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Mediação Pedagógica Sala Aula_Roseli Fontana

Mediação Pedagógica Sala Aula_Roseli Fontana

Marcelo B Santiago

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Transcription

The transcription is discussing the book "Mediação Pedagógica em Sala de Aula" by Roseli Fontana. It is divided into two parts, with the first part focusing on the theoretical aspects and the second part providing examples from a third-grade classroom. The author uses the theories of Vygotsky and Bakhtin to discuss conceptualization and the role of language in cognitive development. Vygotsky's idea of mental functions and the importance of interaction and imitation in learning are explained. The concept of mediation, or the role of the teacher in facilitating learning, is also discussed. The three stages of cognitive development, including syncretic thinking, complex thinking, and conceptual thinking, are explained. Olá, tudo bem? Meu nome é Juliana Garcia e esse é a Intensive Pedagógica. No vídeo de hoje nós vamos falar sobre o livro Mediação Pedagógica em Sala de Aula, da Roseli Fontana. O livro é dividido em duas partes, uma primeira parte mais teórica, mais técnica, e uma segunda parte ela vai trazer pra gente experiências que aconteceram dentro de uma sala de aula de terceiro ano, que vai exemplificar toda a teoria. No vídeo de hoje o nosso foco é especificamente a parte 1, a introdução que a autora chamou de a gênese social da conceitualização. Mas agora como sempre vamos direto ao assunto sem enrolação. Nesse livro para falar sobre conceitualização ou formação de conceitos ou pensamentos, a autora vai usar dois pensadores da educação, o Vygotsky, que nós já fizemos um vídeo aqui e eu sugiro que você verifique esse vídeo também, porque os dois são complementares, e o Bakhtin. A autora escolhe esses dois livros porque segundo ela, enquanto o Vygotsky procura traçar as possibilidades de elaboração no plano individual e interno, o Bakhtin analisa a dinâmica socioideológica, a nossa atuação coletiva. É por isso que hoje primeiro nós vamos falar sobre Vygotsky e logo em seguida nós complementaremos as informações com a teoria de Bakhtin. Mas é importante você saber que esse livro ele não vai trazer aqueles aspectos mais comentados ou mais estudados do Vygotsky, ele vai ficar focado nas funções pensamento e linguagem, ou principalmente como é que o desenvolvimento da linguagem vai ajudar na organização dos nossos pensamentos. A informação básica que nós temos que ter em mente quando vamos estudar Vygotsky é como funciona o nosso cérebro, ou como é que nós aprendemos. Esse autor acredita que nós aprendemos a partir de duas funções, ou funcionamos a partir de duas bases. A primeira ele chama de funções mentais elementares, você também pode encontrar alguns autores falando em funções psicológicas elementares, que é a nossa base genética psicológica, aquilo que a gente traz. No entanto, é a partir dessa base que a construção do conhecimento será realizada, ela é como se fosse o fundamento, o início que nós utilizamos para o desenvolvimento. Então, tendo essa base, a partir do nosso nascimento é que nossos familiares, amigos e sociedade vai conseguir compartilhar tudo o que eles já tiveram contato, todos os seus conhecimentos, e nós vamos para a segunda base, que o autor vai chamar de funções mentais superiores, ou funções psicológicas superiores. É por isso que os profissionais da educação vão sempre incentivar a interação da criança, a troca dela tanto com crianças da mesma idade, mas com pessoas de várias idades, e também vão incentivar o contato com diversos objetivos, instrumentos, ou seja, incentivar que a criança tenha muitos estímulos. Mas por que estar com outras pessoas é tão importante a partir da ótica do Vygotsky? Ele percebeu a partir de suas coisas que nós, seres humanos, aprendemos imitando. Então, primeiro nós observamos o nosso redor, tudo o que acontece à nossa volta, e depois nós absorvemos, nós interiorizamos aquilo que a gente acabou de vivenciar ou de ver. Esse