Home Page
cover of podcast - Machado está on
podcast - Machado está on

podcast - Machado está on

00:00-09:34

Nothing to say, yet

Audio hosting, extended storage and much more

AI Mastering

Transcription

In this podcast, Machado de Assis' short story "Teoria do Medalhão" is being discussed. The story explores the theme of appearance versus essence in society, highlighting the pressure to conform to societal standards. The characters debate the importance of values and principles versus the pursuit of success and social status. They reflect on how people often prioritize appearance over their own opinions and desires. The story serves as a critique of a society obsessed with appearances and the consequences of sacrificing one's true self for societal acceptance. The discussion concludes with a reminder not to be "medalhões," or people who prioritize appearances over authenticity. The story's message is still relevant today, as society continues to struggle with the tension between appearance and essence. Bom dia, hoje neste podcast Machado está on, estaremos tratando o conto Teoria do Medalhão de Machado de Assis, mas antes de começar o nosso debate, gostaria de ler um trecho do conto Teoria do Medalhão. Teoria do Medalhão de Machado de Assis Está com sono? Não senhor, nem eu, conversemos um pouco. Abra a janela. Que horas são? Onze. Saí o último convívio do nosso modesto jantar, com que meu peralta chegaste aos seus vinte e um anos. Há vinte e um anos, no dia 5 de abril de 1854, vinhas tu à luz, um pirralho de nada, e estás homem, longos bigodes e alguns namoros. Papai, não te ponhas com lenguices, e falemos como dois amigos sérios. Fecha aquela porta, vou dizer-te coisas importantes. Senta-te e conversemos. Vinte e um anos, algumas apódices, um diploma, podes entrar pro parlamento, na magistratura, na empresa, na lavoura, na indústria, no comércio, nas letras ou nas artes. Há infinitas carreiras diante de ti. Vinte e um anos, meu rapaz, formam apenas a primeira sílaba do nosso destino. Os mesmos Pit e Napoleão, apesar de precoces, não foram tudo aos vinte e um anos. Mas qualquer que seja a profissão da tua escolha, o meu desejo é que te faças grande e lustre, ou pelo menos notável, que te levantes acima da obscuridade de comum. A vida, Janjão, é uma enorme loteria. Os prêmios são poucos, e os malógrados inúmeros e os suspiros de uma geração é que se amassem as esperanças de outra. Isto é a vida. Não há panger, nem emprecar, mas aceitar as coisas integralmente com seus honos e percalços, glórias e desdouros, e ir por diante. Sim, senhor. Entretanto, assim como é de boa economia guardar um pão para a velhice, assim também é de boa prática social acautelar um ofício para a hipótese de que os outros falhem ou não indenizem suficialmente os esforços da nossa ambição. É isto o que te aconselho hoje, dia da tua maioridade. Creia que lhe agradeço, mas que ofício não me dirá. Nem me parece mais útil e cábio que o de medalhão. Ser medalhão foi o sonho da minha mocidade. Faltaram-me, porém, as instruções de um pai, e acabo, como vez, sem outra consolação e relevo moral, além das esperanças que deposito em ti. Ouve-me bem, meu querido filho. Ouve-me e entende. És moço, tens naturalmente o ardor, a exuberância, os improvisos da idade. Não os rejeites, mas modera-os de modo que os quarenta e cinco anos possas entrar francamente no regime do aprumo e do compasso. O sábio que disse, a gravidade é o mistério do corpo, definiu a compostura do medalhão. Não confunda essa gravidade com aquela outra que, embora, reside no aspecto. É um puro reflexo ou amanação do espírito. Essa é do corpo, tão somente do corpo, um sinal da natureza, ou um jeito da vida, quanto à idade de quarenta e cinco anos. Agora, junto comigo, quero convidar a Aluna Emble, da segunda série do Ensino Médio, para uma conversa acerca da temática Essência vs. Aparência, um debate a partir da leitura de um conto de Machado de Assis. Quero também saudar e convidar os meus amigos Guilherme e João Pedro para esse bate-papo e discutirmos junto essa problemática. Após vermos o trecho do conto Teoria do Medalhão, escrito no século XIX, me parece, Emble, um ponto muito atual. Quantos medalhões circulam pela nossa sociedade? Realmente, os conselhos do pai deixam evidente a sociedade de aparência em que o filho deveria ingressar para ter sucesso. Hoje, no século XXI, percebemos que temos uma sociedade que está dividida entre essência e aparência. E hoje, essa será o tema da nossa conversa. De acordo com a leitura do conto Teoria do Medalhão, o que vocês defendem? Hoje em dia, as pessoas preferem viver de aparência para se encaixarem no padrão da sociedade e acabam deixando o mais importante, que são os seus princípios e valores de lado, por muitas vezes por falta de conhecimento e opinião própria. Sim, Emble, concordo com você. E acho que as pessoas da nossa sociedade atual estão muito distantes na parte de defender sua própria opinião e sendo pessoas assim como Jean Jean foi, sem opiniões próprias e vivendo uma coisa escolhida por outra pessoa e escondendo suas vontades e desejos por se acomodarem naquilo ali e não buscar querer algo a mais. Bom dia. Obrigado pelo convite para estarem aqui hoje. Na minha opinião, aparência é tudo. Porque se a pessoa for de uma classe com uma alta renda, ela vai se vestir melhor e também terá uma aparência melhor, como é falado no trecho a seguir, a ponto de alcançarem esse gosto pela fama e o status da necessidade. No conto é falado que o pai do garoto não queria que ele se vestisse mal, pois se ele tivesse uma boa aparência poderia ter uma vida tranquila e saudável em meio à sociedade, assim esquecendo seus valores e se importando com a aparência. Ele deveria estar nos lugares certos, nas horas certas, em meio à alta sociedade, assim convivendo com a nobreza. Bom dia. No conto Teoria do Medalhão, o pai tem um desejo que seu filho fosse o que ele queria ser, mas não conseguiu. O conto reflete a hipocrisia ao senso comum usando um diálogo entre pai e filho como pano de fundo. O autor denuncia a âmbito social medíocre formado na burguesia do século XXI, destacando o estabelecimento do sucesso a qualquer preço. Ainda que haja a perda de veracidade das relações humanas, porém, se trouxermos a teoria para os nossos dias, perceberemos que a afirmativa ainda é verdadeira, mas máscaras sociais que são utilizadas com muita naturalidade por aqueles que almejam poder e ação a qualquer custo. Assim, Machado de Assis criticou a sociedade de aparências dos atalhos e as pessoas que falam palavras sem nem ao menos ter conhecimento do seu conteúdo. O conto me serviu para dar um conselho e um desabafo. Não sejamos medalhões. Sei que resumos, autoconfiança e alguns atalhos são essenciais na vida, mas se queremos realmente construir uma sociedade melhor, não podemos ser um enorme mar circo. Agora, no encerramento, gostaria de deixar a seguinte reflexão. E a reflexão que eu quero deixar para vocês hoje é para que não se deixem levar pelas aparências e viver em um mundo imaginário, onde você não deve expressar sua opinião apenas pelo medo do que as pessoas vão pensar. Nessa perspectiva, a teoria do medalhão traduz a lógica das aparências, rígida pelo princípio de aparentar ser, parecer ser sábio, parecer conhecer a filosofia da história, mas sem realmente ser e conhecer o que quer que seja. Nesse sentido, o ofício medalhão também não passa de um embuste. Gostaria agora de agradecer a presença de todos e também de dizer que não acabamos por aqui e que logo mais teremos mais coisas sobre outros contos para outra boa prova. Legendas pela comunidade Amara.org

Other Creators