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PODCAST DIALOGUS 1 EPISÓDIO

PODCAST DIALOGUS 1 EPISÓDIO

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The podcast "Diálogos Feministas" is part of a scientific initiation project aimed at promoting gender-related content and education. In the first episode, they discuss using podcasts as a teaching tool for gender studies. The guest, Aline Hacke, discusses her experience as a researcher and the role of podcasts in disseminating information and democratizing knowledge. She emphasizes the importance of podcasts in combating fake news and promoting discussions on gender. The podcast can be used as a complementary educational tool, providing alternative ways of learning and disseminating primary research. However, there are limitations, such as accessibility and language barriers. To minimize these challenges, it is important to understand the needs and realities of the audience and provide alternative ways of accessing the content. O podcast Diálogos Feministas faz parte da realização de um projeto de iniciação científica orientado pela professora Carmen Lúcia. Nessa perspectiva, ele tem o intuito de promover a difusão de conteúdos acerca do assunto gênero, a fim de ampliar e levar conhecimento sobre o assunto. Assim, espera-se que possamos produzir conteúdo variados, em formato digital, para que possa auxiliar no projeto de uma educação sobre gênero. Nesse primeiro episódio, vamos tratar do uso do podcast como ferramento de ensino sobre estudos de gênero, já que essa plataforma vem sendo bastante integrada com o apoio à aprendizagem. E para esse episódio de abertura, convidamos a mestre em Direitos Humanos pela UFG Aline Hacke, gestora de projetos e pesquisas acadêmicas voltados aos temas de direitos humanos, gênero e diversidade, além de ativismo digital, mídias e comunicação. E também é co-fundadora, produtora de conteúdo e apresentadora do podcast Colhares. Antes de iniciarmos a entrevista, pedimos à nossa entrevistada para ler o termo de autorização para o uso de sua voz em nosso podcast. Eu, Aline Hacke Moreira, autorizo o uso da minha voz e imagem em todo e qualquer material entre fotos, documentos e outros meios de comunicação, para ser utilizada pelo projeto Diálogos Feministas da UFCAT, desde que destinados à divulgação de conteúdo ao público em geral, pesquisa acadêmica ou apenas para uso interno dessa instituição ou projeto, desde que não haja desvirtuamento de sua finalidade. A presente autorização é concedida a título gratuito, abrangendo o uso de minha voz e da minha imagem em todo o território nacional exterior, no todo ou em parte, em todas as suas modalidades e em destaque, das seguintes formas, podcast, streaming, mídia eletrônica, episódios derivados, vídeos de divulgação, programa para rádio, site, mídias sociais, Instagram, Facebook, Twitter, LinkedIn, YouTube, entre outros, pesquisa e projetos acadêmicos. Por ser essa a expressão da minha vontade, declaro que autorizo o uso, sem que nada haja a ser reclamado, a título de Jeitos Conexos da Minha Voz ou qualquer outro correlacionado à produção desse episódio, pelo prazo de um ano, contado da data da gravação do episódio hoje, dia 05 de 04 de 2023, podendo ser prorrogado por prazo indeterminado caso não haja revogação da minha parte. Perguntamos à Aline sobre sua trajetória enquanto pesquisadora e como surgiu seu interesse pelos mídias sociais, sobretudo pelo podcast, sendo esse o último seu grande diferencial. Começando sobre um período que eu ainda não era, vamos dizer, reconhecida como pesquisadora, apesar de que dentro do podcast eu sempre vi a minha produção de podcast como uma extensão acadêmica do que eu fazia. Em 2017 eu criei o Olhares Podcast, que é um podcast voltado para a transversalização de pesquisa acadêmica na área de gênero, também um podcast voltado para a escuta de mulheres envolvidas com movimentos sociais e com direitos humanos, e ao mesmo tempo divulgação de projetos voltados à prevenção de violência que envolvem o tema mulher. A partir desse momento eu via no podcast uma ferramenta de divulgação científica, mas eu encontrava uma dificuldade de ser reconhecida como pesquisadora que