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In this video, the speaker discusses the similarities between the theories of Piaget and Godt regarding socialization and the development of intelligence. Piaget's stages of development, such as the sensorimotor stage for babies and the pre-operational stage for young children, are explained. The importance of meaningful and cooperative social exchanges is emphasized, and the difference between coercion and cooperation in interpersonal relationships is discussed. The author also explores the development of morality and ethics through the use of rules and stages. Olá! Tudo bem? Meu nome Ă© Juliana Garcia e esse Ă© o Intensivo PedagĂłgico. Hoje nĂłs conversaremos novamente sobre a Geva e Godt que valam teorias psicogenĂ©ticas em discussĂŁo. No vĂdeo de hoje abordaremos todos os conceitos que foram trazidos pelo autor Yves de la Taille e o foco, assim como no vĂdeo anterior, Ă© falar sobre a construção da inteligĂŞncia e tambĂ©m sobre a afetividade, sĂł que agora pela Ăłtica do Piaget. É muito comum nĂłs encontrarmos textos ou mesmo vĂdeos que vĂŁo falar sobre Piaget e Godt como se as duas teorias fossem percorridas por caminhos muito diferentes. A novidade desse livro Ă© justamente mostrar o que Ă© igual, o que Ă© similar e atĂ© complementar. E a primeira similaridade que nĂłs vamos conversar hoje Ă© sobre as trocas sociais, sobre as relações ou sobre a socialização em Piaget. NĂŁo se pode negar que desde o nascimento o desenvolvimento intelectual Ă© simultaneamente obra da sociedade e do indivĂduo. Dentro da nossa construção do conhecimento e do nosso desenvolvimento como seres humanos, nĂłs começamos uma jornada que inicia-se com o nosso nascimento e vai atĂ© a adolescĂŞncia, segundo Piaget. Como ele Ă© muito metĂłdico, ele vai organizando por faixa etária cada acontecimento que vai acontecer com cada um de nĂłs. No caso da primeira faixa etária que ele definiu Ă© a que acontece com os bebĂŞs, de 0 a 2 anos e ele vai nomear esse perĂodo da nossa histĂłria de estágio sensĂłrio-motor. SensĂłrio porque Ă© nele que nĂłs estamos aprendendo ou descobrindo todas as sensações e motor porque Ă© nesse estágio que nĂłs vamos aprender os movimentos, engatinhar, andar, tocar, descobrir tudo que está ao nosso redor. Primeiro que ele nĂŁo acredita que haja socialização antes da linguagem e nesse momento a gente ainda está aprendendo a falar. É por isso que aqui ele considera abusivo falar em real socialização da inteligĂŞncia. Essa Ă© essencialmente individual, pouco ou nada, devendo Ă s trocas sociais. Essa frase pode parecer estranha no contexto da sociedade atual em que as crianças estĂŁo presentes em diversos momentos do que nĂłs chamamos de socialização, mas aqui está a pegadinha. É muito importante a gente entender o que Ă© socialização para o Piaget e socialização para ele nĂŁo Ă© aglomerar, por exemplo, e sim fazer trocas significativas, coerentes e cooperativas de pensamentos, ideias e informações. É entrar em contato com vocĂŞ, passar todas as minhas opiniões e ideias e ouvir as suas ideias, mesmo que a gente pense muito diferente. E lembre que essa conversa, essa troca, essa socialização será feita sempre com muito respeito. O segundo estágio, que sĂŁo das crianças pequenas, que ocorre dos dois aos sete anos, o autor vai chamar de prĂ©-operatĂłrio, que Ă© um prĂ©-evento, algo que antecipa ou que garantia