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BRASACAST ep 1

BRASACAST ep 1

Isabelle Franceschi

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The BrasaCast podcast introduces a new style of podcast that aims to provide transparent and interactive content. The hosts, Isabel, Lara, and Sofia, discuss their experiences of deciding to live abroad and the emotions they went through. They talk about leaving behind family, friends, and familiar routines, and the mixed feelings of excitement and sadness they experienced. They also share their thoughts on the realization of their dreams and the challenges of adapting to a new country. The hosts reflect on the moments when they realized the magnitude of their decision and the anxieties they felt, both before and during their journey. Overall, they believe that despite the difficulties, the experience of living abroad is worth it. Oi, gente! Bom dia, boa tarde, boa noite pra você que tá em qualquer lugar desse mundão. Muito bem-vindos ao nosso primeiro oficial novo estilo de podcast aqui no BrasaCast. A gente tá feliz demais de ter vocês aqui escutando esse podcast com a gente. Meu nome é Isabel e eu sou host daqui do BrasaCast. Eu tenho 19 anos, eu sou analista de audiovisual e sou host daqui do podcast. E atualmente eu moro aqui no Canadá, em Vancouver, fazendo capilano em Universidade de Psicologia. E hoje eu tô com duas convidadas muito especiais que trabalham aqui comigo na Brasa, que vão se apresentar um pouquinho pra gente. Oi, gente! Eu sou a Lara, eu tenho 20 anos. Eu sou analista de redes sociais da Brasa, cuido da parte do TikTok. Eu faço ciência da comunicação na Universidade do Algarve, aqui em Portugal. Eu trabalho com social media. Eu moro em Faro, no Algarve. E fazem dois... Em setembro vai fazer dois anos que eu tô morando fora, sozinha. E é isso. Oi, gente! Tudo bem? Eu sou a Sofia. Eu sou analista de design aqui da Brasa. Eu tô na Brasa, acho que já faz uns quatro meses. Eu faço foundation de business e ciências sociais na King's College, em Londres. E eu me mudei em setembro do ano passado, então faz uns seis meses, mais ou menos. E eu tenho 19 anos. E é isso. Coisa boa. Então, a gente veio aqui apresentar pra todo mundo essa nova proposta de podcast aqui na Brasa. Que a gente quer mostrar assuntos mais transparentes. Onde a gente sente que todo mundo vai ser meio abraçado com o conteúdo mais interativo e mais confortável. Assim como um cafezinho na casa de vó num domingo à tarde. A gente quer, acima de tudo, que esse podcast traga informações muito valiosas. E mostre pra todo mundo que é curioso um pouco mais sobre a vida aqui no exterior. Com assuntos abordados que são sempre muito levantados por interessados a morar fora. Ou também pra todos aqueles que moram fora e querem se conectar um pouco com todos esses brasileiros que moram no exterior. Porque, que nem no nosso, a gente passa muita coisa parecida e dependente do lugar do mundo. O nosso tópico de hoje, então, finalmente vai ser decidir morar fora. E agora? O tema, ele vai ser pra gente refletir também um pouco mais entre a gente. E mostrar de perto a realidade daquele momento único. Que é quando a gente realmente decide morar fora. O que acontece depois disso? O que acontece com o nosso coração? Pensem assim, né? O nosso sonho saiu do papel. Ele vai acontecer. Tô muito feliz. Vou conseguir morar fora. Não acredito. Mas e agora? Minha família? E meus amigos que eu vou deixar pra trás? E meus costumes que eu faço desde que eu nasci? Minhas rotinas? E coisas que eu vivi igual a minha vida inteira? O que vai acontecer? Como é que fica meu coração? Pra mim, foi muito... No primeiro momento, eu fiquei muito feliz. Tipo, os primeiros cinco minutos, quando eu recebi o e-mail da faculdade. Eu fiquei muito feliz porque é uma coisa que eu passei o meu ensino médio me preparando. O ensino médio inteiro, quatro anos da minha vida que eu passei me preparando pra isso. Então, foi como se... Tipo, a realização de um sonho realmente tinha acontecido. Só que quando caiu a ficha... Porque como eu recebi o resultado em março, ali. Pro ano letivo começar em setembro. Em março, eu já tinha saído do ensino médio, eu já tava trabalhando. Eu já tinha seis amigos no trabalho. Eu não moro no Brasil, então eu tava na melhor fase do meu relacionamento. Porque a gente trabalhava juntos, então ele ficava em casa, me levava pro trabalho. A gente vivia muito juntos. E também eu tava muito próxima da minha família. Então, foi muito difícil, depois de passar a euforia, que eu descobri que eu tinha passado. É... Perceber tudo aquilo que eu ia deixar pra trás em alguns meses. Então, eu fiquei muito... Foi um mix muito grande de sentimentos. Eu não falava tanto com as pessoas sobre aquilo. Porque, ao mesmo tempo que eu fiquei muito feliz. Foi uma tristeza muito grande, pra mim, perceber tudo que eu ia deixar pra trás. Então, por mais que eu estivesse muito animada pra vir morar fora. E viver todas as experiências que eu queria viver, que eu passei a vida inteira desejando. O momento que eu tava na minha vida tava sendo muito legal. Então, eu sabia que aquilo ia acabar e eu fiquei muito desesperada. E você, amiga Sofia? Bom, eu acho que no meu caso, tipo... Demorou um pouco pra cair a minha ficha, assim. Eu também me preparei ensino médio inteiro pra isso. Era o meu sonho, assim. Desde que eu comecei a pensar em faculdade, eu já pensava em estudar fora. Nunca pensei em ficar no Brasil. Toda vez que eu