utilizava o podcast como uma ferramenta pedagógica, como ferramenta, por exemplo, de educação em direitos humanos, e isso começou a me deixar muito incomodada ao ponto de que eu falei, ah, então vamos fazer do podcast uma pesquisa acadêmica reconhecida, então a partir dali eu prestei mestrado em direitos humanos e dediquei a minha pesquisa interdisciplinar na área de direitos humanos voltada ao feminismo e a divulgação de podcasts e do uso educacional, pedagógico, acadêmico, de militância de direitos humanos dos podcasts. Então comecei escrevendo sobre o meu próprio podcast, que acabou virando um artigo no livro Feminismos e Podcasts. Organizei um livro falando sobre podcast e o uso acadêmico e defendi a minha dissertação falando sobre o uso político do podcast como ferramenta de militância de gênero. Então acredito que passei por todos esses espaços, passei pelo espaço de produtora, passei pelo espaço de estudante de mestrado e também professora na área de estudos de podcast e pesquisadora na área de podcast até chegar onde eu estou hoje com o livro publicado, com o artigo publicado e sendo reconhecida por isso. E diante de toda essa experiência, indagamos ainda de que forma o entrevistado enxerga o podcast como uma ferramenta de democratização da informação e, ademais, que lugar que o podcast na contemporaneidade ocupa nesse nível. Eu vejo o podcast como uma ferramenta de democratização da informação por vários dias. Quando a gente pensa em democracia, a gente pensa em espaço, espaço de decisão, espaço de diálogo e, assim como espaços democráticos reconhecidos, democráticos amplamente dentro da área política, o podcast também é um espaço democrático limitado. Ele é um espaço que tem muita potência de ser um espaço democrático, mas ele é um espaço limitado. Digo isso por quê? Porque o podcast é acessível para pessoas que possuem celular, que possuem um dispositivo móvel ou um computador, um celular ou um computador. São pessoas que possuem acesso à internet, uma internet própria para você fazer download dos episódios e isso nem sempre é acessível para todo mundo ou não é acessível na mesma qualidade. Então, eu acho que a primeira barreira do podcast é aí. A segunda barreira é fazer o podcast, que também não é muito fácil, porque demanda bastante tempo para produzir um podcast, demanda pesquisa, horas de trabalho, horas de trabalho muitas vezes não remuneradas. Às vezes as pessoas dedicam ao podcast como uma plataforma que é uma extensão do trabalho delas ou algum professor ou professora dedicando ali a produção como uma atividade de extensão do ensino. Então, volto, é uma plataforma democrática, mas como todo espaço que é visto como democrático, ele enfrenta as dificuldades de acesso à democracia como todos esses espaços. Então, é mais difícil ter acesso às comunidades periféricas, vulneráveis, pessoas com pouco letramento digital e etc. Por outro lado, é um espaço que é muito amplo, que ainda tem pouca incidência de algoritmos, então existe uma possibilidade ainda maior de engajar conteúdos. É uma mídia que tem uma natureza comunitária e associativa muito boa, ou seja, pela oralidade as pessoas se sentem engajadas, se sentem estimuladas a fazer mudanças ou promover debates a partir de determinadas assuntos que elas escutam. Chega a soar um pouco parecido quando estamos em uma roda de amigos, por exemplo. Se a gente está em uma roda de amigos que alguém fala algo que nos provoca, estamos ali entre pessoas conhecidas, pessoas que respeitamos, ou vimos algo de alguma professora na faculdade, alguma pessoa que a gente admira, a gente se sente estimulado a tomar determinadas atitudes. E no podcast não é diferente, porque a via que nos chega no podcast é uma via da oralidade, ela é uma extensão da oralidade. Então, nós somos estimulados por esse mecanismo que é um mecanismo historicamente impulsionador. Quantas pessoas não foram estimuladas ao longo da história por palestras, por anúncios em traços públicos, por discursos? Quantas pessoas não se sentiram estimuladas por isso? E esse é o poder da oralidade. Então, o podcast tem esse poder também a partir da oralidade, de estimular as pessoas a refletirem sobre suas próprias vidas e levarem