um desenvolvimento maior. Aqui já aparece a linguagem, entĂŁo automaticamente tambĂ©m começa a socialização, mas nĂŁo Ă© uma socialização efetiva da inteligĂŞncia. Existem alguns fatores que podem impossibilitar essa socialização da inteligĂŞncia. O primeiro deles Ă© o pensamento egocĂŞntrico, que Ă© um padrĂŁo muito recorrente em crianças pequenas, que Ă© mesmo a ideia de eu estar no centro do mundo. O segundo fator que pode impossibilitar essa socialização da inteligĂŞncia Ă© a incapacidade de aderir a uma escala comum de referĂŞncia, condição que Ă© necessário verdadeiro diálogo. Se eu nĂŁo tenho referĂŞncia, se eu nĂŁo tenho repertĂłrio, se eu nĂŁo tenho informações para manter um diálogo, para manter uma troca, isso tambĂ©m vai dificultar, vai impossibilitar. EntĂŁo esses fatores dificultam essa socialização. O autor tambĂ©m vai falar em uma incoerĂŞncia que acontece nesse perĂodo, ou seja, em um momento ela pode utilizar um argumento e logo em seguida ela retoma um outro ponto de vista ou ela mesmo contraria sua informação. O autor tambĂ©m vai falar sobre operações mentais que ocorrem nesse momento. E o ponto-chave, ou o que ele destaca nesse texto, Ă© a reversibilidade, ou seja, a capacidade de pensar simultaneamente o estado inicial e o estado final de alguma transformação efetuada sobre os objetos. O prĂłximo estágio, o terceiro estágio, Ă© o que acontece com as crianças um pouco maiores, elas vĂŁo do 7 aos 11 anos, que Ă© o estágio concreto finalmente. O autor vai defender que todo o desenvolvimento cognitivo, o raciocĂnio desse perĂodo, permitem Ă inteligĂŞncia chegar Ă coerĂŞncia, Ă objetividade, mas tanto a busca do conhecimento quanto da coerĂŞncia nĂŁo representam necessidades que se poderiam atribuir a um indivĂduo isolado, sĂŁo antes de mais nada necessidades decorrentes da vida social. EntĂŁo nesse momento a criança ainda faz escolhas e tambĂ©m age no seu meio a partir de necessidades, a partir de fatos concretos daquilo que está acontecendo na sua vida. O que ele vai falar aqui? Que a socialização aqui ela já ocorre, mas ainda ela continua sendo precária. E nesse momento o foco do livro vai se recair sobre as relações, as trocas interpessoais, que o Piaget vai chamar de interindividuais, entre os indivĂduos. EntĂŁo esse inĂcio de socialização, que Ă© uma socialização da inteligĂŞncia, porque primeiro eu me desenvolvo biologicamente e depois eu expresso por meio da linguagem externamente, para fazer as trocas com as pessoas que estĂŁo ao meu redor, elas podem ocorrer de duas formas. E dependendo da forma que eu escolher fazer essa troca com a criança, por exemplo, eu terei dois tipos de resultados diferentes. E Ă© sobre isso que a gente vai começar a conversar agora. O primeiro modelo, a primeira forma de fazer essa relação interindividual Ă© pela coação. Ou conhecido, eu falo e vocĂŞ ouve, eu mando e vocĂŞ obedece. Segundo o autor, esse tipo de relacionamento, esse tipo de troca, na verdade de troca nĂŁo tem nada. Ou seja, ele vai falar que existe um baixo nĂvel de socialização, afinal de contas eu falo e eu imponho, e vocĂŞ nĂŁo pode conversar, ou vocĂŞ nĂŁo pode ter opiniĂŁo prĂłpria. Ele tambĂ©m vai falar que nĂŁo vai possibilitar, ou vai impossibilitar as construções mentais, ou operações mentais. Isso porque se vocĂŞ sĂł pode fazer o que eu defini, o que eu pensei, nĂŁo será exigido de vocĂŞ nenhuma reflexĂŁo. Em outras