contava pras pessoas. Ah, eu quero estudar fora, sabe? Era sempre uma coisa, tipo... Nossa, que legal! Mas como que vai ser pra você deixar a sua família, seus amigos? E eu... Não tinha caído a minha ficha. Então, eu ficava pensando, tipo... Ah, gente. É isso, sabe? Vamos viver. Não tenho o que falar. Mas, obviamente, eu fiquei muito feliz também. Quando, tipo, isso se tornou uma realidade. Foi, tipo, um sonho, né? Que se realizou, assim. Mas eu acho que demorou mais pra cair a ficha quando eu cheguei mesmo aqui. Até quando eu tava me mudando, arrumando as coisas. Me despedindo de algumas pessoas. Tipo, demorava pra cair a ficha. Quando, sei lá, eu fui dar tchau pra alguns amigos. Parecia que eu ia ver eles semana que vem, de novo. Não caiu a ficha, assim. No meu caso, foi mais quando eu cheguei aqui. Porque aí eu comecei a ficar sozinha. Passar a maior parte do meu tempo sozinha. Ligar pros meus pais e, tipo, falar assim... Ah, então tá. Um beijo. Não poder falar, tipo... Ai, até amanhã, sabe? Tipo, vou te... Até a próxima, assim. E meus amigos também... Eu vou ver eles tocando a vida deles no Brasil também. Mas, por mais que tenha sido, tipo, um balde de água fria, assim. Ao mesmo tempo é muito bom. Porque você também vê muitas coisas novas. E você começa a entender que você consegue se virar sozinho também. Eu acho que é uma coisa que vem na vida adulta, tipo... Você querendo ou não. Só que, no nosso caso, vem mais cedo, assim, que a gente se muda. Mas, no final, acho que, tipo, por mais que tenha demorado pra cair a ficha... Com certeza, valeu muito a pena. Sim. Pra mim, a minha ficha não tinha caído nada. Eu tava muito feliz. Foi um momento, tipo, assim, cara... Eu tinha acabado de me formar. E eu decidi que eu... Eu já tinha decidido que eu ia morar fora. Mas eu fiquei meio num período sem aulas, sem nada. Então, eu tava aproveitando com os meus amigos. Indo pra academia, cuidando de mim. E mesmo que eles estivessem muito ansiosos, não tinha caído a ficha, tipo... Eu estou deixando tudo pra trás. Então, já vem com... Deixa eu engatar aqui um outro assunto. Então, quando é que caiu a ficha de vocês? Como é que foi no avião? Porque aquele momento, beleza. Eu tava ali, tipo, com os meus amigos e tal. Mas chegou a hora de ir. É o dia de ir. E eu tô no aeroporto, tá? Por exemplo, meus amigos foram me levar no aeroporto. E... Como é que foi isso? Como é que foi a ansiedade no avião? De, tipo, tá indo towards um outro país que você nunca foi. Ou foi uma vez, mas... Tá indo pra morar, assim, num lugar desconhecido. Sem ninguém que você conhece. Eu acho que no meu caso, que foi caindo em alguns momentos, assim. Eu lembro quando eu me mudei pra cá. Eu tenho alguns parentes que moram aqui. Tipo, não em Londres, mas na Inglaterra. E os meus pais já tinham voltado pro Brasil. Eles vieram me deixar e já tinham voltado pro Brasil. Então, eles não conseguiam me ajudar na mudança. E os meus parentes daqui, tipo, me ajudaram no dia. Mas depois eles foram pra casa. E aí, quando eles foram embora... E eu tava em casa sozinha, assim. Tipo, minha roommate ainda não tinha chegado. Não conhecia ela, ainda não sabia quem ela era. E ficar, tipo assim, poxa... Então é isso, né? Eu também, no meu aniversário, pude comemorar com os meus parentes daqui. Mas não ver meus pais, não ver meus melhores amigos. No caso, não ver, tipo, nenhum amigo. Que na época, os meus amigos, a gente ainda não era tão próximo. Porque o meu aniversário é bem em outubro, né? Tipo, eu tinha acabado de me mudar. Em alguns momentos, tipo, quando eu tava com alguma angústia, assim. Tipo, eu sempre tinha o costume de abraçar a minha mãe em casa, assim. Tipo, falando assim... Ai, tal coisa tá acontecendo! Aí, teve um dia que eu tava, assim, chateada. E aí, eu pensei assim, meu Deus, eu precisava muito abraçar alguém. E, tipo, não tinha ninguém pra abraçar. Aí, eu fiquei assim, putz... Talvez, né? Assim, acho que foram esses momentos que, tipo, caiu a ficha, assim, pra mim. Ai, que fofa! Pra mim, eu sou uma pessoa muito emotiva. E eu sofro muito por antecipação. Então, pra mim, no primeiro dia que eu recebi a notícia, eu já estava em lágrimas. Mas os meus pais estão separados. Pra mim, foi muito mais difícil. Os dois foram me levar no aeroporto, porque eles não se veem. E aí, foi um dos momentos que eu fiquei, tipo... Nossa, eu acho que, realmente, é tão importante eu ir embora que os dois estão aqui. Porque, realmente, qualquer coisa não acontece. E a família do meu namorado foi também. Mas, pra mim, foi muito pesado a vinda. Eu vim com a minha mãe e com a minha irmã. Elas vieram me trazer pra cá, pra Portugal. Foi muito difícil dar tchau pro meu namorado e pro meu pai. Porque eu não tinha... Nossa, eu choro só de lembrar. Eu não tinha ideia de quando eu ia ver eles de novo. E foi muito... Foi muito diferente, sabe? Porque eu sabia que não ia ter uma viagem que eu estava indo e eu ia voltar. E não tinha ideia de quando eu ia voltar, não tinha ideia de como é que ia ser. Eu tinha muito medo de ver o Cacá, de não me adaptar. Eu também tinha medo de fracassar e ter que voltar, entendeu? Então, eu surtei muito. Eu lembro que quando eu entrei no voo de Guarulhos pra Lisboa... Eu, tipo, apaguei no voo. Porque eu estava chorando há tantos dias. Que eu acho que meu corpo, tipo, desligou. E aí, quando eu cheguei em Lisboa, tipo, pro primeiro mês, eu chorei muito. Eu me sentia muito sozinha. Mas, pra mim, o marco, assim... O maior marco... Maior marco? É, tá