esses conteúdos adiante. Tendo em vista o cenário brasileiro nesses últimos anos, como fake news, curte de ódio, preconceito, violência sendo legitimada, considera-se que é importante que a ciência ganhe espaços nesses ambientes, a fim de que ela possa combater esses retrocessos. Nessa perspectiva, questionamos a Aline de que forma que o podcast poderia ser inserido se é capaz de disseminar e ampliar a discussão sobre estudo de gênero. Diz que ainda é um assunto bastante atacado e que as informações sobre o assunto tendem a ser frequentemente desvalidadas. Eu acho que o podcast é capaz de disseminar estudo de gênero pela mesma forma que nós disseminamos estudo de gênero ao longo da história. E eu, quando decidi criar o meu podcast, o Olhare, eu tive muito isso em mente. E aí eu vou trazer uma experiência pessoal que diz muito respeito a isso. Na época em que eu criei o Olhare, em 2017, eu trabalhava como advogada e dava muitas palestras sobre prevenção à violência contra a mulher. Eu dava palestras em crass, eu dava palestras em escolas públicas, em grupos de mães, em grupos de empreendedoras. A gente conversava sobre esses assuntos na Casa da Mulher Brasileira. E o que eu via nesses espaços? Eu não via uma estrutura super tecnológica, claro que a gente está falando de uma situação pré-pandemia e isso também tem que ser considerado, mas eu não via uma estrutura tecnológica, muito pelo contrário. Eram pessoas, pessoas humildes, que se viam naquele espaço numa situação de extrema vulnerabilidade. Algumas não sabiam nem que estavam em situação de violência e a partir de conversas, de narrativas, de contar a história de alguém, de contextualizar, elas, opa, elas percebiam que era, que algo estava errado, certo? E aí eu pensei, olha só como é interessante a gente trazer a história de uma mulher para movimentar outras mulheres e o feminismo é assim desde que ele foi criado, desde que ele foi compreendido como feminismo. São mulheres que se unem em rodas, em ambientes, em assembleias e que esse conhecimento é passado, né? Então especialistas são convidados, militantes são convidadas, pessoas responsáveis por políticas públicas são convidadas para discutir porque que funciona ou não funciona alguma ação, política pública, movimento, etc. Então, pensando em disseminação de estudos de gênero, qual é a maior dificuldade que nós temos hoje para falar sobre pesquisa de gênero? Primeira coisa é a dificuldade de se compreender uma pesquisa acadêmica. Uma pessoa que não está num ambiente acadêmico ou está numa fase inicial do ensino superior, às vezes não compreende a linguagem científica e está tudo bem, ninguém é obrigado a compreender, certo? Ou então não compreende documentos oficiais, que também vem com toda essa carga, com juridiquês e tudo mais. Então o podcast tem essa potência para, na verdade, traduzir isso numa linguagem coloquial, traduzir de uma forma para que as pessoas possam entender o que de fato está sendo dito ali, certo? E isso tem muito a ver com o público, claro, a gente está falando num podcast aqui da universidade e provavelmente o público vai ser a universidade, pessoas ligadas à universidade, mas que, por exemplo, uma aluna pode achar interessante essa pesquisa que está sendo divulgada e falar, olha mãe, você que acha que a faculdade é muito difícil, escuta aqui o que essa professora tem a dizer, escuta aqui o que essa liderança tem a dizer, vê se não tem a ver com a situação que está acontecendo aqui na nossa região. Então a gente traz essa potência a partir de quê? De vivências, de vivências de pesquisadoras, de vivências de mulheres e a gente dá a elas um espaço que é historicamente negado, as mulheres foram silenciadas ao longo da história, não tinham poder de voz, não tem até hoje poder de voz, não tem direito de falar o que estão realmente sentindo em determinadas situações. Então quando nós vemos um podcast, uma mídia que dá pra gente gravar um áudio de alguém contando uma história e essa pessoa tem a oportunidade de dizer o que ela realmente sente, eu acho que aí está todo o contexto dos estudos de gênero, não é sobre nós que a pesquisa diz, mas é como somos. Se você contextualiza uma pesquisa com a pessoa que