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Biodiversidade.

Biodiversidade.

Que Nome Damos a Isto?Que Nome Damos a Isto?

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O que é que a ausência de mosquitos esmagados no pára-brisas do carro tem haver com o maior banco do mundo? Porque é que o desaparecimento dos pardais pode estar relacionado com o aumento do preço dos alimentos? Qual o verdadeiro valor dos serviços dos ecossistemas? Como 2010 deveria ter sido o mais importante dos últimos 30 000 anos. Um olhar de Pedro Coito Em parceria com o jornal Postal do Algarve e com o centro Europe Direct Algarve.

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The podcast episode discusses the importance of biodiversity and its implications for various aspects of society. Biodiversity is defined as the variety of life on Earth, including organisms, species, and populations. It plays a crucial role in agriculture, providing necessary conditions for crop productivity and viability. Biodiversity in marine ecosystems is also critical, as the ocean is a major source of food worldwide. Healthy natural environments attract tourism and serve as carbon sinks. The extinction of megafauna and the loss of vertebrate species highlight the ongoing biodiversity crisis. The lack of proper land management, deforestation, intensive agriculture, urbanization, habitat fragmentation, pollution, and insufficient scientific knowledge contribute to the decline in biodiversity. The Countdown 2010 project, aimed at protecting the environment, was seen as a failure, highlighting the lack of credibility of such initiatives. However, there is hope for change through sus Olá a todos, o meu nome é Pedro Coito e sejam muito bem-vindos a mais um novo episódio do nosso podcast que nome damos a isto em parceria com o jornal postal do Algarve e com o Europe Direct. Aproveitem para ouvir a nossa estreia da mesa redonda da semana passada com todos os membros reunidos no painel. Esta semana trago-vos um tema de grande relevância para a atualidade, a biodiversidade. O que é a biodiversidade? É um termo que só foi apenas criado em 1985. Segundo as Nações Unidas, entende-se pela variedade de vida na Terra, incluindo a todos os organismos, espécies e populações. A variedade genética entre estes, as suas complexas interações em comunidades e ecossistemas. Mas antes que adormeçam, a verdadeira questão é qual é o seu valor? A biodiversidade tem amplas implicações sociais. Primeiro, na agricultura, a biodiversidade é necessária para a produtividade de todas as culturas e até mesmo para a sua viabilidade. Condições de biodiversidade significam serviços polinizadores, variedade de espécies para evitar pragas e doenças e a qualidade do sol e da água. A biodiversidade nos ecossistemas marinhos é crítica porque, por exemplo, o oceano é uma importante fonte de alimentos em todo o mundo. Os peixes representam 17% do consumo global de carne. Os mangais costeiros, pântanos e recifes reduzem a erosão e os danos causados por tempestades, filtram o escoamento da terra e servem como berçários para os peixes. Ambientes naturais saudáveis também atraem o turismo, um motor económico para muitos países. Os habitats terrestres e marinhos biodiversos também são sumidores de carbono críticos, retirando historicamente 59% das emissões de dióxido de carbono da atmosfera. Quem escreveu esta definição não foi nenhuma entidade pública, governamental ou associação ambientalista. Este texto está patente numa página de internet do JP Morgan, o maior banco do mundo cotado em bolsa. Esta é uma mensagem clara de que, no mínimo, o reconhecimento sério da importância que a biodiversidade tem para a banca e para toda a economia. Se for necessário falar em números, a OCDE destaca que os serviços dos ecossistemas se contabilizam em 140 bilhões, milhão de milhão, de dólares por ano, ou uma vez e meia o PIB mundial. Dentro da biodiversidade animal, a extinção causada pelo homem estende-se ao longo de milénios, mais precisamente, desde há 30 mil anos. Apesar de não ser consensual, é cada vez mais evidente que a extinção da megafauna se deveu à sobrecaça do homo sapiens. Mamutes, tigres, preguiças, elefantes e até cavalos não chegaram até hoje em estado selvagem na Europa. Na realidade, a extinção da megafauna que ainda hoje resiste em África é prova disso, e o maior animal de todos, a baleia azul, continua extremamente ameaçada. A megaflora, vulgo grandes árvores, não foi mais poupada, sendo ainda nos últimos dois séculos que florestas intocadas de sequoias foram arrasadas na América do Norte, e hoje o processo continua na Amazónia. Desde 1970, segundo a OCDE, perdemos 60% das espécies de vertebrados. Estas estão extintas, não voltam mais à superfície da Terra. Também pequenos vertebrados dados por nós como comuns estão em grande