certo. Que eu tive aqui, morando sozinha, foi... Como eu falei, a minha mãe e a minha irmã vieram me trazer. Então, a gente ainda passeou. Eu ainda consegui ocupar a minha cabeça. Só que, pra mim, foi bizarro o dia que minha mãe foi embora. Porque, como eu estava nesse clima ainda férias... Por mais que eu já estivesse na minha cidade, que eu ia fazer faculdade... Quando a minha mãe foi embora, eu lembro que a gente estava no hotel. E aí, minha mãe foi embora de madrugada. E eu fui dar tchau pra ela. Eu nunca tinha sentido aquele vazio na minha vida. Porque eu pensei, meu Deus, eu estou sozinha em outro país. Eu não sei o que eu vou fazer. Tipo, se eu quiser sair daqui pro mercado, eu vou. Se eu quiser ir pro shopping, eu vou. Se eu quiser ir em lugar na rua, eu vou. Tipo, eu tinha essa opção, sabe? Só que, ao mesmo tempo, eu me sentia muito perdida. Porque eu nunca tinha saído de casa. Então, quando a minha mãe foi embora e eu me vi sozinha pela primeira vez... Foi meio desesperador. Eu lembro que eu fui pra casa, né? E eu fiquei em casa, tipo, a noite inteira. Eu não saí mais. Aí, no outro dia, eu fui no mercado. E eu lembro que eu me sentia muito perdida no começo. Pra mim, foi igual. Eu me sentia muito assim, que... Muitas possibilidades do que fazer. Eu podia estar fazendo qualquer coisa. Isso me deixava muito vazia. Tipo, sem concluir nenhum do que a minha vida seria. Porque a aula não tinha começado ainda. E cá, eu estava sozinha por um mês, sem saber quem era ninguém. Cara, pra mim, foi muito assim... Eu fiz intercâmbio de um ano aqui no Canadá, em Vancouver. E voltei pro meio do terceirão. Já sabendo que eu queria fazer faculdade no exterior. Eu queria muito. Então, isso já estava na minha cabeça. Assim, era bem possível. Eu sabia que eu ia conseguir entrar também. A minha faculdade não tem pré-requisitos tão strong, sabe? Então, já era uma realidade pra mim. Eu já tinha meio que botado a minha cabeça ao redor disso. E pelo fato de eu ter passado um ano fora antes... Eu já estava mais desapegada, querendo ou não, a tudo que eu tinha no Brasil. Então, eu cheguei lá já com esse sentimento de tipo... Ah, eu acho que eu não pertenço mais, sabe? Que é bem comum de ter quando tu sai de um intercâmbio. A gente pode falar sobre isso até em outro assunto, assim... Que eu acho bem interessante o fato de ter essa dualidade, assim, sabe? Então, que eu sentia que eu... Claro, todos os meus amigos estavam lá pra mim. E eu aproveitei muito com eles. E eu fiquei muito triste quando eu estava indo embora. Então, eu sinto que, na verdade, eu estava muito numb. Eu não conseguia entender o que estava acontecendo. Então, eu não processei tudo. Eu sinto que o meu corpo, ele sentiu que eu estava sofrendo. Eu estava muito ansiosa. Mas eu não estava conseguindo processar que eu estava deixando todo mundo pra vir estudar aqui, sabe? Então, eu não chorei no aeroporto. Não chorei no avião. Meus pais já estavam aqui no Canadá quando eu cheguei. Eles me ajudaram a me estabilizar aqui por dois meses. Quando a minha mãe foi embora, que ela foi a última aí... Não chorei também. E não sei... Eu sinto que meu foi um sofrimento gradual, assim. Ao longo do primeiro ano, eu tinha vários pontos onde eu sofria, assim, sabe? De saudade. Mas não foi algo, tipo, que caiu a ficha em um momento específico e eu, tipo, desadei, assim, sabe? Nossa, eu chorei demais. Nossa, eu chorei demais. A gente chega... E a gente, do nada, tem uma casa nossa. Nova, pra chamar de nossa, né? Eu não sei se vocês moram em residência? Eu morei em residência. E tu, Sofia? Eu moro numa... Tipo, também. Essa aqui não é da minha faculdade. Tipo, só pra estudantes, mas pode ter de várias faculdades. Tipo assim, você só precisa ser estudante pra morar aqui. É o único requisito. Que legal! E aí, tanto que a minha roommate, ela faz pós-graduação, tipo... E ela... Em outra faculdade. Não é na minha faculdade. Então, é bem diferente. Eu tenho vários amigos aqui de outras faculdades. É bem legal. E você, Lara, mora onde agora? Eu divido apartamento com minhas três pessoas. Três pessoas? Três pessoas. Ai, que legal! Então, Sofia, você mora com uma roommate, tipo, numa residência multi-universitária? É. Exatamente, exatamente. Legal. Eu divido apartamento com uma brasileira que trabalha já, estudou, trabalha aqui. Eu moro perto da minha faculdade e ela mora pertinho do trabalho dela também, então a gente divide um apartamento. Ai, que legal! E mora juntas. Ela é do Rio. Super querida, adoro. Mas quando é que... Como é que foi chegar, assim, nessa casa? Esse sentimento de, tipo, a minha pergunta é, quando é que entrou em vocês esse sentimento de, essa é realmente minha casa, tipo, eu me sinto em casa? Porque é um estranhamento muito grande a gente chegar e simplesmente morar nesse lugar aleatório que tu vai ter que chamar de casa, sabe? A adaptação é muito diferente, né? Como é que vocês se sentiram? Cara, eu acho que, tipo, o começo era muito estranho. Porque, assim, minha acomodação, ela não tem muita cara de casa. Tipo, ela parece um quarto branco do Big Brother, assim. Ela é tudo branco, sem mobília. E aí, a única coisa colorida que tem no meu quarto é, tipo, uma das paredes é rosa e ela é, tipo, aquele material que você bota o pin pra botar foto. Então, eu botei várias fotos, tem várias fotos, assim. Arta, um monte de coisa que eu pendurei, assim. Quando eu cheguei, não tinha nada. E nem me agrumei. Não tinha nem gente, não tinha nada. E aí, eu olhei, tipo, e às vezes