Home Page
cover of episódio final
episódio final

episódio final

Abertamente

0 followers

00:00-27:54

Nothing to say, yet

Podcastspeechthroat clearingcoughinsidesmall room
73
Plays
0
Shares

Audio hosting, extended storage and much more

AI Mastering

Transcription

This podcast episode discusses the impact of relational dynamics between parents and children on mental health. The guest, Maria Kahn, focuses on the transgenerational effects of adverse childhood experiences and how they affect the relationships of the next generation. These experiences, such as abuse or divorce, have a lasting impact on psychological functioning. The study aims to understand why these patterns of trauma are perpetuated and how they can be interrupted. Individuals who have experienced childhood abuse may struggle with trust, have difficulty forming healthy relationships, and have low self-esteem. They may also have difficulty communicating and resolving conflicts. Overall, childhood experiences greatly influence adult relationships and mental well-being. Olá a todos, sou a Francisca e bem-vindos ao podcast Abertamente. Esta é uma iniciativa do Departamento de Saúde Mental da Associação Académica de Direito que visa dar a conhecer temas que consideramos importantes sobre a saúde mental. Hoje vamos falar sobre o tema o impacto das dinâmicas relacionais entre pais e filhos e para isso trouxemos a nossa convidada Maria Kahn que se licenciou pela Universidade do Algarve e fez o mestrado no ISPA com o qual concluiu a sua tese com os acertos valores e cujo tema foi transgeneracionalidade das experiências adversas na infância e o impacto nas dinâmicas relacionais dos filhos. Olá Maria, bem-vinda. Olá Francisca, antes de mais querer agradecer o convite, eu gosto de convite para falar desse tema que é um tema que me é muito querido e que gosto muito. Que bom. Ok, então, eu tenho já a primeira pergunta que é porquê escolheste este tema? Então, porquê este tema? Então, eu logo quando escolhi o tema da tese já estava muito empinada por este tema mas há muita informação sobre este tema e eu estava um bocado a navegar na line-up, como tu dizes mas eu sabia que era isto que eu queria e era isto que eu ia levar até o fim. Eu gostaria de me entregar este tema, a transgeneracionalidade das experiências adversas na infância. Para já que vou definir as experiências adversas, eu acho que é bom que elas perceberem mais ou menos. Então, as experiências adversas na infância são definidas como a exposição a eventos estressantes nos quais a criança não tem ferramenta de realidade. Estas experiências podem ser abuso físico, abuso sexual, violência parental, divórcio dos pais exposição a drogas, entre outras. E estas experiências têm um impacto duradouro no funcionamento psicológico enquanto adultos. E eu achei interessante estudar as dinâmicas relacionais dos filhos que tocam estas experiências para perceber que nestas relações já existem indícios de que esta relação também não será assim tão saudável. Estes filhos já estão a colocar nesta relação coisas que proxeram das suas experiências passadas. E aqui é a parte da transgeneracionalidade que é a parte que mais me intriga e que foi a parte que eu quis levar à avento neste estudo que acabava por ter muito mais resultado que se fosse um estudo longitudinal. Mas eu não a mesmo quis fazer, assim. E foi perceber como é que um pai ou uma mãe que toca experiências adversas na infância tenta passar por estas experiências sabendo exatamente o que é que elas impactam, o que é que eles sofreram com elas enquanto adultos já tem a terminar a interferência dos filhos. Porquê que isto acontece? Será consciente? Será inconsciente? Porquê que há esta perpetuação do trauma? Pois existem filhos também enquanto adultos. E a minha