palavras, eu impossibilito que vocĂŞ desenvolva o seu raciocĂnio, eu impeço que vocĂŞ aprenda a refletir sobre os assuntos. O autor vai falar aqui que o respeito, ele Ă© unilateral, ou seja, vocĂŞ precisa me respeitar, mas eu nĂŁo preciso te respeitar. O outro modelo, a outra forma de eu atuar com as crianças ou com as pessoas Ă© por meio da cooperação. Isso porque ele vai defender nĂŁo a assimetria, a diferença nas comunicações ou no diálogo, na socialização, e sim a assimetria. Ele vai falar em controle mĂştuo de argumentos, todas as pessoas devem contribuir, devem participar da argumentação para que todas as pessoas possam desenvolver essa habilidade. E Ă© por isso tambĂ©m que ele vai falar que na cooperação, aĂ sim, nĂłs vamos ter um alto nĂvel de socialização, um nĂvel de troca muito significativo da inteligĂŞncia, dos conhecimentos, das construções lĂłgicas. AlĂ©m disso, ele vai falar que a cooperação nĂŁo Ă© algo prático, parado, ou o que eu disse está dito. A cooperação, ao contrário, ela Ă© mĂłvel, formal e nĂŁo material. Quando eu discuto e procuro sinceramente compreender outrem, comprometo-me nĂŁo somente a nĂŁo me contradizer, a nĂŁo jogar com as palavras, mas ainda me comprometo a entrar numa sĂ©rie indefinida de pontos de vista que nĂŁo sĂŁo os meus. Mas tambĂ©m Ă© importante a gente saber que, apesar dele relatar a diferença entre coação e cooperação, o autor nĂŁo vai ser totalmente contrário Ă coação. Ele vai dizer que ela Ă© natural nos primeiros anos da criança. Ele cita que Ă© uma fase muito importante, essencial da formação da criança. No entanto, se nĂłs continuarmos somente na coação, esse desenvolvimento cognitivo, esse desenvolvimento do pensamento, da inteligĂŞncia, ela nĂŁo vai ocorrer. Aliás, Ă© aqui que existe uma diferença entre o Piaget e o Durkheim, que Ă© um ator que o Piaget vai utilizar bastante em sua teoria. O Durkheim, ele vai defender sempre a coação, em qualquer momento, a imposição. E o Piaget vai utilizar exatamente essa ideia, de que Ă© importante, sim, nessa fase inicial da vida, mas ela nĂŁo Ă© suficiente para ajudar a criança a desenvolver todas as suas capacidades, toda a sua inteligĂŞncia. O autor tambĂ©m vai dizer que algumas coisas podem ser configuradas como coação, mas isso vai ocorrer da seguinte maneira. Se eu sigo a tradição cegamente, sem refletir, sem verificar se aquilo faz sentido nos dias de hoje e, principalmente, se eu faço todos os ritos de uma tradição sem refletir, porque, afinal de contas, as coisas sempre foram assim. Aliás, vocĂŞ costuma repetir muito essa frase? EntĂŁo, Ă© bem importante eu mencionar que a cooperação, ela nĂŁo Ă© algo inata e ela nĂŁo está relacionada com a minha inteligĂŞncia. Eu posso compreender, saber que a cooperação existe, mas decidir nĂŁo ser uma pessoa cooperativa, ser uma pessoa autoritária ou mesmo tirana. Podemos, perfeitamente, conceber que alguĂ©m com todas as condições intelectuais para ser cooperativo, resolva nĂŁo ser, porque o poder da coação lhe interessa de alguma forma. Esses dois conhecimentos, a coação e a cooperação, ele Ă© um fundamento bastante importante para a gente entrar nesse assunto que a gente vai entrar agora, que Ă© o desenvolvimento da moral ou da Ă©tica. Segundo Piaget, toda moral consiste num sistema de regras e a essĂŞncia de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o indivĂduo adquire por tais regras. A utilização