eu ia dormir e aí eu olhava e eu ficava, tipo, assim, cara, parece que eu tô, tipo, sei lá, num hotel, num ambiente. Mas não parece que eu tô na minha casa. Tipo, pra mim, minha casa é a minha casa no Brasil. E aí, eu acho que, tipo assim, especialmente no fim do ano, quando fica mais frio, né, que, tipo, pelo menos pra mim, não me dá vontade de fazer nada. Fico com vontade de ficar em casa o dia inteiro também, né. Se for pra sair pra pegar chuva, então... E aí, eu comecei a ficar muito em casa. E aí, às vezes, tipo, quando eu chegava em casa, depois de ter que sair no frio, eu ficava assim, nossa, graças a Deus. E aí, tipo... Mas eu acho que foi uma coisa que demorou um pouco pra eu me acostumar e ver a casa como casa, assim, né. Eu sei exatamente do que tu tá falando. Tipo, essa primeira chegada em casa, em um dia frio, que tu entra e tu fala, cara, graças a Deus. Aí chega aquele sentimento de pertencimento, finalmente. Então, Laura, como é que foi pra ti esse processo? Pra mim, foi a mesma coisa. Porque também, eu cheguei aqui, eu fui morar numa residência universitária. Então, as aulas daqui começam dia 20 de setembro. E eu cheguei dia 30 de agosto. Então, eu era a única pessoa num prédio inteiro, de quatro andares. E a cozinha é compartilhada. Tinha o corredor com os quartos, e o quarto era duplo. Então, eu dividia com a minha amiga, e ela não tinha chego ainda. E também, parecia um manicômio, porque aquele corredor cheio de quarto, tudo vazio. Eu não tinha coragem de ir na cozinha. Porque era tudo muito escuro, não tinha panela, não tinha copo, não tinha lençol. Tipo, o quarto, eles tinham acabado de pintar. Então, tava todo branco, sem nada. E, sei lá, eu... Nossa, eu lembro que eu fiquei meio... Nossa, que trem horrível. Eu achei muito horrível, sabe? Porque meu quarto, no Brasil, tinha a minha cara. Era super decorado e tal. E eu trouxe algumas coisas de decoração, tipo, alguns livros. Eu lembro de colocar, e parecia que tava muito falso, sabe? Tipo, parecia um cenário que eu tava montando ali. Só que, realmente, dava esse sentimento. Nossa, eu tô num hotel. Porque nada tinha a minha cara. Então, começou a virar a minha casa. Eu acho que... Quando eu comecei a decorar um pouco mais. Porque era uma coisa... Eu também gosto de passar muito tempo em casa. E aí, também, no inverno, ali, por outubro, novembro, chovia muito aqui no Algarve. E aí, eu também ia... O campus era dentro da faculdade, né? Então, eu não me molhava muito, porque eu só ficava em casa. Mas, mesmo assim, quando eu chegava em casa e eu podia, tipo, abrir a geladeira, as minhas coisas estavam lá, meu canal tava lá. Sabe? Me dava um sentimento de... Nossa, eu tô chegando em casa. Minhas coisas estão do jeito que eu queria. E foi muito legal, também, quando eu me mudei pra esse apartamento. Pra mim, foi a virada de chave, também. De morar numa residência universitária e, depois, ter um quarto só pra mim. Que eu dividia. Eu lembro que, quando eu fui na IKEA comprar as coisas pro meu quarto, e eu cheguei em casa, parecia que era Natal. Então, eu tirava, tipo, o livrador e ficava... Gente! Meu Deus! Ai, delícia! E aí, ficou... Meu quarto ficou minha casa. Nossa, eu lembro que uma coisa que aconteceu comigo, também, é que, tipo, na minha casa no Brasil, eu sempre gostava, tipo, porque eu tava no meu quarto já fazia muito tempo. Então, assim, ah, vou na sala. Aí, eu na sala, tava no sofá. Vou na cozinha. Aí, eu na cozinha. Aí, eu no quarto da minha mãe. Aí, no escritório. Sabe? Assim, tipo, eu ficava zangando pela casa o tempo todo. E aí, quando eu cheguei aqui, que, tipo, meu quarto é pequeno, a cozinha é menor ainda, o banheiro parece banheiro de avião, então, eu ficava assim, nossa, que enjoo de ficar no meu quarto. Eu vou pra onde? Pra nenhum. Vai ficar rico. E aí, tipo, eu lembro quando eu comendo um dia, assim, da cozinha e eu olhando ao redor, tipo, meio caustrofóbico, sabe? Assim, tipo, não tinha muito isso de mudar de ambiente, porque eu moro em um ambiente só, assim, não tenho o que fazer. Mas depois a gente se acostuma, sabe? O que eu percebo é que a gente começa a sentir que a casa é quando a gente começa a colecionar memórias nos lugares. Porque aí, sim, tu vai tendo esse sentimento de pertencimento aí dentro, de tudo que tu tá criando e, tipo, memórias que você tá construindo aí, sabe? Então, vira um ambiente, assim, mais seu, energético, porque você tá num lugar onde você tá criando e colecionando momentos, né? Então, é com o tempo, tipo, não tem muito o que fazer, sabe? Mesmo que o apartamento seja aconchegante, você vai estranhar até você começar a viver aí, sabe? É normal. Mas é realmente muito assustador, assim, né? Essa primeira interação, esses primeiros dias. Eu sentava no meu sofá, olhava pro teto e falava, o que eu tô fazendo aqui? E que esse lugar, tipo, não sei, eu tô numa realidade aleatória. Total. E falando sobre o quarto, assim, a gente se sentia desconectado com o nosso eu, assim, nossa vida, né? A gente tava ali meio desconecto. Mas também tem muito isso em relação a amizades, porque a gente chega sem ninguém e a gente se sente muito desconectado de tudo. Como é que foi pra vocês encontrar amizades genuínas? Aí, onde quer que vocês estejam? Ou se vocês ainda estão à procura de amizades genuínas, porque é um processo bem longo, né, no exterior. Eu acho que quando eu cheguei aqui, eu tinha duas amigas que eu fiz no Brasil, que iam vir pra mesma universidade e uma delas era da minha cidade. E aí eu me