vive aquela pesquisa na pele, você deixa um dos tripés da universidade, que os tripés são a pesquisa, a extensão e você deixa os tripés da universidade garantidos que são o ensino, a pesquisa e a extensão. Então você garante isso a partir do podcast. É fácil? Não é fácil, exige até mesmo nós, exige até mesmo pra nós da comunidade acadêmica pensarmos como vamos passar esse conteúdo, como vamos passar essa informação. Eu sempre digo assim no podcast, na minha produção, que entrevista muito as pesquisadoras, que é explique o seu conteúdo como se você estivesse dando uma aula pro ensino médio, porque no ensino médio as meninas não sabem o que é feminismo ou quando elas sabem, tem uma visão limitada do feminismo que é o que tá no site de pesquisa de gênero, que tá na ONU Mulheres, elas não tem acesso a um feminismo da prática às vezes, o feminismo das comunidades tradicionais, o feminismo das mulheres negras, o feminismo das comunidades LGBT, dentre tantos outros, não sabem que existem feministas com opiniões diferentes e que tá tudo bem ter opiniões diferentes, o importante é a gente estar junto ali discutindo e pensando possibilidades. Então eu vejo que é bem por esse caminho. E aí a gente tem um espaço que ainda não tá regulado, então se não tá regulado, qual é o nosso único impedimento? São os direitos que são proibidos, a gente não vai falar mal de ninguém, a gente não vai falar nada que comprometa a nossa segurança e a segurança de pessoas que nós conhecemos, nós não vamos falar nada que comprometa a imagem ou falar algo injustamente e infundadamente. Então é essa a regulação que nós temos hoje, então nós não temos censura no podcast ainda para temas de gênero e os algoritmos ainda, apesar das grandes plataformas controlarem esses algoritmos, nós temos outros dias também, justamente pela carga afossativista e comunitária do podcast. E antes disso, pensando não somente na ampla experiência da Aline no meio digital, mas também nosso projeto vigente, Diálogos Feministas, pedimos a ela para que ela comentasse um pouco como que seria, então, o uso do podcast como um aparato auxiliar de educação, ou seja, pensando nessa experimenta na propagação do ensino, sobretudo, é claro, acerca do estudo de gênero, pensando assim, como que o podcast, ele pode ocupar esse lugar de aliado do professor? Eu acho que dá para a gente pensar em algumas frentes, quando pensamos em podcast aliado à educação. O primeiro, a primeira frente é como uma alternativa à educação tradicional, uma alternativa não para substituir, mas para complementar, porque tem pessoas que aprendem mais por alguns meios e outras aprendem por outros, isso é natural das pessoas, então vai ter aluno que vai aprender escrevendo e vai ter aluno que vai aprender mais escutando, então o podcast, ele pode ser uma ferramenta complementar diante dessas dificuldades que nós enfrentamos no sistema tradicional de educação, certo? É claro que dentro de uma fala de aula, o professor ou a professora tenta utilizar o máximo de recursos e eu vejo isso como um recurso adicional, né? Como professora, eu já utilizei o podcast como ferramenta de contexto, digo isso assim, do mesmo jeito que a gente utiliza filmes, músicas, outros materiais didáticos que não sejam apenas livros, o podcast, ele pode ser uma ferramenta metodológica, se pensarmos numa metodologia ativa, por exemplo, ela convida o aluno ou a aluna a refletir sobre determinado tema ou contextualiza determinado tema apresentando, né, esse contexto. Uma outra ferramenta que eu penso no podcast, pensando... uma outra modalidade que eu penso no podcast como uma ferramenta educacional é fonte de conhecimento. Explico, é para gente que é atuado com a pesquisa, nós sabemos que existe pesquisa primária e pesquisa secundária, né, que para quem não ouviu sobre isso, pesquisa primária é quando nós estamos vendo a pessoa que pensou sobre aquilo, sobre determinado tema, é autora ou autora original daquela ideia, daquela tese científica, né, e secundária é quando nós temos essa tese, essa ideia interpretada por outra pessoa, certo? E na academia, nos ambientes acadêmicos, nós usamos bastante essas fontes. Quando pensamos em podcast, e aí eu trago aqui um