do jogo de regras Ă© importante porque o autor vai utilizar exatamente jogos de regras para elaborar essa sua teoria. Aqui o autor tambĂ©m vai utilizar a ideia de estágios, de momentos, de fases, mas os momentos de agora sĂŁo diferentes ou a faixa etária Ă© diferente. Em outras palavras, ele vai dividir em trĂŞs momentos esse desenvolvimento em cada um de nĂłs desse conhecimento ou desse comportamento moral e Ă©tico. A primeira fase ocorre do zero aos seis anos, da criança pequena. Aqui o autor vai falar que nĂŁo existe regras ainda, a gente nĂŁo segue uma ordem, a gente nĂŁo segue um conceito moral. É por isso que o nome que ele decidiu colocar nesse perĂodo Ă© anomia, a de negação, nĂŁo, anomia de regra. O autor atĂ© vai mencionar que as crianças podem participar nesse perĂodo de jogos coletivos, no entanto o comportamento aqui ele nĂŁo está relacionado ainda com socialização e nem com observação de regras e tambĂ©m combinados. E o brinco do zero aos seis anos Ă© ainda muito centrado em mim mesmo. A segunda fase para o autor ela vai ocorrer entre 9 e 10 anos em mĂ©dia e ele vai chamar de heteronomia. A ideia aqui Ă© que eu vou começar a entender os jogos, tambĂ©m vou entender que as coisas possuem regras, mas as regras nunca serĂŁo as minhas, eu seguirei somente a regra de outras pessoas. E tambĂ©m aqui uma inflexibilidade do pensamento. As crianças elas nĂŁo vĂŁo aceitar uma flexibilidade da regra ou mesmo uma conversa em que a gente possa determinar outras fases ou outras flexibilizações do jogo. Isso porque para ele a tradição ou que foi decidido Ă© imutável, Ă© sagrado e eu nĂŁo posso ser o legislador, eu nĂŁo posso alterar as regras do jogo. Lembre-se da frase, sempre foi assim. Vale dizer que a criança dessa fase nĂŁo concebe tais regras como um contrato firmado entre jogadores, mas sim como algo sagrado e imutável, pois imposto pela tradição. E a fortiori nĂŁo concebe a si mesmo como possĂvel legisladora, ou seja, como possĂvel legisladora de regras que possam ser por mĂştuo acordo legitimadas coletivamente. Uma informação muito importante quando a gente fala sobre o desenvolvimento da moral segundo Piaget Ă© que o autor definiu as faixas etárias. EntĂŁo do 0 a 6 anos, aqui nĂłs estamos falando de 9 a 10 anos, e a Ăşltima faixa etária a gente chegaria Ă autonomia, que Ă© o pensamento mais diretamente relacionado Ă forma de enxergar do adulto. No entanto o autor vai mencionar que o pensamento autĂ´nomo, ou essa pessoa que vai conseguir pensar em regras prĂłprias, ela Ă© rara. É muito comum nĂłs nos percebermos como pessoas dentro da heteronomia moral, ou percebermos que as pessoas que estĂŁo ao nosso redor ainda estĂŁo na heteronomia moral. Vou dar um exemplo. Pode ser que em algum momento vocĂŞ teve contato com uma empresa em que havia uma determinada situação onde vocĂŞ e a outra parte tinham que negociar. No entanto, a informação que vocĂŞ trazia para essa empresa era muito nova e o funcionário nĂŁo achava uma possibilidade de resolução em nenhum documento. E Ă© nesse momento que essa pessoa paralisa, porque ela sĂł sabe, ela sĂł aprendeu a seguir o que está escrito, o que foi imposto, o que já foi definido por outra pessoa. Ele nĂŁo sabe pensar em novas regras para o jogo. Outra forma de nĂłs reconhecermos dentro dessa heteronomia Ă© pensarmos em todos os momentos em que nĂłs tĂnhamos que fazer uma decisĂŁo muito grande e nĂłs nĂŁo sabĂamos