acomodei muito nisso, sabe? Eu falei, nossa, eu tenho duas amigas, o que mais que eu preciso? E eu fiquei, faz dois anos que eu tô aqui, o primeiro ano eu só saí com elas, tipo, as outras pessoas me chamavam pra sair, tipo, grupo de Erasmus, grupo de brasileiro aqui, eu não ia, falava, não, eu tenho as minhas amigas, eu não preciso de mais ninguém, entendeu? E foi aí que eu me ferrei, porque eu me fechei muito. Então, quando deu o verão e elas foram pro Brasil, as duas, eu me vi aqui sozinha, eu não tinha amigo nenhum, e aí eu falei, nossa, que droga, né? E aí eu percebi que eu tinha que ser mais aberta, sabe? Porque eu sou uma pessoa muito extrovertida, mas quando eu vim morar aqui, eu percebi que eu sou extrovertida pra algumas situações. Eu não gostava, é muito difícil você fazer amigos quando você mora fora, porque você tem que se apresentar tudo de novo, você tem que se expor tudo de novo pra pessoa, e aí você tem que conhecer a pessoa, eu achei muito difícil. E eu sinto que agora, depois que passou esse primeiro ano, que eu passei o verão sozinha aqui, finalmente eu tô num momento que eu não me sinto sozinha mais, porque eu criei laços de amizade muito bons aqui. Mas eu acho que, realmente, isso vai com o tempo, e você se permitir. Igual, quando eu cheguei, eu não me permitia. Não que eu não me permitia conhecer pessoas, mas eu achava que eu não precisava, sabe? Tipo, aí já tem duas amigas com a gente, tá bom. Mas eu acho que quando você mora fora, não é quanto mais melhor, mas você tem que estar sempre aberta às possibilidades de você sair pro mar e conhecer alguém, conhecer essa super melhor amiga, você não sabe. E eu não tinha muito isso, então eu sinto que agora, nesse segundo ano, eu tenho isso mais claro, sabe? Eu sou mais aberta. Eu acho que no meu caso, tipo, eu tinha muito medo de não conseguir fazer nenhuma amizade, e eu sinto muito isso também que você falou, Lara, de ter essa dificuldade de me abrir. Tipo, eu não sou a pessoa que eu vou sair com minha amiga no primeiro dia, tipo, acabei de perceber que eu vou contar a minha vida, não. Tipo, pra mim demanda muito, sabe? Assim, claro, que a gente interage, beleza, eu vou conversar ali, ok. Mas eu tenho muita dificuldade de já sair falando, assim, tudo da minha vida. Mas, ao mesmo tempo, eu tinha muito medo de eu não conseguir explicar dessa primeira fase, né? Eu acho que é mais difícil de você, tipo, dar a cara a tapa e interagir com as pessoas, assim. Então, uma semana antes das aulas começarem, tem, tipo, a semana dos Freshers' Week. Todo dia tinha festa, e aí, assim, no meu prédio tem uma área comum, e aí, na primeira semana, como ninguém se conhecia, tipo, ninguém, todo mundo descia pra lá pra se conhecer. Então ficava lotado, e aí, tipo, a gente saía, e todo mundo falando, você cruzava com alguém no corredor, a pessoa já vinha, tipo, puxar um papo. No meu primeiro dia mesmo, eu tava jantando, quase não dormi, e aí minha vizinha bateu na porta, assim, e começamos a conversar, e a gente saiu, tipo, no mesmo dia, assim. Ao mesmo tempo, eu tinha muita sensação, tipo, beleza, eu tô fazendo meus amigos, mas eles ainda não são, tipo, amigos amigos, sabe? São pessoas que eu conheço, mas eles não são amigos amigos. E aí, eu lembro que teve uma festa nessa semana que, tipo, só tinha uma menina do meu prédio que ia, só que ela ia entrar com as amigas dela, ela já morava aqui na Europa, então ela tinha umas amigas próximas dela que iam estar lá na festa, e eu não tava confortável de falar, tipo, ah, eu vou ficar lá com você, sabe? Porque eu ia ficar muito de canto. Só que eu falei assim, cara, eu não vou ficar em casa tendo festa da faculdade, tipo, minha primeira semana, eu vou sozinha. E aí, eu combinei com ela, falei assim, eu vou de Uber com você na ida e na volta, tipo, na volta a gente se encontra na saída, mas até lá eu vou sozinha. Eu fui sozinha! Eu fiquei lá na fila, tipo, todo mundo, gente, juro. Eu lembro sensação horrível. Todo mundo, um grupo de amigos. E aí, eu lembro que eu fui tentando puxar assunto e as pessoas meio que cagavam pra mim. E aí, teve uma hora que eu tava na fila assim... Arrasou! Na moral! Arrasou demais! É isso mesmo! É o máximo que pode acontecer. O que vai acontecer também? Sabe? Eu volto pra casa e boto um pijama em turno, tá tudo bem. E aí, eu tava na fila, e aí eu ouço um menino atrás de mim falando assim, pro mal menino, ah, você tem que me ensinar a dançar assim, que nem brasileiro, só que inglês. Cara, na hora eu vi isso atrás, eu olhei pra menina e falei assim, da onde você é? E ela falou, eu sou do Brasil, e você? Aí eu falei, nossa, eu também! E aí, cara, a gente ficou super amiga, e ela é uma das minhas melhores amigas aqui. Tipo, ela faz o mesmo tipo de curso que eu, não é o mesmo tema, mas é foundationeer também. Então a gente, no final, tipo, os brasileiros do foundation são muito próximos, a gente ia acabar se conhecendo, mas ia ser depois. Mas foi muito legal, tipo, valeu muito a pena. Então assim, acho que às vezes é bom a gente quebrar a cara mesmo, sabe? Eles vai lá e vai, faz amizade, e é isso aí. Eu acho que é isso, eu acho que eu me senti muito culpada por às vezes estar muito sem energia, por estar lidando com tanta coisa ao mesmo tempo, sem ter essa energia e coragem de estar me expondo a novas amizades constantemente. Porque eu estava muito sozinha, mas ao mesmo tempo era tanta informação chegando a mim, tipo, estando nesse novo ambiente que é morar fora, que eu ficava tipo, cara, eu