pergunta é, mas como é que isto acaba? Como é que se interrompe o princípio? Quem é que interrompe o princípio? Como é que se faz? Isto é que pegar aqui nas relações nos ia dar muitas luzes de como é que as coisas começam. Portanto, foi um bocado um freio. Ok, acho que sim. Agora, eu queria perceber também de que forma é que uma pessoa com estas experiências é afetada no seu dia-a-dia, nas relações, mesmo na sua família, no efeito familiar, como é que as coisas funcionam? Então, uma pessoa que foi vítima de maus-tratos na infância pode experimentar uma série de impactos nas suas relações interpessoais. E estes impactos realmente são duradores e muito complexos. Porque estas experiências trazem uma série de... Ai, de... Foda-se! É que eu agora também tive um problema. É que a minha lente, tipo, ia ver o que estava acontecendo. E eu estava a conseguir ler a minha pergunta. Portanto, se calhar, cortávamos isto tudo. Quem está a ver isto, corta isto tudo. Eu volto a fazer a pergunta. Para eu conseguir ler a pergunta. Que eu inventei agora. Que eu não estava a ver. Foda-se! Provisão nacional. Ok. Ok. Posso? Posso. Ok. Agora, outra pergunta que eu tenho é como é que uma pessoa que tem estas experiências adversas na infância de que forma é que isto afeta no futuro e nas relações que se estabelece com outras pessoas? Ok. Uma criança que foi vítima de maus-tratos na infância vai ter sempre um pacotado no futuro. E vai experimentar uma série de impactos, principalmente nas suas relações interpessoais. Que vão ser duradores e complexos. Um dos maiores impactos deve-se principalmente às consequências destas experiências. Que pode-se enumerar algumas. Mas, por exemplo, a dificuldade de confiança. Tu cresces num ambiente. Quando és criança, tu cresces num ambiente em que tu confias. Um ambiente seguro. Um ambiente para tu explorares, para tu brincares, para tu cresceres. E o que é que acontece? Tu não tiveste este ambiente. Tu não confias nas pessoas que cuidam de ti. Quando precisas de alguma coisa e não tiveste os teus cuidadores, os teus pais, para te socorrer nos teus pedidos, é alguma coisa que tu queres. Tu vais crescer e tu não vais confiar nas pessoas. Porque se as pessoas em quem tu devias confiar não te deram esse... Esse carinho? Exato. Não te deram esse terreno pautado, onde tu podes durar e confiar. Tu, quando cresces, tu acabas por criar uma relação de desconfiança com as pessoas à tua volta. Ou seja, tu acabas por ter medo de ser vulnerável. Porque, quando és criança, tu és o máximo vulnerável. E tu apenas queres alguém. Só queres respostas, só queres carinho. E, quando tu vê estas modificadas e negligenciadas, quando és criança, quando tu cresces, tu acabas por ter uma espécie de macaco. Tu achas que ninguém é sabido o que tu tem a dizer. Ou, simplesmente, tu não confias nas pessoas. Como se elas te fossem sempre parado. Depois, também, acabas por ter impacto nos padrões de relações que tu vais estabelecer. Acabas por ter mais estabilidade. Não é alinhado, não é? Mas estabelecer padrões de relacionamentos tóxicos, funcionais e tal. Porque tu vais replicar o que tu aprendeste na minha escola mundial. Quando és uma criança, tu és uma esposa. O teu cérebro absorve mais informação. Sim, no outro dia vimos tudo sobre isso. Tu saberás melhor que eu. Mas eu li que, até aos 7 anos, nós assimilamos toda a informação como factos. E não como opiniões, ou o que seja. Então, se os nossos pais nos disseram alguma coisa, nós assumimos como factos. Não precisamos esperar mais tarde e levarmos isso como um facto a nossa vida toda. Até nos apercebemos e crescemos e temos a maturidade suficiente para... Ok, se calhar não era bem acima disso, já nos afetou e já não há nada a fazer. Exato. Nós, quando somos crianças, nós absorvemos mesmo