aprender pela imitação, ele vai acontecer na infância, mas também acontece durante todo o nosso processo de aprendizagem, durante toda a vida, e talvez seja por isso que os canais de DIY façam tanto sucesso. E aí esse movimento que a gente faz de observar alguém fazendo e depois imitá-lo, tentar fazer da mesma forma para poder aprender aquilo, será explicado pelo Vygotsky da seguinte forma. Primeiro nós teremos atividades interpessoais, que são com outras pessoas, para em seguida ocorrer uma atividade que é intrapessoal, que é interior. É por isso que nós usamos tanto a palavra interiorização, mas no dia a dia nós costumamos utilizar a palavra absorver o conhecimento. Vygotsky fala interiorizar o conhecimento, mas a ideia é mais ou menos a mesma. É no curso de suas relações sociais, atividade interpessoal, que os indivíduos produzem, se apropriam de e transformam as diferentes atividades práticas e simbólicas em circulação na sociedade em que vivem, e as internalizam como modos de ação, elaboração próprios. Atividade intrapessoal constituindo-se como sujeitos. Para simplificar tudo isso, na educação, ou os documentos oficiais da educação, vão falar sempre na importância ou na relação do eu e do outro. Inclusive eu sugiro que você veja também o livro de educação infantil na BNCC. Lá esses conceitos serão abordados de uma forma mais aprofundada. Outro fator muito importante, essencial na nossa aprendizagem, além de imitar, observar, é a aprendizagem que acontece por meio da linguagem, ou por meio da conversa. Nós seres humanos gostamos de trocar informações, trocar experiências, e a linguagem é essencial. A ideia aqui é que todos os conhecimentos, acontecimentos e vivências, elas ganham a informação e elas ajudam o meu cognitivo a partir das atividades que são feitas com as palavras. Vou dar um exemplo que vai explicar melhor. Algumas pessoas, quando têm problemas muito grandes em sua vida, elas procuram quase sempre amigos ou familiares para contar aquelas informações, porque ela sente que ao contar as informações, ela consegue organizar os seus pensamentos. Então, escolher as palavras que ela vai utilizar para explicar para uma outra pessoa o que ela acabou de viver, vai ajudar ela a classificar as informações. Esse é um exemplo que nos ajuda a entender as ideias do Vygotsky e também do Bakhtin. As palavras com suas funções designativa, analítica e generalizadora, é mediadora de todo o processo de elaboração da criança, objetivando, integrando e funcionando as operações mentais envolvidas. Essa palavra mediação é outro termo que é muito utilizado na educação. Nós somos professores mediadores, segundo o Vygotsky. O Piaget gostava da palavra facilitadores. Inclusive, isso é muito cobrado em concurso. Quem usava cada palavra? Mas vamos voltar ao assunto. A palavra mediação é um termo-chave do Vygotsky. No entanto, alguns estudantes mais contemporâneos já utilizam a palavra ajudar. Então, o professor ajuda o aluno a construir o conhecimento. Então, sempre que vir essa palavra mediação, você pode se recordar de ajudar ou fornecer meios para que algo seja possível. Essa é mais ou menos a ideia da mediação. E como nós mencionamos no exemplo anterior, são as palavras que possibilitam essa organização da nossa mente, E como que a mediação vai acontecer dentro da sala de aula? Nesse livro, a autora traz um exemplo muito legal sobre mediação que deve e que pode ocorrer dentro da sala de aula. Ela vai falar daquele tipo de atividade em que eu vou explicar para o aluno como é que eu raciocinei, quais são os passos cognitivos que eu utilizei para chegar a determinada situação. E com isso, o aluno tem a possibilidade de imitar esses passos e adaptar a forma como funciona melhor para ele. Acompanhada de seus conceitos espontâneos, a criança procura raciocinar junto com o professor, tentando reproduzir as operações lógicas utilizadas por ele. Para você ver esse exemplo na prática, eu vou deixar aqui uma resenha nossa, onde a autora faz isso durante o livro. É importante a gente ter em mente que o trabalho da escola, a