preciso fazer novos amigos, só que eu estou cansada, estou exausta, não vou conseguir ser eu mesma, sabe? Então é se dar tempo, se escutar, e também, cara, ter coragem. Tem que ter coragem nesse momento. Realmente os primeiros meses são muito difíceis, essa adaptação. Eu conheci minha melhor amiga aqui, uma das minhas melhores amigas, porque agora eu tenho muitas melhores amigas que realmente eu vou levar pra vida, sabe? Eu tenho três melhores amigas aqui que eu penso de cara que eu não me vejo mais sem, que mudaram a minha vida, me mudaram como pessoa. E eu conheci uma delas numa festa brasileira, a gente se olhou e falei, você tem cara de ser legal. Ela falou, você tem cara de ser legal também. Aí a gente morava perto, se abraçou, tipo, do nada, a gente se abraçou e virou unidas pra sempre. Gente, por curiosidade, de amizade de vocês, vocês têm mais amigos brasileiros ou gringos? Fala em seguida. É uma questão muito grande também, porque quando eu cheguei, e eu lembro que eu abri uma caixinha de perguntas no meu Instagram pros meus amigos, tipo, gente, mandem perguntas. E aí uma amiga minha do Brasil perguntou, tipo, você já tem amigos portugueses? E fazia um ano que eu tava aqui. Como faz um ano que eu tô aqui? Eu tenho um português pra falar, que é meu amigo, sabe? E eu posso falar que depois de dois anos, eu tenho um total de dois amigos portugueses. Três, eu acho. É uma experiência universal, né? Graças a Deus. Pois é. Porque é muito mais fácil de você se conectar com brasileiros, porque tá todo mundo passando pela mesma coisa. Todo mundo vira uma família, vai sair... Ah, eu vou sair de jantar. Ah, por que que eu não vou chamar fulano? Fulano chama ciclano, e aí chama do outro lado. E aí todo mundo sai junto, sabe? E eu acho muito mais fácil de fazer amigo com brasileiro do que com o pessoal daqui. Sim. Pra mim também. Veja, eu já me esforcei e agora eu tenho amigos portugueses, graças a Deus. Três, bora lá. É isso aí, bora. Eu lembro, tipo, quando... Como eu falei, né, tipo, eu me mudei, os meus primeiros amigos que eu conheci foram a galera do meu prédio. Só que, tipo assim, aqui só tem um brasileiro, que é meu amigo hoje em dia, que, tipo, na época eu acho que ele nem tinha chegado. Então, os meus primeiros amigos aqui foram todos gringos, assim. Tipo, todos. Do mundo inteiro. E aí, só que de todos eles, a única que eu continuei sendo próxima é uma menina francesa, tipo, que é uma das minhas amigas mais próximas aqui. Mas depois, com o tempo, conforme foi passando, eu fui conhecendo os brasileiros da minha faculdade, e são, tipo, sem dúvida, são os meus amigos mais próximos. Mas eu também tenho amigos, tipo, essa amiga aqui é francesa, a minha amiga é inglesa também. A relação é muito diferente, sabe? Porque, tipo, com a minha amiga francesa, acho que a gente se conectava muito pelo fato de que a gente tá, as duas, num país novo, tentando criar novas amizades. E a gente conseguiu se dar muito bem. Mas, no caso dessa minha amiga inglesa, ela tá no país dela. A única questão é que ela mandou de cidade. Mas ela tá no país dela. Então, ela é uma outra situação. Tipo, não é tudo tão novo. Ela não vai se relacionar contigo em algum extento. Tipo, eu acho que não tem a mesma magia, sabe? Nossa, tudo muito novo. Tipo, ela não é. É outra cidade. Ponto. É como se eu tivesse, assim, eu sou de São Paulo, vou morar no Rio. Tipo, sabe? Eu acho que isso é um negócio que pesa muito, assim, pra gente. Tu tem que, principalmente, porque, assim, eu acho que os meus amigos da escola, eu tenho essa conexão com eles de anos de amizade, mas, ao mesmo tempo, talvez a gente não tenha os mesmos pensamentos e a gente não se relacione de certas formas que nem a amizade atual, que tu precisa ter essa conexão. Tipo, vocês precisam ter algo em comum que vocês vão clicar, sabe? Você tem que gostar das mesmas coisas um pouco, pelo menos. Entendi. Por isso que existe essa facilidade entre brasileiros de se conectar. Porque a gente tá em outro país, tá um com o outro por falar a mesma língua e tá passando as mesmas coisas. E conseguir se expressar mais facilmente. Porque, querendo ou não, fazer amizade com um gringo, por mais que seja muito interessante, eles têm tanto a compartilhar, e, tipo, eu queria ter mais amizade com um gringo, porque eu acho que eles têm muita soma na minha vida. Mas é muito difícil ter essa barreira linguística e também de, tipo, explorar, sei lá, gringos que nunca se mudaram pro exterior e, às vezes, take it for granted, ou, tipo, que nem eu no meu país, tipo, se eu estivesse em Floripa, eu ia estar vivendo minha rotina de uma outra forma, sabe? Menos aventureira, talvez. Então a gente tá aqui, mais ou menos, fora da nossa zona de conforto. E, às vezes, não bate, né, sair com um gringo. Essa minha amiga inglesa, teve um dia que a gente saiu, tipo assim, a gente tá bem e tal, e aí a gente tava conversando e aí, assim, eu tinha acabado de me mudar. Então eu tava louca pra voltar pro Brasil. Pra mim, tudo do Brasil era melhor. A comida. Ai, que saudade da comida. Saudade da música. Saudade da cultura. Nossa, esse clima é horrível. Prefiro o Brasil. Nossa, essa comida é um lixo. Prefiro o Brasil. Tava assim. E eu tava conversando com ela e eu falei assim, cara, tô com saudade de ir numa feira e tomar um caldo de cana com um pastel. Só que ela não sabe o que é uma feira, o que é um caldo de cana, ou o que é um pastel. E aí eu lembro nesse dia, quando eu tive que explicar pra ela o que era uma feira, o que