tudo. Nós só ouvimos, de repente, informação. Depois, no futuro, trabalharmos com ela. Mas, quando somos crianças, os nossos pais, nós temos muito aquela coisa. Nós fazemos os nossos super heróis. Eles é que nos mostram como é que isto funciona. Por isso, nós acabamos por replicar, nos nossos relacionamentos, aquilo que nós aprendemos na infância. E nós temos dois caminhos que podem acontecer. As pessoas que experimentam estas ciências. Tu ou podes se tornar a vítima, ou podes se tornar o agressor que fois a vítima porque tu cresceste no meio de um ambiente disfuncional. Tu achas aquilo normal. Por exemplo, agora numa relação... Dê-me um exemplo mais prático. Tens uma relação com o teu namorado. Acabaram de começar a namorar. Ele grita. Tu gritas. Sim, claro. O pai grita. O pai grita e a mãe grita. Exato. Aquilo é normal. Tu não vais dizer, olha, perai, tu não gritas assim. Tu estás a gritar assim. Então, esta relação, já vais escalar patamares. Não é normal uma relação escalar. Eu vou deixar que escalem as patamares. Porque tu vai perceber que aquilo não é aceitável. Aquilo é familiar para ti. A partir do momento que aquilo é familiar para ti, tu vais achar sempre escalar em vários pontos porque tu não consegues proteger-te se não tivesse ninguém que te proteja. Tu podes aceitar isso ou tu não podes aceitar isso. Ou o que é que pode acontecer? Podes se tornar tu o abusador que fois. Por replicar exatamente os meios. Os meios de confrontos. Exato. Ou exatamente por seres também uma pessoa extremamente insegura que precisa de impor à outra pessoa coisa ou desconfia constantemente do sentimento que a outra pessoa tem por ti porque são pessoas que, no fundo, por mais que morres em abusador, nessas pessoas, no fundo, são pessoas muito inseguras que acham que é impossível alguém gostar delas. Então, elas andam sempre para testar a outra pessoa. Sempre para testar a outra pessoa para ver se ela realmente tem sentimentos por elas. E é aqui como é que elas voltam insóplicas. É no teste, nos jogos. Como é que essa pessoa gosta de mim? Tu me faz não gostar disso. É mentira. Portanto, tu ou te tornas abusador ou te tornas vítima. Depois, também, é que estão na autoestima. Nós, como somos crianças, é quando nós construímos a nossa autoestima. E nós precisamos de constante validação. Nós aprendemos a amar e gostar de dar as mesmas palmas. Nós aprendemos a primeira palavra. Meu Deus, ela começou a dizer a primeira palavra. E se nós, nessas primeiras conquistas, se nós não tivermos ninguém que nos aplaude, que nos parabéns ou que isto te siga muito bem, tu acabas por não conseguir construir uma autoestima forte. Não tens realmente para ter uma personalidade forte. Acabas por ser mais frágil. E acabas por procurar essa validação nas outras pessoas. E quando acabas por ter que criar a primeira relação, tu precisas da validação externa daquela pessoa. Precisas daquela pessoa que te veja bonita. Precisas daquela pessoa que te valoriza toda a hora. E quando ela não o faz, as coisas não estão muito a oitenta. É porque já não gostam de mim. Porque eu já estou... Sim, é uma dependência emocional. Exatamente. Nós acabamos por precisar da outra pessoa a sabermos quem somos. Dependemos da outra pessoa a estarmos bem. Sim. Portanto, acho que isto das aprendizagens de infância tem mesmo um impacto muito grande. Sim. Outra coisa que eu também tinha a falar era a questão da dificuldade de comunicação e da resolução de conflitos. Porque a falta de modelos saudáveis de comunicação e da resolução de conflitos na infância pode prejudicar a capacidade que uma pessoa tem para se comunicar de forma equitificada e para resolver os problemas nos relacionamentos. Qual é a dificuldade de expressar as emoções, expressar as suas necessidades e entender também as