exemplo, você está me entrevistando para falar sobre a minha pesquisa, eu não estou falando sobre nenhum autor, nenhuma autora, eu não estou falando sobre nenhum outro projeto, eu estou falando sobre a minha pesquisa. Então, você está tendo acesso a uma fonte de conhecimento primária. Eu estou falando sobre aquilo que eu pesquiso, sobre aquilo que eu defendo e é sobre o mesmo tema que você vai encontrar em todas as minhas publicações acadêmicas. Então, você tem ali acesso a uma opinião estendida de quem está produzindo conhecimento. Opinião essa que você talvez não tivesse acesso ou só tivesse acesso se você convidasse essa pessoa para dar uma palestra na universidade ou uma aula magna, algo assim que nem sempre é possível, dado o tamanho desse Brasilzão. Então, temos isso. E como uma ferramenta secundária, didática, eu poderia estar aqui falando, por exemplo, sobre pesquisas de podcast e educação de outros países, feitos por outros autores, outras autoras e trazendo a minha visão sobre isso. E pelo fato de que algumas pesquisas nem sempre são acessíveis, seja por dificuldade de aquisição de artigos que são pagos ou dificuldades com a língua, eu estou tendo acesso ao conhecimento de uma pessoa que é especialista e que ela já leu tudo isso e ela já tem algumas opiniões a falar sobre isso. Então, pensando agora aliado à questão de gênero, a gente acaba criando uma rede de diálogos, pegando o trocadilho desse projeto para, de fato, dialogar com tantas pessoas e trazer posições diferentes, tendo a oportunidade de ouvir pesquisadoras de vários lugares do país, que nem sempre estão situados dentro do mesmo contexto acadêmico, seja ele territorial, seja ele institucional. Então, a gente tem essa possibilidade desse diálogo e, ao mesmo tempo, a gente incentiva que outras instituições também utilizem esse recurso ao ver a potencialidade do uso da ferramenta da mídia pós-crítica. Quando refletimos sobre a propagar a disseminação de informações acerca do estudo de gênero, questionamos, Aline, de que forma que podemos ser capazes de minimizar os desafios e as limitações? Olha, eu acho que é pensar principalmente no público e, por exemplo, pensando numa escola ou num ambiente universitário, fazer pesquisas com os alunos a respeito do interesse sobre podcast é importante, saber se eles conhecem sobre podcast, porque uma das limitações que nós encontramos enquanto produtores e produtoras de podcast é a dificuldade de compreender o que é um podcast. Então, trazer isso como algo mais didático, para que os alunos compreendam a importância e a necessidade de se implementar isso como uma extensão pedagógica, ao mesmo tempo, saber sobre realidades desses alunos e alunas. Por exemplo, não dá para a gente recomendar um podcast muito grande, por exemplo, para alunos que moram muito perto da universidade, porque geralmente os alunos estão escutando esses podcasts ali enquanto estão se locomovendo, estão pegando o transporte público, indo caminhar, enfim, estão se direcionando para a universidade. Eles utilizam muito esse momento para escutar nas plataformas de streaming. E um outro ponto seria, eu falei de ensinar o que é podcast, para entender as necessidades dos alunos e saber se esses alunos possuem alguma forma para fazer download desses episódios. Se, por exemplo, a universidade poderia oferecer um Wi-Fi gratuito e esses alunos pudessem fazer download desse material, para que eles possam armazenar, por exemplo, no celular ou no computador, ou ainda a universidade possibilitar esses alunos que eles possam escutar nos laboratórios de informática, por exemplo. Então, a gente tem que possibilitar caminhos, e esses caminhos são diversos, mas esses caminhos partem da observação de quem nós queremos atingir. Nós queremos atingir os alunos e as alunas, mas temos que entender as necessidades desses alunos e alunas. Nós temos que compreender qual é a realidade social desse grupo e quais são as dificuldades enfrentadas para ter acesso tecnológico, por exemplo. Durante a pandemia, eu vi universidades brasileiras que estavam emprestando celulares para que os alunos mais vulneráveis assistirem às aulas pelo celular, porque não tinham computador, utilizavam os computadores