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The person started smoking and engaging in unhealthy behaviors at a young age but has since turned their life around and is now focused on education and improving their future. They have had multiple relationships and children, but their personal struggles with alcohol and drugs have caused them to distance themselves from their family. They have experienced discrimination and exclusion as a homeless person and believe that more attention and compassion should be shown towards those in similar situations. They have faced challenges in finding employment and basic necessities due to prejudice. They regret their past choices and hope to prevent others from making the same mistakes. They have learned valuable lessons during their time on the streets and believe that support and respect are crucial in helping homeless individuals. Eu comecei com 12 anos a fumar cigarro e estudava pouco, muitos amigos que já andavam pela rua, eu era um dos mais novos, e entre meus três irmãos eu fui o que viveu esse caminho meio torto, aprendi a fumar, a beber muito cedo, e contudo eu deixei isso tudo pra trás, vim estudar agora depois de mais velho, consegui concluir o ensino médio, pretendo fazer um curso de técnica de enfermagem agora nesse mês de julho, começa a partir do dia 10, eu pretendo estar incluído nele pra ter uma mudança de vida. Mas aí com 19 anos eu já tive minha primeira filha, fiquei junto com minha mulher por 5 anos, separei, tive outra esposa, fiquei 16 anos junto com ela, tenho 4 filhos com ela, então tenho no total de 7 filhos, e comecei a abusar do álcool e da droga, ainda jovem como eu falei, e isso na minha vida pessoal tem acarretado uma coisa muito ruim, eu me afastei da minha família por ter medo de levar problemas pra eles e vergonha também que eu tenho 3 netos e tá vindo quarto aí, então não quero que ninguém me dê nessa situação, então me afasto, me afasto das pessoas e aí a gente acaba sofrendo sozinho, acho que quem tá de fora às vezes não vê isso, vê você ali na rua com um morador de rua, que você tá ali jogado e tal, mas não, não é verdade, eu tenho família, tenho pessoas que se preocupam comigo, e por eu me preocupar com elas eu me afasto muito, eu acho que isso aí eu faço até errado, igual eu fiquei durante 3 anos na rua, há 3 anos eu não estava, eu tinha saído da rua há 3 anos, mas morei de neve durante 3, e agora eu voltei porque eu não tava usando nem álcool nem droga, por causa de uma lata de cerveja que eu bebi, voltei a usar droga e me afastei de todo mundo novamente, larguei meus documentos, minha roupa, meu trabalho, tudo pra trás onde eu tava morando e trabalhando, e voltei pra rua, aqui no Sertão tô procurando um tratamento pra mim melhorar a capacidade de ter, como eu falo assim, não é paciência, é a cabeça fria, a cabeça fria pra poder fazer esforço, porque não vai ser uma coisa fácil, e eu quero muito trabalhar com pessoas, podendo ajudá-las e principalmente a mim também, lógico. Aí, o que acontece da minha vida tá sendo mais ou menos isso aí, um resumo parcial mais ou menos é isso, tem algumas outras coisas, porque tem a parte que você mesmo tava querendo saber sobre a discriminação, a discriminação que a gente sofre na rua, algumas pessoas tentam humilhar a gente, eu não sei pedir nada a ninguém, então eu tenho sempre que tá fazendo serviço ali, um aqui pra mim, poder me alimentar, poder me vestir, mas Deus tá me ajudando e tem pessoas boas também que Ele coloca na minha vida né. E quais são suas experiências como morador de rua? Olha, foram não muito boas não, foram experiências assim, você passar fome, igual eu mesmo que tenho dificuldade de pedir as coisas às pessoas, então é difícil, mas como eu falei, tem muitas pessoas que vão pra rua, fazem doação de roupa, de alimento, instituições, igrejas, até mesmo pessoas normais, comuns que só querem ajudar mesmo, e tem outras que, não que tenha acontecido comigo, mas eu já vi morador de rua ser espancado porque tá dormindo no portão da casa de uma pessoa, são coisas que acho que o ser humano tinha que praticar um com o outro né, tinha que ter um pouco mais de atenção, com tudo isso. Você, enquanto você estava na rua, você já se sentiu excluído socialmente? Muitas vezes, até hoje né, hoje eu tô me refazendo né, tentando juntar os pedaços ali, mas graças a Deus tá dando certo, eu só quero ficar longe dessa droga e desse álcool, que eu sei que minha vida será bem diferente. Além disso, você já sofreu algum tipo de intolerância, desigualdade, preconceito, até mesmo anti-discriminação? Sim, que nem sempre a gente consegue, todos os dias, por uma roupa limpa, tomar um banho né, e em alguns lugares, no comércio, as pessoas até impedem a sua entrada né, então é uma coisa que é difícil, não é fácil não. Se você pudesse mudar alguma coisa no seu passado, o que você mudaria? Eu não teria usado nem cigarro, nem droga, nem álcool, né, estar nas más companhias. Você gostaria de compartilhar algo sobre sua vida? Olha, o que eu tenho pra compartilhar são essas experiências que eu tenho vivido, ou aqueles que talvez pela minha fala outras pessoas não venham cometer esse mesmo erro que eu cometi, que é entrar na droga, que é entrar no álcool, pra não acontecer isso com elas também. Você aprendeu alguma lição nesses três anos que você passou na rua? Aprendi muitas, escutar, assim... Eu deveria ter escutado minha mãe, meu irmão, com conselhos que eu não ouvi, né, e ir pra rua, e a gente assim, na rua, coitado do Léo, mas a gente tem que matar um por dia pra sobreviver, infelizmente. Não é fácil não. Como a gente pode ajudar e apoiar os moradores de rua, alguém que está em situação de rua? Olha amigo, o que acontece, você pode ajudar com uma palavra amiga, com um prato de comida às vezes, mas principalmente com respeito, né? Respeito, acho que é a chave pra tudo.