necessidades dos outros. Um exemplo também mais tráfico que acabei também por estar a referir há bocado que é... Tu vês os teus pais a comunicar sempre ao direito. Sim. Ou vês o teu pai a dizer à sua mãe Olha, para a próxima fase do teu marido é relógio na defesa. Nunca mais faça mal. Sim. Tu começas a achar que a forma de resolver conflitos é ao ataque. Sim. É aos gritos. É na defensiva. Então, quando a pessoa vir à luta, tu és confrontado pelo teu parceiro ou por outra pessoa, tu, de vez em quando, ou vais gritar ou vais jogar como um ataque ou não vais saber reagir à política. E é muito complicado que tu estabeleces uma relação saudável porque as relações nunca são 100% feitas. E há sempre coisas que temos de falar. Uma coisa que eu não gostei, estava para aqui, e dizer, olha, Francisco, eu não gosto muito por isto. Porque é uma pessoa que gosta e fica... É logo uma acusação. Exato. Tipo, olha, desculpa, me derrotei. Desculpe-me, mas vou tentar. Uma pessoa que lutou por estas experiências vai virar aquilo para ela. Como é que achas que eu ataquei por isto? Vai sempre levar aquilo como um ataque, como uma desjustiça. Portanto, esta comunicação também... A comunicação é básica, na verdade. E acaba por ser muito prejudicada por pessoas que não tiveram as ferramentas certas para saber como é que se comunica. Estão a reproduzir as coisas que vivem na nossa casa, no nosso meio circundante. Sim. Ok. Depois, outra questão também, que já falámos um bocadinho sobre isso, mas consegues-me explicar melhor o conceito da regulação emocional? Claro que sim. A regulação emocional tem muito impacto por estas experiências adversas na infância, porque, normalmente, os indivíduos que experimentam estas experiências têm mais dificuldade de identificar, de preparar e de regular as suas próprias emoções. Ou seja, os indivíduos que experimentam estas experiências têm muita dificuldade em gerir as suas próprias emoções. Acontece alguma coisa. Mas não temos... As pessoas que passavam por estas experiências não têm bem os instrumentos... Os instrumentos corretos para saber gerir a situação. Portanto, eles usam uma. Ou eles... Estou-me a atrapalhar um bocado isto, não é? Pensava de começar esta diante, porque estava... Não encontrei logo. E elas devem entrar para o ensaio. Sim. Ok. Cortem esta. Cortem esta. Pausas. Nós temos pausas entre perguntas. Mas estava bom. Estava, estava. Estava bom. Estava bom. Só que eu perdi. Eu também estava meio perdida, porque eu estava a tentar olhar para o tempo. Eu não estava a perceber, mas está mesmo aqui em números grandes. E eu não estava a ver. Olha, três minutos. Nós temos interrompido, mas eu acho que está bom o tempo. Ok. Portanto, vamos voltar à pergunta. Pronto. Um, posso? Sim, sim, sim. Um, dois, três. Ok. Eu queria que falasse um bocadinho também sobre este conceito da regulação emocional, que você já falaste também, mas se me conseguisse explicar um bocadinho melhor. Ok. Então, a regulação, a regulação de emoções, para dar... Vou dizer o que é estigmatismo. A gente deve saber, não é? Sim. Pronto. Reflete-se à capacidade que uma pessoa tem de gerir e de controlar as suas próprias emoções em resposta a diferentes situações ou estímulos. Isso envolve capacidade de reconhecer, compreender e expressar emoções de uma forma saudável. Então, regular a nossa intensidade das respostas que damos. E estas dificuldades podem ter várias consequências nas relações... Nas nossas relações futuras. E pessoas que sofreram estas experiências acabam por sentir muito impacto nas relações, a nível da regulação emocional. Porque tu tens duas... Tu podes desenvolver estratégias de regulação emocional, duas estratégias de regulação emocional, e estás com alguma capacidade de adaptação ao meio social. Tens mais capacidade de... de