era um caldo de cana e um pastel, eu pensei assim, cara, eu só queria falar com algum amigo meu que já vai saber do que eu tô falando. Quando eu falo uma feira, ele já sabe o que é uma feira. Eu não aguentava mais, assim, ter que explicar tudo da cultura. E tem coisas da cultura que às vezes a gente explica e aí a pessoa ficou te olhando com aquela cara tipo assim, cara, como assim? A pessoa não entende. E aí você fica assim, não tem como explicar. Tem coisas que você tem que dizer, sabe? Eu posso até explicar pra ela um lugar que, sei lá, vende verdura e fruta. Mas não é só isso uma feira, sabe? E eu sinto muito isso também. Pra mim, é mágico quando eu encontro alguém do meu estado ou da minha cidade aqui. Juro, eu fico... Pra mim, abre um portal de fadas que eu posso falar, tipo, caraca, deixa eu ver qual bairro você morava. Você mora aqui em São Paulo? Gente, é mágico quando acontece tipo, aconteceu, sei lá, duas vezes aqui e eu sempre fico, meu Deus, essa pessoa sabe exatamente sobre o que eu estou falando. Elas conhecem as minhas referências. Eu posso falar o que eu quiser pra essa pessoa. É muito importante a gente ter também essa troca de culturas e se expor a novas culturas, estando no exterior, né? E sair um pouco dessa nossa zona de conforto. Mas querendo ou não, a gente precisa desse conforto brasileiro. Então, o que eu gosto de falar, tipo, pra quem, se eu fosse dar um conselho pra quem tá se mudando, é a tentar achar comunidades brasileiras, porque, cara, brasileiro tem em todo lugar, você vai ver. Acha que não? Meu Deus, aqui em Vancouver tem mais festa brasileira do que em Florianópolis. Já vou numa roda de pagode domingo, vai ter baile funk mês que vem já, e eu tô nessa, tipo, eu gosto de ver com meu povo, que eu me divisto, que eu posso ser eu mesma, porque eu sinto que eu me expresso de outra forma, em inglês, né? Mas é bom, é bom explorar culturas e também ter isso, assim. Só que existe essa dificuldade que eu sinto que todo mundo passa, né? Agora eu até me sinto melhor. É, eu também me sinto muito isso. Não, todo mundo passa, é super normal. Eu lembro, tipo, quando eu vim me mudar minha mãe falava assim, não vai ficar só com brasileiro, porque senão você não vai praticar seu inglês, você não vai conhecer gente de fora, tem que conhecer gente do mundo todo. Só que, assim, tem horas que você não aguenta mais falar em inglês, falar em outros. Porque, cara, você só quer olhar a pessoa e, sabe... Tomar um cafezinho da tarde, assim, com uma brasileirinha. E eu tive uma mini... Não, uma DR, assim, com uma menina na minha sala uma vez, porque a gente tava fazendo um trabalho e o tópico era saudade, e a gente ia entrevistar os estudantes internacionais da universidade. E aí, ela era brasileira, ela era portuguesa. E aí ela se assumiu, mas não é... Eles sabem... Ah, é português, é saudade. É que saudade não existe em inglês. Sei lá, tipo... Não, só existe em português. Só existe em português. Só que ela falou... Eu falei, ah, então eu vou começar a selecionar os estudantes internacionais que tem na nossa faculdade pra entrevistar. Ah, vou ver um mês, você pode entrevistar os portugueses também, porque tá todo mundo fora de casa. Aí eu olhei pra ela e falei, dá quanto tempo a sua casa é daqui? Aí ela, 40 minutos. Só que eu só vou pra casa sexta-feira. E aí eu fiquei olhando pra ela e eu lembro que eu fiquei, caraca, essa menina não tem noção de o que que é você estar a oito horas de avião a oito mil quilômetros da sua casa. E eu lembro que ela falou... Eu também tô aqui do lado, só tem uma diferença de um oceano inteiro, mas... Ah, depois eu ia ali, ó. Aqui, ó, se eu quisesse a sexta-feira eu ia pro outro lado, pegar um voo. Ah. O pessoal gringo, eles não tem muita noção real do que que é você estar sem poder voltar quando você quer. Tipo, caraca. Não tem noção, não tem noção, é verdade. Eles não tem noção. Eles acham que entendem, mas só quem fala sabe. É aquilo, tipo, tu só tem full understanding of something e então tem quando você passa por isso. E mesmo que eles falem, beleza, entendo, eles não entendem. Exato. Eu acho que mesmo, tipo, eu tenho alguns amigos aqui que, sei lá, tipo, essa minha amiga é francesa, beleza, ela não vai pra casa todo fim de semana ou, tipo, toda hora, mas quando ela vai é, tipo, sei lá, um voo de, sei lá, quatro horas, tipo, uma coisa assim, sabe? Agora no Spring Break ela voltou pra casa. E eu não. E aí toda vez que eu vou falar com os meus amigos aqui, tipo, eles perguntam o que você fez no Spring Break? Aí eu falo, ah, eu fiquei por aqui. Tipo, eu volto pro Brasil em janeiro. Aí eles ficam olhando com uma cara, tipo, assim, nossa, como assim? Aí eu falo, é, meu filho, tá achando o quê? A gente é fácil pra dar uma passada pra ir pro meu país? Dez horinhas ali, no mínimo. Eles tem muitos desafios morando fora, mas I feel que, tipo, não existe certo ou errado, sabe? É uma jornada muito, muito pessoal e eu acho que a gente tem que, é, a gente aprende muito a se conectar consigo mesmo, se conhecer mais e é sobre se respeitar, não ser tão duro consigo mesmo, né? Porque é tudo muito novo e gera muito estresse na gente, gera muita frustração. É, eu acho que a gente já vai fechando o podcast e eu queria fechar o podcast de hoje com uma pergunta final pra vocês duas, tá? Então eu queria que vocês falassem e dessem um conselho pra quem sonha e quer estudar fora ou tá prestes a morar fora. Eu acho que o meu conselho seria tipo assim, cara, não volte atrás. Não volte