sistematização do conhecimento e a forma como nós atuamos, ou seja, a nossa mediação, ela tem como objetivo o desenvolvimento das funções mentais superiores, ou o desenvolvimento das funções psicológicas superiores. E o autor também vai usar o termo formas superiores de ação consciente. E para chegar a esse caminho, esse desenvolvimento intelectual, a gente passa normalmente por três passos, que eu vou compartilhar eles com você a partir de agora. O primeiro passo se chama pensamento sincrético. É caracterizada pela agregação desorganizada ou amontoada, que se utiliza para solucionar uma tarefa. É a linguagem da criança quando ela ainda é ocasional, imediata. Então, as coisas vão acontecendo e ela vai aprendendo as palavras e nomeando. É o início do nosso processo de construção de fala e também cognitivo. Então, nesse momento, eu ainda não conecto as informações e também não analiso ou faço qualquer operação que é mais complexa. E mesmo nesse momento, a nomeação que eu faço dos objetos ainda é estável. Eu posso nomear os objetos neste momento de uma forma e em outro momento eu chamar aquele objeto de uma outra forma. O significado da palavra para a criança é um conglomerado vago e sincrético de objetos isolados. No segundo momento, vai ser o pensamento por complexos. Então, nós já temos uma evolução. As crianças agrupam os objetos por traços distintos e mutáveis, como se elas fossem famílias separadas e relacionais. As associações dos objetos são realizadas mais pelas impressões concretas do que pelas impressões subjetivas, uma vez que a criança já superou grande parte do egocentrismo. Durante as primeiras fases do desenvolvimento, é muito comum que as crianças representem o mundo ou entendam todo mundo com base naquilo que aconteceu com ela, que ela vivenciou, que ela viu. É o que nós denominamos na educação da fase do egocentrismo. Tudo está em relação à criança e qualquer realidade que é diferente da realidade dela, ela não consegue compreender. Quando a gente inicia nesse pensamento, a criança já começa a compreender realidades, fatos, que são diferentes daquele que acontece dentro do lar dela. É por isso que a autora vai falar que a criança dá os primeiros passos na análise e operação intelectual que supõe abstrair, isolar elementos e examiná-los separadamente da totalidade da experiência concreta de que fazem parte. Nesse momento, a criança também começa a agrupar informações segundo determinadas características. Então, o que são frutas, o que são animais, quais são as cores, que são experiências importantes para a criança, mas que não necessariamente existe dentro do seu ambiente controlado. E na terceira fase, nós chegaríamos ao pensamento conceitual, onde nós somos capazes de fazer explicações, análise, reflexões de objetos, qualquer objeto, de forma abstrata, sem precisar tocar, sem precisar fazer parte da minha realidade. Eu consigo entender realidades diferentes da minha, sem ter aquela necessidade de trazer para o eu, para a minha vida. Então, eu conseguiria atingir esse grau depois de deixar para trás o meu egocentrismo. É por isso que a autora vai chamar esse momento de um amadurecimento intelectual. É como um modo culturamente desenvolvido dos indivíduos refletirem cognitivamente suas experiências. Tal elaboração resulta de um processo de análise, abstração e de síntese, generalização dos dados sensoriais, que é mediado pela palavra e nela materializado. A palavra é o meio de generalização criado no processo histórico social do homem. Primeiro que a noção que eu tenho para passar é que essa citação é bem importante nos concursos. E segundo que a gente precisa conversar um pouco mais sobre algumas informações. Então, esse nível mais elevado de pensamento, ele vai envolver duas ações. A abstração, a análise, a reflexão e também a generalização. Que a gente pode entender como uma síntese, um resumo das informações, não ligado do meu ponto de vista, do que eu acho, mas a partir de informações concretas, ou seja, a partir de fatos. Uma informação importante aqui para o nosso dia a dia, dentro da sala de