declínio. Segundo a CPEA, a população de pardais diminuiu em um terço desde 2004, e de rola brava já só resta 20% da população que existia há duas décadas. Porém, isto não representa a maior extinção de biodiversidade. De facto, estamos a vivê-la hoje mesmo. Mas como? No reino animal, apenas 50 mil espécies são de vertebrados. Portanto, todas as espécies de aves que vemos em grande perigo nas notícias, estão alguras dentestas. Já quanto aos animais em vertebrados, e só nos insetos, segundo a Universidade de Oxford, estima-se que existam 30 milhões de espécies. Repito, 30 milhões de espécies de insetos. Sendo que a ciência ainda só identificou 800 mil, não conhecendo sequer todos os detalhes do ciclo de vida de cada uma destas já registadas. Estamos a perder espécies que nos são contemporâneas sem darmos a mínima conta das suas implicações. A maioria nem nunca será descrita ou contabilizada. O equilíbrio de áreas humidas que dependem das frágeis libélulas para que todo o ecossistema funcione e purifique grande parte da água potável que bebemos, está seriamente em risco. Quantas destas espécies são fundamentais para manter em equilíbrio os ecossistemas agrícolas? Para evitar o alastrar de pragas que impeçam a produção de alimentos? A resposta é simples. Todas. Até os afílios ou a mosca da fruta têm papéis fundamentais nos ecossistemas. Já dizia Einstein que no mundo sem abelhas, ao homem apenas restariam mais quatro anos. A mensagem essencial é que a abelha é um inseto em certa parte domesticado e se até esta se extinguir, significa que praticamente mais nenhuma restará. As causas são variadíssimas, mas se quisermos resumir numa única seria na ausência de um bom ordenamento do território. Aqui podemos incluir desde a destruição de habitats pela desflorestação, o uso indiscriminado de fitofármacos na agricultura intensiva, focos florestais, urbanização, fragmentação de habitats, poluição generalizada e também a falta de divulgação do conhecimento científico. Sim, nós só protegemos o que conhecemos e o mesmo se aplica à natureza. Isso é até uma das razões porque atualmente a caça desportiva tem contribuído muito mais para recuperar habitats e espécies do que a caça e recoleção o fizeram em todo o passado da humanidade. Temos muito a aprender com os erros. O Countdown 2010 foi um projeto bem europeu lançado pela IUCN, mas em que a União Europeia foi central. Promovido em todos os meios de comunicação, fizeram a mim, por volta de 2008, muito jovem, acreditar que 2010 seria um ano histórico. Convencido pelo bem planeado Greenwashing, publicitava que ia ser um marco inédito na proteção do ambiente e que o ano 2010 iria mudar as nossas vidas. Resta-me dizer que, no mínimo, foi um fiasco. O Countdown 2010 foi uma grande lição pessoal sobre a falta de credibilidade que a maioria destes projetos em Estados, ao nível europeu, têm e como contribuem para a crescente perda de confiança na União Europeia. Agentes de vários países europeus a falar com um ar sério na televisão, mas que nada fizeram para efetivamente parar ou diminuir a perda de biodiversidade em 2010. No mínimo, foram eles naíveis? Sugiro que pesquisem o endereço do site do projeto em countdown2010.net. Mas há esperança. Mais do que esperança, precisamos de mudança. Mudança na forma como fazemos agricultura, em tantas substâncias químicas que estão nos nossos produtos do dia-a-dia, como até em roupas, medicamentos e produtos de higiene, que destroem os insetos e, já agora, também a nossa saúde. Por vezes, não há nada como deixar a natureza reequilibrar-se a si própria. Trago-vos um caso prático. No verão de 2021, o avistamento de ratos no centro urbano de Almada disparou. As causas pouco importam, mas certamente que as alterações climáticas ou a sobrecarga dos sistemas de esgotos residenciais durante a pandemia foram um fator. Foi comentado localmente. No final do mesmo verão, noto, numa noite sem dormir, um piar muito rural. Já o conhecia, mas não da área metropolitana de Lisboa. Era a vocalização da coruja do mato. Mais curioso ainda, segundo a página Aves de Portugal, esta é a época do ano em que a coruja é menos frequente. Mas, de dia para dia, de mês para mês, as vocalizações foram crescendo em quantidade e intensidade. Hoje, em 2023, quase todas as noites é fácil ouvir vários indivíduos ecoar pelo centro de Almada todas as noites. E os ratos nunca mais vinham nas ruas. É assim que estes guardiões da higiene da cidade respondem. Para cada ação há uma reação. E, por vezes, a melhor é mesmo a inação e deixarmos que a biodiversidade faça o seu trabalho. É com uma gravação feita em setembro de 2021 que me despeço, com o som que pessoalmente representa mais uma esperança da recuperação da biodiversidade. Até à próxima. Legendas pela comunidade do Amara.org

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