobrador de impostos? Para os romanos. Então, para o judeu, o judeu que trabalha para Roma é um traidor, porque os romanos são os imperadores, são os colonizadores. Desculpa, então havia um estigma, um preconceito muito forte em relação aos publicanos ou cobradores de impostos. E é exatamente esse tipo de pessoa que Nosso Senhor Jesus chama, e ele segue. E aconteceu que estando ele em casa, sentado à mesa, chegaram muitos publicanos e pecadores. Publicanos e pecadores. Porque o publicano e o pecador, na mente do judeu, eram a mesma coisa. E estes vieram e sentaram-se junto com Jesus e seus discípulos. E os fariseus, vendo isso, disseram aos seus discípulos, porque como eu vou ser um mestre com os publicanos e pecadores? Quer dizer, não encaixava na mente dos fariseus, dos discípulos, não encaixava. Como é que esse suposto mestre vai sentar com pecadores? Ele não é santo, ele não é puro. Isso não faz sentido. O puro e o impuro devem ser separados. Como é que ele está a juntar-se com os impuros? E é claro que Mateus está a apresentar isso para dizer que? Que os escribas continuam a entender mal a lei. Que a interpretação delas continua sendo errada. Jesus, porém, ouvindo isso, disse-nos, Não necessitam de médicos os sãs, mas sim os doentes. Versículo 13 Id, porém, e aprendei o que significa misericórdia quero e não sacrifício. Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores a arrependimento. É muito interessante isso, porque eu já ouvi, muita gente tem dito, até Jesus andava com pecadores. E as pessoas quando falam de Jesus andar com pecadores, é como se Jesus, no seu dia a dia, o pessoal que estava com ele, que caminhava com ele, que dormia com ele, que fazia as coisas, eram pecadores. Mas isso é uma má interpretação. Jesus, como aqui o texto, no final, está a nos dizer, Ele próprio está a dizer que eu vim para chamar os pecadores ao arrependimento. Quer dizer que ele abraçava os pecadores na medida que eles ensinavam a palavra de Deus para que se arrependessem. Jesus não estava com pecadores sem os chamar para o arrependimento. Não, ele tinha a porta aberta para que essas pessoas se voltassem a Deus. É por essa razão que ele chama os ateus, é por essa razão que ele e seus discípulos aceitam que os pecadores aceitem na mesma mesa. Porque ele vai pregar o arrependimento, porque ele vai lhes mostrar o caminho da vida. Jesus não fecha a porta da salvação para os pecadores. Os fariseus estavam a fechar. Eles olhavam para os outros e diziam, é, são impuros e nós não temos nada a ver com elas. Quando no livro de Oseias 6, versículo 6, que o Nosso Senhor cita aqui no verso 13, e de aprender o que significa misericórdia, quero e não sacrifício. No contexto lá de Oseias, Deus está a reclamar dos caminhos errados que o povo havia abraçado. Esse povo caminhava na injustiça, mas nunca parava de levar sacrifícios no templo. Quer dizer, religiosos, dedicados, legalistas. Quer dizer, nós temos que matar os nossos bois, ovelhas e oferecer sacrifício, porque é isso que Deus manda. Mas Deus mandar ser misericordioso e justo para com os mais necessitados, eles não tinham isso no coração. Em outras palavras, estavam mais interessados em cumprir com os rituais da lei do que em obedecer o Espírito da lei. Que era a misericórdia, que era a compaixão, que era produzir um coração justo, que faz o bem, que faz o que Deus quer. E não simplesmente levar ovelhas. Deus não quer que nós, usando a imagem do Velho Testamento, que fiquemos aí todos, é para todo domingo estou na igreja, canto no coral, faço várias coisas em nome de Deus, mas não sei tratar bem o próximo, não consigo ser compassivo, não sou puro nos meus procedimentos, não sou justo, não consigo cumprir com as minhas promessas, Deus não quer isso. Então é essa imagem que o Senhor está dizendo. Vão aprender misericórdia, quero, e não sacrifício. Um coração misericordioso é o que Deus está interessado. Deus não está interessado com sendo mate uma ovelha e oferece um sacrifício. Deus não está interessado que nós enxamos