aula e fora da sala de aula, é que esse nível de pensamento, ele não é acessível a todo mundo. Não é todo mundo que vai chegar nesse tipo de análise. Isso porque esse tipo de reflexão a gente conquista com o treino, com informações válidas, com o estímulo das pessoas que estão ao nosso redor. O local onde nós moramos possibilita, nós temos acesso a essa informação ou não. Tudo isso fará parte do nosso desenvolvimento. É por isso que nós encontramos ainda muitos adultos compartilhando pensamentos, principalmente na internet, com falas que vão nos lembrar, as falas do pensamento por complexo. Porque há uma diferença muito importante que nós devemos contabilizar sempre que ouvimos algumas opiniões, ou como o Bakhtin fala, alguns enunciados. As diferentes formas de generalização e de abstração não foram e não são acessíveis a todos os membros das diferentes sociedades. E nem a passagem do nível sensorial para o racional foi invariável em todos os estágios do desenvolvimento socioeconômico e cultural, como aponta Núria. Outra forma de explicar porque nem todas as pessoas vão chegar ao pensamento conceitual, ou as formas superiores de pensamento, é a seguinte explicação. O pensamento não é linear e nem se repete automaticamente para toda e qualquer criança. Ela depende do acesso e da utilização dos recursos mediacionais culturalmente desenvolvidos. Então, dependendo da cultura que eu estou inserida, da sociedade que eu estou inserida, as informações não chegam com tanta facilidade. Ainda há muitas crianças que não têm acesso a computador no Brasil, por exemplo, não têm acesso à internet. Isso gera uma diferença abismal entre crianças que já possuem acesso desde muito cedo. Existe um outro exemplo bem interessante que a autora vai trazer na segunda parte do livro. Ela vai contar sobre uma figura que a professora estava apresentando para os alunos, onde a professora questionava o que uma mulher indígena estava fazendo com um cesto no seu colo. As crianças que ainda estavam na fase egocêntrica, elas responderam automaticamente que ela estava escolhendo feijão ou que ela estava lavando roupa, porque aquilo remetia à imagem das suas mães ou da sua vivência em casa. No entanto, a professora faz a criança observar que a indígena estava em uma comunidade que vive sem roupas, então provavelmente ela não precisava lavar roupa, e que o feijão também não era um alimento utilizado naquela comunidade. E com isso as crianças puderam perceber que quando nós vamos verificar ou analisar as informações, nós precisamos nos retirar do contexto. Afinal de contas, nós estamos olhando para o outro, que é diferente de nós. Frente a um conceito sistematizado conhecido, a criança busca significá-lo através de sua aproximação com signos já conhecidos, já elaborados e internalizados. Por outro lado, é importante a gente saber que mesmo que a gente chegue ao grau mais alto do desenvolvimento cognitivo, o pensamento conceitual, para fazer conceituações, nós não utilizamos só esse pensamento o tempo todo. Nós vamos oscilar dependendo da necessidade, do local, do contexto onde nós estamos em cada momento. Agora vamos falar sobre generalização. Como é que a gente vai fazer ou ajudar as crianças a fazer esse movimento de análise, abstração, agrupação, classificação das informações? E a resposta é bem fácil, mas na prática não é tão fácil assim. Nós vamos ensinar a generalização pela palavra, ou seja, pela conversa, pelo diálogo, pelos questionamentos. É por isso que vários autores vão defender a pergunta como estratégia pedagógica, porque a pergunta inicia o diálogo e as palavras que serão utilizadas vão sempre ajudar essa construção. Mas isso é assunto para outro vídeo. As diferentes estruturas de generalização desenvolvem-se na criança e suas interações verbais com os adultos, mediadas por um mesmo sistema linguístico. Para a gente falar um pouco mais sobre a linguagem, nós vamos utilizar um estudo de caso. Caso você ainda não conheça a Alice, eu quero mostrar para você um pedacinho desse vídeo da menina que gosta de falar palavras difíceis. Uma