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The city is spread out with few areas of buildings and mostly residential neighborhoods. There are still many informal communities without access to basic services like water and electricity. The biggest challenge is sewage management, as there is still a lot of progress to be made. The law prohibiting the regularization of water and electricity in these informal settlements was created during a period of high land invasions in Manaus. The government would rather leave the invasions as they are than remove people and face political backlash. Many neighborhoods in Manaus were built through land invasions, resulting in narrow streets and planning issues. Factors that could affect the image and reputation of the water and sewage company in the future include financial capacity, innovative solutions, and environmental considerations. The government has invested in improving sanitation, but more needs to be done. Universities in the region should focus more on environmental issues and condu A cidade é muito espalhada, a gente tem poucas regiões com prédios, bairros inteiros de casas e de unidades habitacionais de casas mesmo. Então, ainda existem muitas áreas irregulares de formação de comunidades na base da invasão, e essas pessoas vão ficando sem receber esse tratamento, até porque existe lei municipal para não regularizar água e energia nesses bairros formados a partir de invasão, aí isso demora um tempo. Então, você vai ter na cidade pessoas que ainda estão sem esse serviço de água e do outro, principalmente do outro. Mas eu acho que o desafio da água, hoje a gente tem, eu acho, 98%, 99% de cobertura de água. Agora, o esgoto eu acho que é o maior desafio mesmo, porque ainda precisa avançar muito. Agora, teve algumas pessoas que citaram essa história da invasão e citaram que essa lei é um contrassenso, ou seja, não se poder instalar nem luz elétrica nem ar. Como é que você vê, diante dessa experiência, como é que você enxerga isso? Isso não é um problema da empresa, né? Não, é um problema do município mesmo. Essa lei foi criada num período em que havia muita invasão em Manaus. Então, era até uma questão política. Quando, em ano pré-eleitoral, o número de invasões aumentava na cidade porque era mais difícil um político se dispor a retirar o pessoal das áreas invadidas do que regularizar. Então, eles acabavam botando panos quentes, deixavam a invasão aí, e depois o poder público tinha que dar um jeito porque começam as cobranças. O problema é assim, o pessoal invade e depois que está invadido aí começa a cobrar do poder público o asfalto, a rede de água, a rede de esgoto. E aí a gente tinha nessas invasões uma coisa terrível de gastos de energia elétrica e de água. Então, os bairros próximos, as pessoas que moravam mais próximos eram prejudicadas porque eles puxavam energia, aquela fiação de invasão, mesmo que você deve conhecer a imagem, muito aquela coisa, e a empresa não tinha como atender ali e acabavam os bairros próximos prejudicados porque o pessoal tinha que conseguir energia de algum lugar e ia buscando de qualquer jeito. Então, tinha muito isso. E aí, para tentar frear as invasões, é que eles criaram essa lei que proíbe a rejeitação. Era para dificultar a vida de quem decidia invadir as terras. Claro que é um contra-senso, concordo com você, porque a maioria das pessoas invade porque precisa de moradia e não tem moradia. O poder público não facilita. Não sou de necessidade. Não sou a favor de que tem que doar tudo para a população, mas o poder público tem o dever de facilitar. Financiando um financiamento mais justo para a população, que não seja o financiamento de bancos e urbanizando áreas para moradia. Então, os bairros de Manaus aqui, se você conhecer a realidade, muitos bairros, acho que 70% dos bairros de Manaus foram construídos na base da invasão. O bairro Compensa, por exemplo, a gente tinha Compensa 1, 2 e 3. Foram três grandes invasões e formou esse bairro da Compensa, que é um dos mais populosos hoje. O bairro Alvorada foi invasão. O São José, onde eu moro, foi uma área de invasão também. Uma parte do São José foi um prefeito que ainda é o último prefeito do regime militar que construiu, mas os outros a gente tem São José 2, 3 e 4. Os três e os quatro foram invasões. E aí tem outros bairros depois do São José, para a Zona Leste, que todos eles foram invasões. O bairro Soar, um bairro importante também, foi invasão. Então, muitos bairros de Manaus foram invasões. E aí você tem ruas estreitas, você tem um monte de problemas nesses bairros, porque não foram bairros planejados. Entendi. Eu