como realizar. E nesse momento a nossa Ăşnica vontade era de ligar para a mĂŁe, para o pai ou para qualquer outro adulto para ele falar para gente qual Ă© o caminho que a gente deve seguir. Mas vamos entĂŁo Ă autonomia, que Ă© o que a gente busca tanto em casa, na formação das crianças, quanto tambĂ©m o objetivo da escola, fazer com que as crianças sejam autĂ´nomas. Segundo o autor, aqui na autonomia, no Ăşltimo estágio, o respeito pelas regras Ă© compreendido como decorrente de mĂşltiplos acordos entre os jogadores, cada um reconhecendo a si prĂłprio como possĂvel legislador, ou seja, criador de novas regras que serĂŁo submetidas Ă associação e aceitação dos outros. Ainda sobre a autonomia moral, o autor vai citar que o herĂłi piagetiano Ă©, portanto, aquele que pode dizer nĂŁo quando o resto da sociedade, possĂvel refĂ©m das tradições, diz sim, contanto que esse nĂŁo seja fruto dessa demarche intelectual ativa, e nĂŁo apenas decorrĂŞncia de um ingĂŞnuo espĂrito de contradição. EntĂŁo eu verifico os fatos que estĂŁo ocorrendo ao meu redor, utilizo a razĂŁo para verificar se eu vou seguir a tradição ou se nĂŁo, se Ă© algo que vale a pena eu refletir e tomar as minhas prĂłprias decisões. Lembrando que isso tem que ser feito dessa forma, refletida, a partir da identificação de algo que nĂŁo faz mais sentido, e nĂŁo somente para ser a pessoa do contra. Enfim, na heteronomia, o dever determina o bem, Ă© bom, o que Ă© conforme as regras aprendidas. Na autonomia, o bem determina o dever, deve-se agir de determinada forma, porque Ă© bom. Para Piaget, somente as relações de cooperação possibilitam tal evolução. EntĂŁo veja, na coação, eu já estou preparando as pessoas ou as crianças para ficarem estagnadas na heteronomia, porque eu nĂŁo vou possibilitar ela o desenvolvimento desse raciocĂnio, de rever os conceitos, de pensar em novas formas. Enquanto isso, a cooperação me possibilita chegar atĂ© a autonomia. É por isso que muitos adultos nĂŁo chegam na autonomia, porque nĂłs vivemos durante grande parte da nossa vida apenas dizendo sim e repetindo padrões que sem nunca ter a chance de revĂŞ-los ou pensar em novas formas de agir. Agora existem outros termos ainda relacionados a esse assunto que Ă© importante a gente ter em mente, principalmente se a gente vai fazer prova. O primeiro deles Ă© o termo realismo moral, que Ă© o que vai acontecer dentro da heteronomia, o que tem relação com a heteronomia. O autor vai trazer as caracterĂsticas desse realismo moral e eu vou ler rapidamente para vocĂŞ. 1. É considerado bom todo ato que revela uma obediĂŞncia Ă s regras ou aos adultos que as impuseram. 2. É ao pĂ© da letra e nĂŁo no seu espĂrito que as regras sĂŁo interpretadas. 3. Há uma concepção objetiva da responsabilidade, ou seja, julga-se pelas consequĂŞncias dos atos e nĂŁo pela intencionalidade daqueles que agiram. Um exemplo que o autor vai trazer sobre esse fato Ă© de uma criança que quebrou 10 copos sem querer e de uma criança que quebrou um copo querendo. Se vocĂŞ perguntar para uma criança nessa faixa etária, o que está na heteronomia, quem cometeu o maior equĂvoco, ela vai falar que foi a criança que quebrou 10 copos, mesmo que ela nĂŁo tenha o objetivo de fazer isso, porque na cabeça da criança quem cometeu o maior equĂvoco deve ser mais responsabilizado. Ainda sobre essa ideia de responsabilização ou dessas reflexões que nĂłs fazemos sobre o que