das universidades. Isso é olhar para a realidade de quem está estudando ali, compreender, às vezes, um acréscimo na bolsa, enfim. E aí vai. Eu acho que esse é o primeiro caminho para a gente ter êxito do uso do podcast como uma ferramenta pedagógica. O que não pode faltar? De tudo que foi exposto, a Aline ainda nos apresentou pontos cruciais sobre o que não pode faltar em nosso projeto de diálogos feministas, como um projeto feminista e um projeto que visa a perpetuação da ciência. E ainda ela traçou alguns pontos que deveriam ser verbalizados em nosso projeto. Primeiro, vamos lá. Eu acho que o que não pode faltar num projeto como o Diálogos, que é um projeto, pelo que eu compreendi, um projeto feminista, um projeto de extensão acadêmica, que quer falar sobre mulheres, o que não pode faltar nessas três características? Primeiro, que deve haver respeito, por exemplo, a diversas formas de pensar o feminismo. Eu acho que isso, em se tratando de um podcast que se propõe a falar sobre feminismo e que vai entrevistar muitas pesquisadoras feministas ou não, mas que debatem o tema de gênero, porque a gente sabe que o feminismo é um termo hegemônico e há mulheres que não se identificam com a luta feminista com o nome de feminismo, é compreender que há formas de luta que podem e devem ser incluídas e respeitadas, e que isso pode até se constituir uma missão do projeto, isso enquanto projeto feminista. Respeitar as diversas formas de lutas feministas. Outro ponto que eu acho importante, como projeto educacional, é buscar o menos é mais. Como é que eu explico isso? É buscar ser o mais claro e objetivo possível, demonstrar clareza da pesquisa para mostrar que a universidade pode ser acessível para as pessoas, as pesquisas universitárias podem ser acessíveis para as pessoas, mas isso depende também da comunidade científica, então existe esse esforço, esse esforço que é um esforço conjunto. A gente está aqui gravando um podcast que provavelmente vai ser escutado pela comunidade universitária, mas pode ser que a sobrinha, a filha de alguém da universidade se sinta estimulada a descobrir sobre aquilo, ou se sinta interessada, ou descubra o podcast por acaso, e isso tem que ser acessível, senão a pessoa vai largar o podcast para lá. E no terceiro ponto, é que a valorização do podcast como uma ferramenta pedagógica, ela pode ser estimulada. Ela pode ser estimulada porque ela garante espaço de fala para muitas mulheres. Então, enquanto projeto feminista, garantir espaço de fala para pesquisadoras é garantir espaço de mulheres na ciência, é garantir espaço de divulgação de projetos feitos por mulheres, artigos feitos por mulheres, e isso é importante e necessário e urgente, principalmente quando estamos vindo de um contexto em 2023, de quatro anos de desmonte científico, estamos vindo de um período pós-pandêmico que mulheres foram extremamente sobrecarregadas pela política do cuidado, e que muitas mulheres que pesquisam não tiveram a possibilidade de se manter competitivas no mercado de trabalho acadêmico, justamente em razão de inúmeras atribuições de gênero, de trabalho doméstico, de dever de cuidado que elas foram submetidas. Então, eu acho que seria mais ou menos esses três dias ali que eu apostaria a minha resposta de que não pode faltar nesse projeto. Diante disso, finalizamos nossa entrevista com a Aline, agradecemos imensamente pelo compartilhamento de suas experiências e pela disponibilidade por participar desse podcast conosco. Foi um prazer participar do Diálogos Feministas, é um projeto que eu acredito muito, e caso as pessoas queiram conhecer um pouco mais do meu trabalho, da minha pesquisa, eu estou no Instagram como alinehac, Instagram e LinkedIn, e também estou no Twitter como advogada cansada, e recomendo para as pessoas, caso queiram conhecer um pouco mais sobre a pesquisa em podcast, já tem uma obra publicada, é o livro Feminismos em Podcast, editado pela editora Blimunda, que reúne dez artigos que falam sobre diversas perspectivas feministas e como as pessoas podem pensar podcasts academicamente a partir de estratégias feministas ou estratégicas pedagógico-educacionais, é isso.

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