quero te mostrar uma coisa. Deixa eu ver se eu acho ele aqui. Essa aqui é um pouco diferente do que eu uso. Ah, a gente sofre. Então, pensando em... Você está vendo aí, não é, Valmir? Estou vendo você ainda. Ainda não entrou? Agora sim. Entrou, não é? Então, pensando na EGE, nós dividimos fatores que podem afetar a imagem e a reputação deles em três grandes áreas. Fatores sociais, políticos e econômicos. E alguns itens. O que você diria, se você fosse, vamos dizer assim, olhar para a empresa dentro dessa realidade atual que você está vendo aí, que você veio me descrevendo, quais são os fatores, pelo menos um ou dois, que são os mais iminentes, que poderiam realmente afetar a imagem delas nos próximos 10 anos ou até cumprir o marco legal. Eles precisam olhar para isso com mais carinho, vamos dizer assim. Eu diria que, nos sociais, seriam a capacidade financeira e as soluções inovadoras. E a capacidade financeira, você está se referindo a que exatamente, Valmir? Àquilo que eu falei no início. O poder público tem contribuído muito para... Entendi. Para fazer investimentos nessa área, principalmente de esgotamento sanitário. A água também, o tratamento de água, foi metade praticamente do tratamento de água. Hoje foi investimento público. E a outra metade eles compraram e fizeram investimentos depois da compra, depois da concessão em 2000. Houve investimentos nesse sentido. Mas eu diria hoje que metade foi investimento público na água. No esgoto também tem se mostrado assim. O governo do estado fez a maior estação de tratamento de esgoto que existe na cidade de Manaus. Foi inaugurada no ano passado ou no ano retrasado, não estou lembrado direito, mas foi ano passado. E os empreendimentos que o governo tem feito, está fazendo um investimento grande de saneamento de um dos principais igarapés de Manaus, que é o Igarapé dos 40. Começou de uma comunidade e passa por pelo menos três bairros, eu acho, em Manaus. Esse investimento já tem também tratamento de esgoto, uma nova estação de tratamento de esgoto que foi incluído nesse projeto. E são investimentos que o poder público tem feito e que a concessionária não vai depois cobrir esses investimentos, ela vai fazer o distribuído. Ela atua com... Ela recebe a concessão também desse... Como é que chama isso? Desse patrimônio que é público, é passado para a concessionária para explorar o serviço cobrando da população. E as soluções inovadoras, o que você diz exatamente? Porque eu coloquei isso aí como uma perspectiva de futuro mesmo. Eu acho que essa questão ambiental está muito presente e vai ser cada vez mais necessária. Então, por exemplo, nós tivemos na cidade de Manaus alguns investimentos de tentar sanear igarapés, porque havia muita invasão sobre os igarapés aqui em Manaus. As pessoas construíam as casas sobre os igarapés. E aí o governo começou a fazer um trabalho em 2003, 2004. Eu estou falando de um governo que começou em 2003 e que criou um projeto que ele chamou de PROSAMIN, Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus. Até hoje esse programa ainda está bolando pelo governo, mudou de nome, alguma coisa assim, mas ainda é o programa de saneamento dos igarapés. Mas o que eles fizeram? Eles tiraram as casas de cima do igarapé, criaram caminhos no entorno dos igarapés, nas margens, próximo das margens, e concretaram o leito do igarapé. Isso, no futuro, com as grandes chuvas que a gente tem observado, ela pode fazer o que em Manaus a gente está vendo no Rio Grande do Sul. Então, está tudo concretado. Tem casos em que a pessoa ainda invadiu o leito do igarapé fazendo uma garagem para os carros dentro do igarapé. A gente até denunciou isso aqui no site. A Secretaria de Ambiente não tem força para retirar um negócio desse que depois vai represar a água ali. Você sabe que os igarapés, as margens deles, fizeram concreto nesse sentido. E aí o cara pega aqui e levantou a garagem assim, dentro do leito do igarapé, onde era para ser arborizado ali. Então, essa solução não é uma solução inovadora. O saneamento básico precisa de soluções mais ambientalmente corretas. Os projetos foram financiados pelo BID, ainda continuam sendo financiados pelo BID. A gente tem outras áreas do igarapé do Mindu, que é o principal igarapé que corta a cidade da Zona Leste até a Zona Oeste. Esse igarapé vem sendo tratado de forma muito elementar em algumas áreas da cidade, mas onde tem uma área na Zona Leste que foram retiradas todos os imóveis do entorno e fizeram uma área muito larga, deixaram para a vegetação crescer novamente. Então, é uma solução melhor, é uma solução mais inovadora e mais ambientalmente correta. Eu acho que é disso que