Ă© e o que nĂŁo Ă© Ă©tico, o autor vai trazer mais dois termos muito interessantes. O primeiro que ele vai utilizar Ă© o termo justiça imanente, que no nosso dia a dia apareceria como dar Ă pessoa o que ela merece. Quase sempre vem junto com alguma coisa que demonstra a necessidade ou a vontade de castigar, punir ou trazer qualquer consequĂŞncia para essa pessoa que errou. Todo crime será inelutavelmente castigado, mesmo que seja por forças da natureza. Eis a ideia da justiça imanente. O segundo conceito Ă© justiça retributiva, que aqui tem a ideia de como eu vou retribuir ou como essa pessoa será responsabilizada por aquilo que ela O autor vai falar que existem duas formas de a gente pensar nessa retribuição. A primeira se chama expiatĂłria. E aqui o castigo nĂŁo vai ter relação com o meu dano. Vou dar um exemplo. Uma criança que em vez de estudar foi jogar videogame, quando descoberto a mĂŁe proibiu ele de fazer uma viagem. EntĂŁo o dano que ele causou, a mentira, o engano estava relacionado ao videogame e o que foi retirado Ă© uma viagem. EntĂŁo a expiatĂłria Ă© sempre assim. Ela nĂŁo tem conexĂŁo. O outro conceito, a outra justiça retributiva se chama reciprocidade, que nĂłs podemos entender como consequĂŞncias dos nossos atos. VocĂŞ vai perceber aqui que ele tem um enfoque mais educativo. EntĂŁo a retribuição primeiramente vai estar relacionada com o que eu pratiquei. Vamos voltar ao primeiro exemplo do videogame. A criança tinha que estudar, mas ela foi jogar videogame. Neste caso, eu vou retirar da criança o videogame por uma semana e vou justificar, eu vou explicar. NĂłs tĂnhamos um combinado, vocĂŞ demonstrou que nĂŁo consegue cumprir o seu combinado. Como vocĂŞ nĂŁo tem disciplina para os estudos, eu vou retirar o videogame atĂ© que vocĂŞ conclua as suas atividades. Esse tipo de ação, ele consegue me trazer essa aprendizagem de que meus atos tĂŞm consequĂŞncias, mas a palavra que o autor vai utilizar Ă© reciprocidade. Inclusive, a gente já falou sobre isso aqui, sobre o desenvolvimento da moralidade infantil, em um outro texto que eu tambĂ©m vou deixar nos cards e na descrição. Outra informação importante que o autor traz aqui Ă© que quanto menor for a criança, mais ela quer a punição expiatĂłria. Mas ela quer o castigo, ou deixar sem brincar, ou ficar sem ir no recreio. E quanto maior for a criança, mais ela vai defender a reciprocidade, essa punição que Ă© educativa, em que eu já ensino a pessoa como Ă© viver em sociedade. Mas aqui vai de novo um alerta, o autor fala sim em crianças pequenas, mas se a gente mudar a linguagem e em vez de falar crianças pequenas, falar pessoas imaturas e ao invĂ©s de falar crianças maiores, utilizar o termo pessoas maduras, vocĂŞ vai perceber que a punição expiatĂłria e a punição de reciprocidade, ela faz parte da nossa vida, a vida dos adultos tambĂ©m. Basta lembrar de qualquer notĂcia sobre qualquer equĂvoco ou dano que foi realizado e ao verificar o comentário nas redes sociais, vocĂŞ vai verificar dois comportamentos. EntĂŁo vocĂŞ vai verificar as ideias de danos da pessoa, ter que reparar os danos que ela fez, dela ter responsabilidade ou ser responsabilizada pelas suas palavras, dela amenizar toda dor que ela cometeu, que ela proporcionou Ă s pessoas. E de um outro lado, vocĂŞ vai ver as pessoas defendendo morte, tortura, linchamento, cancelamento na internet e qualquer outra punição expiatĂłria. E