interagir com o outro, de... a resposta que tu davas ao outro, a forma como tu ouves o outro. Acabas por ter muito isso. Gerir o que tu recebes do outro e a forma como tu lhe desolas isso. E pessoas que têm boas estratégias de regulação emocional estão nas relações muito melhor. Depois acabas também por ter um impacto na dinâmica das relações. Exatamente por isso. Por ter uma capacidade de ouvir e de responder e de reter muito maior. E as pessoas que sofreram esta experiência, o que é que acontece? Elas desenvolvem mecanismos de... de relação emocional desadaptativos. Ou seja, elas têm pouco controle sobre a expressão afetiva, têm mais dificuldades em termos pessoais, têm menos empatia, muito menos facilidade em se mocar de um lado ao outro, mais dificuldade na aceitação dos pares. Isto dando, assim, um exemplo mais prático para as pessoas perceberem. Por exemplo, estás-me a dizer uma coisa que eu não gostei. Se eu estivesse a tratar de uma relação emocional, vou-te dizer que o género... Ok. Ou seja, isto é que não podemos explicar porque é que não gostamos. Só para eu ter noção. Mas é coisa assim. Tenho empatia, consigo ficar no seu lugar, consigo absorver o que tu me dizes e responder de uma forma adaptada daquilo. Uma pessoa que tenha uma... uma relação emocional desadaptativa, ela nem vai conseguir ouvir o que o pessoal está-lhe a dizer. Então, é o caso do pessoal da idade de cá mesmo. Ela vai logo partir para... está para ter filhos, mas está-lhe a chegar a muito pequeno, vai logo porque ela não vai conseguir reter. O processo vai-lhe devolver de uma forma que não consigo resolver assim. Portanto, estas pessoas acabam a reter muito mais dificuldades do que as pessoas. Eu, na minha tese, até tenho algo, um esquema, que é mais experiência da besta da infância, traz mais problemas da relação emocional e mais problemas de relacionamento. Está tudo muito bem ligado, porque a relação de emoções está mesmo ligada às relações. É bem importante, na parte relacional, nós sabemos agir as nossas emoções e sabemos a resposta que vamos ao outro. Porque, acaso, pessoas muito temperamentais terá que ter uma dificuldade maior em ter relações. Há-se que... Há-se que restaurar essa formação. Sim, sim, sem dúvida. Outra coisa agora. É interessante na tese dela que ela fez um estudo transgeracional sobre este tema. E eu queria-te perguntar-te porquê achaste importante fazer este estudo e quais foram as conclusões que obteste com ele? Então, eu aceito e prefiro fazer este estudo exatamente por aquela razão que eu estava a dizer há bocado. Porque o que me intrigava aqui era exatamente... Porque parece um bocado... Como é que se diz? Parece um bocado paradoxal. Nós temos um pai ou uma mãe que sofreu esta experiência. Que chorou por estas experiências. Que viu a sua vida impactada por estas experiências. E, à primeira vista, o que se pensa é... Nunca é a vida justificada. É aquela frase. Aprendendo-se a não fazer. Mas porquê que há esta repetição do padrão? Porquê que, mesmo sendo impactado por estas experiências, eles vão fazer exatamente as mesmas coisas? Sim. E, pá, as conclusões que eu desliguei foram muito interessantes. E acabam por ser um bocado... Nós temos muita tendência de ouvir estas histórias e deslugar as pessoas, como é que elas fazem isso. Sim, sim, claro. Isto é um bocado... Uma pessoa é aquilo. Um bocado acontece ser. É o que ela aprendeu a ser. E estas pessoas, estes pais, maternalizam os comportamentos. Ou seja, eles foram vítimas de uma infância. E eles podem não reconhecer o abuso que sofreram. Também podem reconhecer o abuso que sofreram por ser maternalizado. E podem minimizar o informe. Mas também minimizam com os filhos. Exato. E por isso podem levar à reticão. Deixam fazer as coisas para os filhos. E também é muito