eu estou falando quando falo. Principalmente no análise do saneamento. Agora, uma pergunta para você. Você sente que faltam... Algumas regiões me indicaram falta de capacitação técnica. Você acredita que isso tem aí? Falta também ou não? Eu não sei, porque hoje a capacitação técnica, você encontra um técnico em qualquer lugar do mundo. Se você quiser trazer, você traz. E eu acho que você não resolve essa questão formando técnicos de uma hora para a outra. É você trazer e procurar formar outros. Eu percebo, por exemplo, que as universidades aqui no estado e na região amazônica poderiam ter um olhar mais voltado para o meio ambiente. Muitas vezes não tem. Você tem ali uns cursos de mestrado e doutorado que, na verdade, só serve para dar diploma para quem está fazendo esses cursos, mas não tem estudos aprofundados sobre isso. Nós temos aqui o Instituto Nacional de Pesquisas Amazônia, o INPA, que tem uma história, mas a gente não vê resultado prático pesquisas que você depois transforma essas pesquisas em coisas que a população diga, pô, isso aqui foi um grande feito, foi o resultado de uma pesquisa do INPA. Você tem que ser muito limitado ali para o peixe, para algumas plantas, alguma coisa, mas não tem um projeto mais amplo de meio ambiente ambiental para as cidades. Tem alguma coisa, sim, mas eu acho que falta ousadia nas universidades. Interessante. Agora, Valmeira, não sei se tem... Para mim, eu cobri aqui no roteiro, se tem alguma coisa que eu não perguntei, mas você acha importante que também fique registrado, tanto para a EGE quanto para a concessionária, para o mesmo saneamento, para o governo? Tem mais alguma coisa que você acredita que seja importante vocês dizerem? Olha, eu acho que na área do saneamento a gente precisa olhar para Manaus com esse olhar mais voltado para o meio ambiente. Eu queria ainda um dia, não sei se vou ter tempo, acho que não, porque eu já tenho 55 anos, mas de ver os igarapés de Manaus voltarem a que eram antes. A gente teve até a década de 1970 igarapés como o Mindu, que eram usados como balneários. A gente tem fotos, tem imagens ainda. Eu ainda tomei muito banho no Igarapé do Mindu, numa região hoje que é só fezes. Então, é lixo e fezes o Igarapé do Mindu. Só a nascente do Mindu é que ainda é preservada, mas o resto todo foi poluído por esgoto. Então, o sonho seria a gente recuperar os igarapés, que é um investimento muito caro, precisaria tirar toda a população do entorno, ampliar a área de vegetação no entorno do Igarapé e retirar todo o esgoto, fazer tratamento de esgoto em toda a extensão. A gente está falando de 20 quilômetros de igarapés. Estou falando só do Mindu. Se você for contar o 40, que é outro grande igarapé que nasce na Zona Leste e vai até a Zona Sul, a gente tem ali pelo menos mais de 12 quilômetros de igarapé. Então, é muita coisa para você fazer. E tem outros igarapés menores. Esses são os principais igarapés, os igarapés mais extensos e mais importantes da cidade. Na cidade, no centro histórico de Manaus, a gente tem vários igarapés que foram aterrados para construir prédios. Esses aí não tem como recuperar, mas acho que os que ainda estão no céu aberto, cheios de esgoto e lixo, tem como recuperar. É um investimento caro, não é um investimento para um governo, é um investimento de Estado, um projeto de Estado que poderia ser iniciado. Tem agora, eu conversei recentemente com o secretário de Meio Ambiente da Prefeitura de Manaus, e eles estão trabalhando num projeto de recuperação do Mindu. É um projeto grandioso, precisa de muito dinheiro para financiar, mas o secretário me disse que vão começar a fazer, talvez a partir de 2025. Então, isso seria, por exemplo, um olhar que a empresa poderia ter, ou a concessionária que poderia ter? Eu acho que é um projeto que tem que envolver a concessionária, porque grande parte do esgoto de Manaus é jogado nos igarapés. Antigamente, a gente tinha áreas urbanizadas em Manaus e as pessoas construíam postos e tudo mais. As áreas de invasão não teve isso, eles foram jogando... Onde tinha um córrego, você canalizava o cano de esgoto lá de 100 milímetros para o igarapé, entendeu? Isso virou uma tradição em Manaus e é assim que foi feito ao longo da história. Então, em 30 anos, a gente perdeu praticamente todos os igarapés da cidade. Entendi. Tá certo. Bom, Valmir, é porque era isso que eu queria conversar contigo. Quero ser muito grata pela sua atenção, pela sua gentileza, desejar uma boa tarde, uma boa semana e tudo de bom para você. Ok, tudo de bom para vocês também. Abraço, obrigada. Legendas pela comunidade Amara.org

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