atrás. Tipo assim, é normal você pensar em voltar pra casa. Você não é a única pessoa que tá pensando nisso, tipo assim, não é e assim, dá muita sensação de que todo mundo tá aproveitando mais que você que todo mundo tá vivendo mais que você que todo mundo tá mais feliz mas eu garanto que não se tá todo mundo na mesma que você, porque tipo quando eu sento pra conversar com os meus amigos, todo mundo fala a mesma coisa. Todo mundo já pensou em voltar mas assim, você tem que aguentar o tranco, sabe? Tipo, tem que passar por isso pra você se acostumar então não volte atrás tipo assim, realmente, só volte atrás de forma sabe, uma situação muito, você já tentou muito e tal, tenta realmente o máximo, porque depois que isso passa, é tipo a melhor sensação do mundo. Tipo, eu não me vejo mais voltando pro Brasil. Tipo, eu realmente sinto que aqui é o meu lugar, sabe? Então não volte atrás e vai dar o seu máximo. Ai, que linda! E eu quero que também tu descreva em uma palavra se possível, né? Porque é impossível descrever tudo em uma palavra. Essa tua experiência que tá sendo morar fora do teu país em uma palavra! Ai, pra mim é sonho, com certeza. Sonho? Sonho. Linda. Obrigada, Sofia. Lara, dá um conselho pra quem sonha e quer estudar fora, ou tá prestes a estudar fora. Eu acho que é ter paciência com você mesmo. Porque, assim como a Sofia falou, o começo é muito, muito difícil. Eu pensei em voltar. Eu pensei em voltar sem brincadeira, cinco vezes por dia. Quando eu voltei pro Brasil a primeira vez, eu não queria voltar pra cá. E eu lembro que eu sentei com meus pais e eu tive a conversa tipo, Lara, você realmente tá tão infeliz quanto você fala e você não quer voltar mais? Porque se você não quiser voltar mais, você vai ficar? E aí eu fiquei, não, putz, acho que não, acho que só é o período de adaptação mesmo, né? E eu sei hoje em dia o quanto eu teria me arrependido se naquele momento eu tivesse falado, tipo, ficado no confortável e falado, tá, eu não vou voltar mais, vou ficar aqui. Porque é um período muito difícil, você sofre muito, mas você também cresce muito. Você vive coisas que talvez em dez anos você ia viver aquilo no Brasil. E você tá tendo a chance de evoluir tudo aquilo em um período muito curto. Então, por mais que seja doloroso, depois vale muito a pena. Quando finalmente passa o período de adaptação e você fica, caraca, aqui é a minha casa, eu posso, eu conheço os lugares, eu conheço os restaurantes, eu tenho amigos, eu saio com as pessoas. Então é muito bom, eu realmente falaria pra você ter paciência, tipo, realmente isso que eu sei fazer, falando, todo mundo tá passando pela mesma coisa, que nós três, em três países diferentes, as três têm as mesmas sensações. Então é ter um pouco de paciência, tipo, entender, chorar o que você precisa chorar, não se sentir culpada em querer voltar e se sentir mal e tal. Porque é uma coisa que todo mundo passa. Mas realmente, não desistir, sabe? Exato, nossa, eu concordo 100%. Certíssima, certíssima. Então, Lara, descreve em uma palavra como a sua experiência de morar fora tem sido até agora. Eu acho que, em uma palavra, puta, é muito difícil. Mas eu acho que é libertador. Liberdade. Linda, muito obrigada. Eu falaria que a minha experiência, em uma palavra, se eu fosse descrever, é entrega. Porque eu sinto que eu venho entregando tudo de mim, desde que eu cheguei. E eu acho que é muito importante a gente realmente parar pra pensar o quanto a gente fez pra chegar onde a gente tá hoje. E o quão orgulhoso a gente tem que estar de si mesmo, de ter tido essa coragem de sair da zona de conforto. Porque são poucas as pessoas que não estão confortáveis no conforto. E é sobre achar esse conforto no desconforto. Quando a gente acha esse sweet spot, a gente tá numa posição onde a gente só vai se ver ingressando mais e mais na vida, sabe? Eu acho que é isso, né? Acho que a gente vai finalizando por aqui. Queria agradecer vocês duas. Adoro trabalhar com vocês. E tô muito feliz e muito grateful de estar aqui fazendo podcast com vocês duas. Obrigada. Eu amei participar. Eu também amei. Adorei. Então, pra finalizar, fiquem de olho aí no Insta da Golbrasa e no site e nas redes sociais, porque tem sempre eventos novos vindo. Tá chegando aí o Brasa em Casa, que vai ser uma conferência em São Paulo. Não lembro os dias agora. Mas fiquem de olho nas redes sociais. Alguém sabe esses dias da Brasa em Casa? Eu acho que é dia 13 de julho. 13 de julho. Lá em São Paulo. Pra te conectar com esse teu sonho de morar fora. Independente de que país você esteja, você não tá sozinho. Existe muita rede de apoio, muitas comunidades brasileiras. E sempre tem uma solução pra qualquer problema e dificuldade que você estiver passando no exterior. Tá bom? Espero que esse podcast tenha melhorado um pouquinho do seu dia, tenha tirado as suas dúvidas. E a gente vai estar aí também. Segue a gente no Insta. Qual que é o Insta de vocês, guris? O meu é so.rl que aparece mais um código. Mas se você for lá no Instagram da Brasa, deve ter alguma coisa minha lá. E o meu é largolart. L-A-R-A golart com termo no final. Eu acho que vou botar isso na descrição do podcast. É mais fácil, né? O meu é arrobaisabelymch. Mas eu vou botar tudo na descrição do podcast. Gente, muito obrigada por estarem aqui. Muito bom ter vocês aí nos escutando e ter vocês duas aqui comigo também, viu? Vamos encerrar aqui então. Beijocas, gente. Até o próximo podcast. Tchau! Obrigada!

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