as nossas igrejas no domingo, mas segunda a sábado somos fofoqueiros, fornicadores, mentirosos, injustos. É isso que nós podemos aprender aqui. Deus quer um coração transformado. E é isso que Jesus lança a essa gente. Em outras palavras, vocês cumprem com os rituais da lei, mas não cumprem com o coração da lei, que é produzir em vocês um coração justo. Eu estou a usar o termo justo porque misericórdia e justiça no Velho Testamento são inseparáveis. Tenhamos repetido isso, mas nós vamos ler algumas passagens que mostram isso. Esdras 9, versículo 15. Podem ler o capítulo todo de Esdras 9 para entender, mas eu vou ler algumas passagens que mostram essa realidade. Ele vai orar assim. Ah, Senhor Deus de Israel, justo és, justiça. Agora vem o que Ele vai falar depois. Pois ficamos com há um remanescente que escapou, como hoje se vê. Estamos diante de Ti na nossa culpa, porque ninguém há que possa estar na Tua presença por causa disto. Em outras palavras, Senhor, nós só fomos poupados porque você é justo. Ora, poupar é quê? Misericórdia. Então, a oração de Esdras está a dizer assim, Deus, porque você é justo, não nos eliminaste todos, nos deixastes. Quer dizer que a misericórdia de Deus é a manifestação da justiça de Deus. Então, quando o Senhor Jesus está a dizer, quando lhes aponta para Oséias 6, versículo 6, Eis que misericórdia quero e não sacrifício, está a dizer o quê? Vocês deixaram de praticar a justiça. A misericórdia de Deus é a justiça de Deus. Daniel 9, 16 a 17. Nós vamos ler também a oração de Daniel. O Senhor, segundo todas as Tuas justiças, segundo todas as Tuas justiças, aparte a Tua ira e o Teu furor, da Tua cidade de Jerusalém, do Teu santo monte, porque por causa dos nossos pecados e por causa das nossas iniquidades, de nossos pais, tornou-se Jerusalém e o Teu povo um opróprio para todos que estão em redor de nós. Agora, pois, ó Deus nosso, ouve a oração do Teu servo e as Suas súplicas, e sobre o Teu santuário assolado faz resplandecer o Teu rosto, por amor do Senhor. Essa oração está a suplicar o quê? Misericórdia. Mas está a suplicar essa misericórdia na linguagem de justiça. Senhor, versículo 16 de novo, segundo todas as Tuas justiças. Então, qualquer conversa de justiça que não tem misericórdia é hipocrisia. O nosso Senhor Jesus está a chamar essa gente de hipócritas. Está a reclamar que eu estou a sentar com publicanos e com pecadores. Porque vocês não entendem que Deus, o Deus justo, é misericordioso. Vocês não têm na vossa compreensão o caráter e o coração de Deus. Deus não quer que os pecadores morram no pecado. Mesmo no Velho Testamento encontramos isso. Esqueça que eu, 18, provavelmente não estou a confundir o capítulo. Mas é esse o problema. Eles falam da justiça de Deus, mas não tem misericórdia. Mas a justiça de Deus, sem a misericórdia de Deus, não é justiça. Então é a hipocrisia que eles estão a apresentar. Do verso 14 a 17, os últimos versos do nosso estudo de hoje, nós lemos Então chegaram ao pé dele os discípulos de João. É interessante. Primeiro os escribas, os fariseus e agora vem também os discípulos de João. Eles vão dizer, porque jesuamos nós e os fariseus muitas vezes e os seus discípulos não jesuam? É uma questão doutrinal. Alguma coisa não está bem. Tu és um mestre e tens uns seguidores. Nós jesuamos muito. Os escribas, os fariseus também jesuam muito. Como é possível que você que diz que serve o mesmo Deus que nós, não jesuam muito como nós? Verso 15, e disse Jesus Podem, porventura, andar tristes os filhos das bodas, enquanto o esposo está com eles? Dias, porém, virão em que lhes será tirado o esposo, e então jesuarão. Ninguém deita remendo de pano novo em roupa velha, porque semelhante remendo rompe a roupa, e faz-se maior a rotura. Nem se deita vinho novo em odres velhos. Aliás, rompem-se os odres, e entorna-se o vinho, e os odres estragam-se. Mas deita-se vinho novo em odres novos, e assim ambos se conservam. Como sempre, como rabi, como mestre, nosso Senhor Jesus usa exemplos práticos do dia-a-dia para ensinar