aquela coisa. Eles não tiveram as coisas da infância. Eles vão ter que dizer. Quando eu tiver filho, vou fazer diferente. Quando chega a hora, nela dá. Como é que se faz? Como é que se dá amor? Como é que tu és bom pai se não tiveste um que fosse contigo? Sim, claro. Como é que comunicas bem? Como é que isto se faz? Não é assim tão fácil. Depois também a questão de falta de recursos e apoio. Muitos pais que foram vítimas de uma infância podem não ter tido acesso aos recursos ou a fortalecer o próprio trabalho. Podem nunca sequer ter gostado e também não haviam dado um treinamento. Exato. Eles podem nem ter percebido o impacto das coisas que viveram. E pronto. Isto limita um bocado as suas olhadas para quebrar este ciclo. Porque não têm a noção, às vezes. Depois, o impacto do trauma não resolve. Digo também que os pais ao reagirem, que é um bocado a questão da relação emocional, que estes pais, por terem trauma, podem reagir desproporcionalmente a situações que não envolviam a que há de reagir. Mas, como eles estão traumatizados, acabam por, depois, na prática, ter comportamentos que se calhar eles próprios não sabiam que iam ter. Porque eles têm trauma que nunca falaram que nunca fomos ouvir. E estes pais também podem tratar cada vez de forma mental, como a pressão, o stress post-traumático. Isto afeta, obviamente, a forma que eles têm de cuidar dos seus filhos. Depois é o terceiro ciclo, o familiar não reconhecido. Que é um ciclo de abuso, uma família que não é reconhecido, nem é confrontado. Por isso, estes padrões vão passar de geração em geração. É normal. Porque as pessoas não têm a noção que... Sim, o meu pai sempre fez isto. O meu avô sempre ensinou. E acabam por estar ali a passar padrões disfuncionais de coisas que não são corretas. Mas que as pessoas não têm noção. E então, como é que nós conseguimos terminar este ciclo? Porque parece um ciclo bastante vicioso. Passa da avô para o pai, do pai para o filho e irá continuamente no tempo. A minha questão... É óbvio que esta resposta é sempre um bocado óbvia, não é? Sim, claro. É contrapiede, obviamente. Este ciclo acaba contrapiede. E é, as pessoas também perceberem que precisam desta terapia. O ciclo acaba quando alguém tem noção das coisas que aconteceram em suicídio. Ok, eu quero falar disso, eu quero deitar isto para fora e perceber o que é que tem de estar lá a acontecer este tempo todo. Sim, também há um grande estigma quanto à saúde mental, porque também sinto que muitos desses ciclos ainda não terminaram e ainda muitas famílias não estão bem estruturadas por causa do estigma todo à volta da saúde mental. Sim, eu acho que era importante garantir um acesso universal a serviços de saúde mental de qualidade para ajudar as vítimas de abuso na infância a superar as suas doenças traumáticas e a devolver a realidade de relação emocional saudável. Isto inclui terapia individual, familiar ou grupo, mas acho que devia haver uma maior facilidade de acesso às vítimas de abuso e também acho que devia haver uma certa educação para a parentalidade que ajudassem os pais que passaram por estas coisas a ter mais... como é que eu ia dizer? a ter mais... sabe a salta? Corta! Não, mas é que não corta tudo, corta só esta parte. Esta parte. Mais empatia? Não sei. Ok. Investirem em programas de intervenção de prevenção primária que abordem as causas subjacentes ao abuso infantil, como a pobreza, a falta de acesso a serviços de saúde mental, de igualdade social e isto pode incluir políticas como o bem-estar das famílias, acessibilidade de saúde mental e a cor parental para dar algumas ferramentas a estas famílias para delaver a vulnerabilidade que merecem e conseguirem, no meio desse caos, conseguirem ainda... Pois sim, porque era o que eu estava a dizer, estes pais obviamente que