coisa que o Vigodes que vai mencionar em seus estudos é que as palavras utilizadas ou repetidas pela Alice e pelos pais da Alice, elas são as mesmas, ela tem a mesma compreensão ou o mesmo significado, mas elas não têm a mesma profundidade. A Alice ainda não tem a completa noção e compreensão do que ela está repetindo. No entanto, é exatamente esse contato que os pais estão proporcionando para a Alice que faz com que ela se desenvolva cada vez mais. Mesmo que ela não elabore ou não aprenda conceitualmente a palavra do adulto, é na margem dessas palavras que passa a organizar esse processo de elaboração mental, seja para assumi-las ou para recusá-las. Sim, a Alice poderia ter recusado todos os argumentos da mãe dela e preferido não comer o brócolis. No entanto, ela aceitou a argumentação da mãe. Aliás, tem um vídeo da mãe da Alice, da Morgana, que eu vou deixar no primeiro comentário, que eu sugiro que você veja, porque ele traz muitas ideias que casam com o que a gente está conversando aqui hoje. Mas é importante eu mencionar que a forma como a família da Alice está formando ela é uma forma bem parecida com a escola, ou que segue a lógica de sistematização. A mãe utiliza estratégias, faz brincadeiras que são exercícios e tudo mais que colabora para a oralidade da Alice, mas também para a construção cognitiva da Alice. Mesmo que ela faça isso de forma intuitiva, está dando certo. Por que que eu estou mencionando isso? O Vigós que ele vai trazer para gente a análise desse desenvolvimento que acontece com a criança quando ela está em casa e quando ela está na escola. Isso porque a comunicação dentro de casa, ou na casa da maioria das crianças, ela é feita de forma espontânea. Essa palavra é importante, ela é espontânea, sem planejamento, para resolver situações imediatas, aquilo que está acontecendo nesse momento. E como a comunicação acontece dessa forma, muitas vezes os adultos nem param para perceber que a criança, apesar de compreender as palavras, ela não compreende com a mesma profundidade que o adulto. Também é bem comum que o adulto faça algumas perguntas e não dê tempo para a criança raciocinar sobre o que ela está falando. Pensar, refletir, porque isso também é um exercício que a gente precisa de tempo. No vídeo da mãe da Alice, você vai verificar que intuitivamente ela já faz isso. Ela compreende que a compreensão das duas não é a mesma e ela sempre deixa a Alice a ter o seu próprio tempo para responder tudo que está sendo perguntado para ela. E quais são as características da função da escola, do desenvolvimento que acontece na escola? A professora com formação específica vai pensar na sistematização, na lógica, na organização dos tempos e também como é que aquela informação vai chegar no cérebro da criança. É importante nós sabermos que nós não conseguimos controlar a compreensão da criança. Então eu posso até explicar com as minhas palavras, mas eu não tenho garantias de como ela vai absorver e interiorizar aquela informação. Na segunda parte do livro, a autora vai trabalhar bastante essa questão de fazer os diálogos com as crianças dentro da sala de aula e depois propor atividades onde nós conseguimos ter acesso às informações conforme elas interiorizaram. Mas e o Bakhtin? O que o Bakhtin vai falar sobre tudo isso? É importante eu mencionar que ele vai concordar basicamente com tudo que o Vygotsky fala. Então ele fala sobre a importância das palavras, ele fala sobre a importância da interação e ele fala também sobre contrapalavras. Isso porque o Bakhtin vai estudar com profundidade não somente o funcionamento cognitivo da palavra, mas também o acesso e a quantidade de palavras que a gente vai ter contato e que dependendo do local onde eu estou, os significados dessas palavras serão muito diferentes. O que o autor vai utilizar quando ele fala sobre a relação de palavras e cognitivo ou da utilização de palavras ou da importância das palavras para a nossa construção cognitiva é que não existe atividade mental sem expressão semiótica, pois no processo de exprimir-se a atividade mental vai sendo