verdades espirituais. A ideia aqui, a primeira, as duas imagens são a mesma coisa, só usa símbolos diferentes. Ele primeiro diz que ninguém deita remendo de pano novo em roupa velha. Em outras palavras, a roupa velha vai ficando fraca como um conjunto. Então, a sua fraqueza tem a ver mesmo com a sua idade, seu tempo. Se tu pegares numa roupa, num pano novo, a consistência do pano novo não é igual à fraqueza que tem o pano velho. Então, não vai dar certo. Tem que ser algo do mesmo tempo, ou da mesma velhice, ou da mesma fraqueza, pra você juntar o pano velho. Essa é a imagem que o Senhor está a dizer. Em outras palavras, se vocês aprenderam durante esses anos todos, estão a aprender com João, estão a aprender com os fariseus, a vossa forma de pensar está formatada numa certa consistência. E vocês não estão na mesma consistência com aquilo que é novo. Em outras palavras, há uma falta de flexibilidade do vosso lado pra entenderem o que eu estou a trazer. É isso que Jesus está a falar. E pra vocês conseguirem, terão que seguir, em outras palavras, a mesma velocidade que eu estou a dar aos meus discípulos. E é a mesma coisa que o outro exemplo dá. Ele vai dizer, Qual é a ideia aqui? É a mesma que nós acabamos de explicar, só que a imagem é outra. Os recipientes eram, vamos lá dizer, recipientes que eram feitos com pele de ovelha ou de cabra para guardar líquidos. Vinho, água, leite, enfim. Naquele tempo não tinham os nossos bidons que nós temos nós. Então, eles pegavam nessas em pele de animal e preparavam de um jeito tal que era para guardar líquidos. Agora imagina o caso desse utensílio. Depois de ela ter, sobretudo, um líquido que inflama como vinho ou como leite, a pele vai esticando, não é? Então, agora ela está esticada. Chega um momento que a sua capacidade de esticar chegou praticamente ao fim. Quando você vai pôr um vinho novo ou um leite novo, a nova inflamação vai expandir um pouquinho mais aquilo. Aquilo poderá rebentar. Então, o ideal era que a expansão dessas odres fossem feitas no mesmo tempo com um vinho apropriado. Tipo, odre nova, vinho novo e vai expandir até o máximo daquele produto. Não do tipo que depois vai trazer algo novo e vai tentar expandir mais e já não vai aguentar. A ideia é mais ou menos essa. E como é que isso se aplica à lição que o nosso Senhor Jesus está tentando dizer? É a mesma coisa. Vocês estão formatados. No caso dos discípulos de João, vocês foram formatados ao modo de João. Há muito tempo que vocês seguem a João e pensam do jeito que João vos ensinou. Vocês são discípulos dos fariseus. Vocês foram formatados à forma de interpretação dos fariseus. Então, vocês estão a ter dificuldade de entender a forma que eu lido com os meus discípulos porque são habituados a uma forma diferente de pensar. A única forma de vocês entenderem a minha forma de pensar é se vocês se tornarem mais flexíveis. É a renovação da vossa compreensão das coisas. Mais ou menos isso. Que não é muito diferente de nós também, sabe? Por vezes, você cresce numa denominação ou cresces a ler certos autores e você põe no teu coração aquela que as pessoas estão certas, a doutrina correta é essa, a interpretação correta é essa. Um dia depois você encontra alguém que diz, olha, isso aí, essa interpretação, não acho que é a melhor. A nossa tendência natural é dizer, não concordo. Não concordo, não sei o que está a fazer com isso não. Por quê? Porque você habituou-se com ordens velhas. É o teu hábito, é a cultura. É preciso pedir a Deus flexibilidade. Todos nós não somos perfeitos no nosso entendimento e vamos aprender a vida toda. O que nós precisamos é um coração ensinável e que está sempre diante de Deus a dizer, Deus, me ensine a aprender. E me ensina também a desaprender. Porque há coisas que eu acho que estou certo, afinal não estou assim tão certo. E eu acho que aqui o Senhor Jesus bate muito bem nesse ponto. Então para hoje é aqui onde nós paramos, no versículo 17. E a próxima vez, permita a Deus, vamos continuar no versículo 18 para lá. Amém? Amém.