se nunca tiveram esta empatia, este carinho em crianças, nunca vão conseguir ter um quiróquismo que nunca receberam. Nós não conseguimos alguma coisa e não sabemos o que é. E que a parte também que entra da intervenção precoce que é identificar e prevenir as pessoas do abuso infantil, porque muitas vezes nós não sabemos o que é que as pessoas estão a acontecer. E quanto mais cedo, melhor, porque quanto mais tempo intervimos, melhor. Melhor é o dano que estas pessoas sofrem, é mais possível mitigar os danos ao mal. E isto requer a implementação de políticas e programas de detecção precoce do trauma, do abuso e a prestação de apoio às famílias de risco. Acho que este é mesmo um tema que devia ganhar muita importância, porque para termos que não, isto não é boa pessoa. Tem que ter ideias de pessoas... Mesmo em cada família, seria aventar alguma desfuncionalidade. Claro, em cada família é que vai voltar uma... um paradoxo, de alguma forma, de educação, de estado, de tudo. A gente acaba sempre por ser educado pelos nossos pais. É que aquele estado de falar o pai, falar o filho é verdade, mas não tem que ter uma verdade absoluta, nós podemos sempre ser o que queremos ser. Podemos mudar esse cuidado. Se há coisas que nos falam mal os pais, que nós, quando crescimos, percebemos, ok, isto com os outros não foi assim, nós temos sempre a capacidade de mudar e de ser melhores, não é? Porque o meu pai foi assim, que eu vou ser essa pessoa. Nós podemos... É os dois caminhos. É aqui que a terapia entra e é muito importante, porque nós podemos usar a terapia para usar as coisas que nos aconteceram para termos melhores seres humanos e usar isto a nosso favor, a vez de sermos uma vítima da tarefa que causaste. É sempre possível melhorar. Sim. Ok. Obrigada, Maria. Obrigada por teres vindo. Não sei se queres acrescentar mais alguma coisa. Não, eu acho que já disse que não. Não teve alguma pergunta? Sim, eu acho que já estamos conhecidos. Acho que este tema é mesmo muito interessante, porque é um tema que qualquer pessoa se consegue rever nele. Nem que seja só um bocadinho. O mesmo que tu disseste do divórcio dos pais. Tenho a certeza que muita gente que está ao vivo tem os pais divorciados e que isso os transformou de alguma forma. E sem dúvida que as pessoas não podem ter este receio de pedir ajuda com estas inconveniências que têm e que este estigma tem de acabar, porque acontece a todos. Todas as famílias têm algum tipo de problema. E pronto, lá está. É acabar com este ciclo. Se os vossos pais faziam de uma certa forma o que é que está mal não repetido para os outros? É o mesmo que somos pessoas independentes, apesar de termos muita bagagem e também tem para isso. Somos pessoas independentes e temos sempre a capacidade de fazermos diferenças. Uma coisa nos afeta, por exemplo, o divórcio. Isto é normalizado hoje em dia, mas é uma coisa que nos afeta. Ter sempre a liberdade e a confiança de dizer ok, eu quero falar sobre o que é que fiz mal nesta fase da vida. Eu quero pedir ajuda. Portanto, a pessoa não ter vergonha do que está a sentir, mas tem de ter a capacidade de mandar cá para fora. Exato. Ok, obrigada, Maria Maria. Obrigada. Ok. Eu não consigo. Ok. Obrigada. Bem, isso. Obrigada por estar. Obrigada. Estou-me a cobrir-me o olho do azar. Eu não consigo. Pronto. Estamos por terminado o nosso podcast. Obrigada a todos os ouvintes. Obrigada a todos os ouvintes. Esperamos ver-vos numa próxima vez. Obrigada e até já. Agora o som da RFK. Ok. Deixa-me lá pensar. Ok. Obrigada a todos os ouvintes. Ok. Obrigada, Maria, mais uma vez e obrigada a todos os que nos ouviram e iremos ter mais episódios nas próximas semanas. Pronto. Acho que ficou muito rápido. Falei muito rápido ao meu pai. Não sei. Vamos ouvir ao meu pai.

Listen Next

Other Creators