por que isso acontece? Novamente, poucas pessoas vĂŁo chegar na autonomia. A maioria de nĂłs ainda está na heteronomia, entĂŁo esse tipo de julgamento ou essa necessidade de punição ainda Ă© muito forte. Sobre essa transição que ocorre entre a heteronomia para a autonomia, o autor tambĂ©m vai trazer uma outra informação bem importante, que Ă© a relação entre amor e medo. Segundo o Piaget, no inĂcio, quando nĂłs somos pequenos, nĂłs respeitamos o adulto porque nĂłs temos esse conjunto de sentimentos. NĂłs amamos muito, mas temos muito medo do adulto. No entanto, em algum momento, esse medo vai passar, a criança vai ficar mais corajosa. E o que vai fazer com que a criança continue respeitando o adulto será a necessidade de ser respeitado por esse adulto. Ele utiliza o termo nĂŁo decair sobre o olhar daquele adulto. EntĂŁo, ele ama aquele adulto, quer ser valorizado, e aĂ mesmo que nĂŁo haja medo, ele tem o respeito. E aqui eu lembro sempre de um pensamento que Ă© refletido por muitos pais, o de ter o respeito dos filhos pelo medo ou por ser uma pessoa especial na vida dele. É exatamente sobre isso que nĂłs estamos conversando desde o inĂcio. Se nĂłs queremos impor e fazer ele acontecer de forma violenta, ou nĂłs queremos que ele ocorra de uma forma cooperativa, a partir dessa afetividade, dessa relação que foi construĂda. Aliás, os autores vĂŁo mencionar que o problema que vai ocorrer nessa transição, na perda do medo da criança, Ă© se a minha relação nĂŁo for boa, se a criança nĂŁo sente necessidade de ser respeitada, ou se eu já nĂŁo respeito a criança. EntĂŁo, ela nĂŁo vai querer mesmo seguir as regras e os combinados que eu tiver com ela. Afinal de contas, ela nĂŁo vai ter o meu carinho independente dela fazer ou nĂŁo o que foi combinado. A afetividade Ă© comumente interpretada como uma energia, portanto como algo que impulsiona as ações. Para finalizar, existe um outro elemento que vai dizer pra gente o que Ă© um comportamento moral e o que nĂŁo Ă© um comportamento moral. E eu vou falar sobre isso a partir de um exemplo que aparece no livro. Se eu faço um bem alguĂ©m que eu gosto, que já faz parte do meu convĂvio, isso nĂŁo Ă© ter uma atitude moral. Afinal de contas, eu tenho interesse naquela ação, eu quero agradar aquela pessoa. O comportamento moral, ele vai ser identificado quando eu faço uma ação sim para uma pessoa que eu nĂŁo conheço, ou para uma pessoa que eu nĂŁo tenho nenhum tipo de afinidade. É aquela velha histĂłria, fazer o bem sem olhar a quem. Para finalizar, eu vou trazer para vocĂŞ um Ăşltimo pensamento que Ă© sobre o uso da razĂŁo, mas aqui eu vou usar o texto literal. É inegável o papel da razĂŁo nas condutas morais e individuais. Somente sua presença pode explicar porque certas pessoas, em determinados momentos, tomam decisões que contrariam a moral do grupo a que pertence ou se seguem contra autoridades atĂ© entĂŁo incontestadas. E acontece frequentemente de elas serem precursoras de certas ideias e condutoras que depois serĂŁo aceitas como corretas pelo resto da comunidade. E Ă© com essa relação entre a razĂŁo e a moral que a gente vai concluir esse vĂdeo. Ou ainda, sobre a necessidade de, diante dos fatos morais, a gente conseguir utilizar o cognitivo, o raciocĂnio e a razĂŁo, que Ă© uma ideia defendida pelo autor. E, por Ăşltimo, se esse vĂdeo foi Ăştil para vocĂŞ de alguma forma, por favor, deixe o seu like, dĂŞ um fideijo.