explicitada, clarificada pelos signos sociais. E por que ele vai se ater tanto às palavras, aos significados e também às construções sociais? Segundo o autor, a palavra revela-se sempre múltipla e interindividual. Na dinâmica das trocas verbais, os interlocutores incorporam, articulam, contestam, recusam as vozes que compõem o contexto dos enunciados que produzem. Lembrando que toda vez que a gente for falar sobre diálogo, frase, o autor vai falar em enunciado. A ideia que o autor vai trazer aqui é que, por mais que as pessoas pensem que nós podemos reproduzir um discurso ou falar sobre ideologias e a outra pessoa vai aceitar passivamente, isso na verdade não funciona. A ideia que ele vai trazer aqui é que nós temos uma voz interior ou uma voz da consciência e sempre que nós estamos dialogando com outras pessoas, nós faremos aquela comparação sobre quais são as nossas concepções e quais são as concepções do outro e o que do outro eu vou utilizar ou eu não vou utilizar ou quais ideias da outra pessoa faz sentido com o que eu estou falando ou não. Outra informação bem importante do Bakhti é que ele vai falar muito a palavra ideologia. É por isso que a gente vai conversar um pouco sobre essa palavra. Hoje em dia há muitas pessoas negando ou criticando que tem ideologia, mas é importante a gente saber que todo mundo tem ideologia, porque ideologia nada mais é do que um sistema de ideias, um grupo de ideias. Então enquanto conversamos, estamos conversando sobre ideias, estamos conversando sobre ideologia, que pode ser muito parecido com a minha ideologia, mas podem ser ideias muito diferentes, controversas ou contrárias. Todo discurso é ideológico e polêmico. No processo de produção de sentido há confronto no seio da palavra, das vozes ideológicas de um grupo social, num momento e num lugar determinado historicamente. Na segunda parte do livro, a autora traz alguns exemplos também de palavras que foram ditas em um museu a partir da representação que aquela pessoa tinha. E no momento dentro da sala de aula, a professora faz uma pesquisa e descobre outros significados para aquela mesma palavra que faz mais sentido para aquelas crianças, ou que daria uma visão maior para aquela criança daquela palavra. Então quando eu uso o Bakhtin, ou quando eu reflito a partir do Bakhtin, eu vou sempre verificar essas informações, que as opiniões, elas são diferentes, elas são contrárias e que é completamente natural nós ouvirmos nossa voz interior e fazer a comparação entre aquilo que a gente está ouvindo e aquilo que nós já escutamos. Nós também vamos sempre buscar significados diferentes para aquilo que parece ser sempre a mesma coisa, ou sempre foi assim, porque aquela explicação dada por aquela pessoa, ela pode ter mais relação com as vivências que ela tem do que com as minhas vivências. É por isso que aqui no canal, por exemplo, nós sempre trabalhamos com sinônimos, procuramos outros significados para as mesmas palavras, para que os enunciados tenham mais ligação com o nosso contexto, com a nossa realidade e a nossa construção social. Porque afinal, nós vivemos no Brasil de 2021 e isso tem muita diferença com as falas e com as palavras utilizadas por autores que viveram em outros países, em uma outra época, sobre outros regimes de organização da sociedade. Mas veja que apesar de nós temos essa voz interna, essa voz de consciência que está sempre comparando as informações, é muito importante que a gente ouça as palavras dos outros. Mesmo que a gente faça essa adaptação, que verifique significados que podem nos ajudar a compreender melhor. Isso porque são as palavras diferentes, as palavras novas, os pensamentos novos, os pensamentos sistematizados que vão ajudar a nossa construção cognitiva, ou ajudar o nosso exercício cognitivo. E talvez seja por isso, esse exercício cognitivo, que a Alice goste tanto de aprender palavras diferentes. Liquidificador. Peripécias. Peripécias. Bem gente, por hoje nós ficamos por aqui. Se você chegou até aqui, eu quero agradecer demais o seu apoio.

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