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Gravação - Converted with FlexClip

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The grandmother talks about her life before and after the dictatorship in Portugal. She didn't notice much difference during the dictatorship, but after the revolution, she saw more freedom and rights. Before, people couldn't criticize the government, but after the dictatorship, they could speak freely. The grandmother also mentions that the habits of greeting and saying goodbye remained the same. She doesn't remember the specific rights women had before the dictatorship. When asked about her feelings during the revolution, she didn't understand its significance at the time. She found the revolution to be too much freedom and believes there should have been more restrictions. She thinks there is now too much freedom, especially among young people. She also mentions that respect for others has decreased. The conversation ends with the grandson thanking his grandmother for her perspective. Então pronto, vamos começar. Estou aqui com a minha avó por via telefónica. Estou a fazer esta entrevista hoje porque não tivemos mais oportunidade durante o fim de semana e então estamos a fazer hoje. Vou começar com a primeira pergunta que gostava de saber onde e como é que vivias na tua infância e na tua adolescência antes da ditadura, avó? Ó filho, eu vivia com a avó, vivia na casa dos meus pais. Não senti grande diferença quando foi a ditadura porque para mim o 25 de Abril não me disse nada. Quando foi, não me disse nada. A partir daí é que depois começamos a ver que tínhamos muito mais liberdade e coisas desse género. E então, como já disseste, depois da ditadura, ao longo do tempo, não foi instantaneamente, mas ao longo do tempo foi-se notando alguma diferença a nível de direitos? Nós antes da ditadura não podíamos falar certas coisas do governo, nem de nada. E depois da ditadura já se podia falar que ninguém, portanto já não havia apito para nos prender, porque antes da ditadura muita gente ia presa quando estavam metidos nessas coisas. Pessoas que estavam perto do governo, ligadas ao governo, elas nem sequer podiam falar. Porque a pisa apanhava-as e as levava-as presas. Assim que foi a ditadura, isso acabou. Então nós tivemos muito mais liberdade. E quais eram os tipos de hábitos que, por exemplo, se tinham à mesa, ao cumprimentar-se, ao despedir-se? Os hábitos na minha casa eram, nós de manhã levantávamos, mas isso tanto era antes como depois. Nós levantávamos, cumprimentávamos a minha mãe, o meu pai. Quando chegava a hora da refeição, nós rezávamos sempre antes da refeição, agradecerem a Deus que temos a comida. Sim, mas o resto não lembrava-se de mais nada. Os hábitos de cumprimentar-se e despedir-se são os mesmos de atualmente? Tanto para serem antes como depois, foram os mesmos a seguir à revolução. Ok, ok. E os direitos? Antes da ditadura, o que é que as mulheres, os homens, neste caso as mulheres tinham menos direitos, mas o que é que no geral, quais eram os pouquíssimos direitos que tinham? Olha filho, eu não sei dizer, nem porque eu era muito jovem, não queria fazer nada dessas vidas. Eu, na minha casa, tinha pouca liberdade porque o meu pai não me deixava, não é? Mas isso já não tem nada a ver com, como eu, outras batalhas. Os pais nessas alturas, os pais mesmo depois da ditadura, nessas alturas eles não nos deixavam sair. Mas nem só eu, portanto os jovens todas da minha geração, os pais não nos deixavam sair, enquanto agora saem e nós nesse tempo não saímos de casa. Pois, pois. E a nível de sensações, os prazeres, neste caso um bocado improvável, mas os dissabores da população, de tia, avó, qual foi a sensação ao saber que tinha havido uma revolução e que a partir daí tinham muito mais liberdade? Quando eu soube que tinha havido a revolução, eu não sabia o que é que isso significava, está a perceber? Eu não sabia o que é que isso significava, porque a avó era jovem e não pensava nessas coisas. Ok. Olha, e como é que soubeste? Pela rádio. Pela rádio. E a população em volta também? Sim, sim, sim, porque nós nessa altura não tínhamos televisão. E o que é que estabas a fazer nesse momento, avó? Ai, não sei, não sei. Já tens uma ideia muito vaga. Não, não, já não lembro, não lembro. Mas achas que esta revolução foi boa? Espera aqui, por um lado foi boa, mas no meu entender, acho que foi liberdade a mais. Ok. Ou seja, na tua opinião... Na minha opinião, acho que foi liberdade a mais. Devíamos ter, sim, liberdade, mas com mais restrições atrás. Mais restrições, claro, porque agora há liberdade a mais. No meu entender, há liberdade a mais. Até mesmo com os jovens e tudo, acho que há liberdade a mais. Claro, é a tua opinião. E depois não se respeita uns aos outros. Enquanto antes não sabia, pronto, não era assim. Não podia ser assim. Antes da revolução não era assim, mas porque não podia ser assim. Porque o governo também não autorizava certas coisas, não é? Pois, pois. Isto agora a mudar um bocado o tema sobre o 25 de Abril. Mais para fugir aqui um bocadinho. Tu por acaso tens alguma memória de alguma novela, de alguma rádio novela? De alguma coisa assim do género? Não, filho. Na solteira, não. A primeira novela que ouvi já foi depois de casada. E agora, eu depois troco isto. Isto já vou cortar, porque agora cortei aqui a ordem das perguntas, mas depois... Pois, pois, é raios, não é? Olha, tu me cunhas aí, que é o que disse que faz tempo que estás a me saludar, hein? Não, não, não, bó, não, não. Se não me condenam-te à morte, Fónix. E olha, que idade tinhas no 25 de Abril? Oh, filho, eu tinha 16 anos, não era, filho? Quando tu tinhas ido para a tropa, comecei a namorar contigo, tinha 16 anos. Tinha 16 anos, filho, tinha. 16 anos, foi. 16 anos, ok, ok. Então pronto, Zabó, olha, obrigado pelo esforço e pela opinião desta. Olha, filho, dentro do que eu sei, é o que eu te posso ajudar, amor.

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